Capitulo Dois

Ao me ver passando apressada Lidiane me aborda dizendo que estou atrasada, como se eu já não soubesse, ela perguntou o que aconteceu e apenas lhe digo que tive um final de semana infernal e que lhes contaria minhas desventuras no horário do almoço, minha amiga se mostrou muito curiosa e eu sabia que hoje seria a atração principal, Yan apareceu desesperado e olhei para ele tentando entender o motivo.

— Gata, onde você estava? O nosso novo chefinho chegou e já está se achando. Ele foi rude com a Veronica. Tinha que ver,a menina quase fez xixi nas calças, deu até pena – Joana chegou correndo parecendo que havia corrido uma maratona.

— Gente, andem logo, recebi uma mensagem da Luciana e ela disse que o cara está gritando mandando todos irem para a sala de reunião – Yan me olha e faz sinal de cabeça sendo degolada.

Pergunto a ele se as coisas já estão nesse nível e balança a cabeça fazendo sinal de positivo, Joana faz uma piada dizendo que o inferno de Dante nos aguardava e nossos amigos começam a rir, os acompanho, mas logo sinto uma dor de cabeça insuportável o que me fez desistir. 

Joana, Yan e eu nos despedimos de Lidi e mais uma vez marcamos de nos encontrar no almoço

— Onde você se meteu no final de semana? Tentei te ligar e nada, por um momento cheguei a pensar que você havia sido abduzida.

— Amigo, bem que eu gostaria mesmo, seria bem melhor ter vivido uma experiência extraterrestre do que viver esses dias. Preciso contar para vocês tudo o que aconteceu comigo, mas agora não vai dar tempo. Então, espere até a hora do almoço.

— Eu também preciso te contar sobre a minha noitada com o Sávio. – Ele diz sorrindo.

— Que bom que alguém se divertiu. – Digo seca.

— Hei, minha deusa do amor! Ainda não sei o que aconteceu, mas ficar desse jeito não faz nada bem para a pele e, no seu caso, para o seu apetite. Assim que soubermos o que aconteceu, vamos te mimar até você nos mandar pra casa do cara…

Antes que ele completasse a frase, a porta do elevador se abre e todos nos olham. Lanço um olhar fulminante em direção ao meu amigo e vou cumprimentando as pessoas que vejo ao longo do caminho. Tomamos nossos assentos e o cara que tenho certeza que é o nosso novo chefe está nos fuzilando. Quando olhei em seus olhos, tive certeza de que o conheço de algum lugar, só não sei de onde. Ele me encarava e sinto uma certa tensão. Nosso clima é quebrado pela voz do senhor Arturo.

— Esta é a nossa gerente comercial de propaganda, Isis Hernandez, e esse é nosso gerente de qualidade do produto, Yan Munhoz.

— Isis e Yan, da próxima vez que eu mandar vir para a sala de reuniões, eu espero que sejam os primeiros. Estamos entendidos? – Assentimos e, pedindo desculpa, meu amigo sussurrou a palavra "babaca" e eu confirmei balançando a cabeça.

— Filho, uma equipe muito talentosa e competente cada qual em suas funções, aqui somos como uma família e…

— Bom, pegando o gancho do meu pai, já quero deixar bem claro que a partir de hoje não terá esse negócio de "somos uma família". Eu vou ser o chefe e, como a pessoa que paga o salário de vocês, quero ver excelência. E também já quero deixar avisado que não tolero atrasos, brincadeiras em horário de expediente e também não será tolerado relacionamento íntimo entre funcionários, estamos entendidos? – observo ao meu redor e as pessoas estão meio que assustadas com a fala do nosso novo chefe.

— Mas e os que já namoram? – perguntou Priscila inquieta, pois ela namora um dos motoboys da empresa.

— O que vocês fizerem fora da empresa não é problema meu, mas aqui dentro vai ser do meu jeito. – Ele cruza os braços.

— Mais filho...

— Não, pai. A partir de hoje será do meu jeito ou rua. Todos entenderam? – Ele olha diretamente para mim e ergue a sobrancelha, e eu não entendo o motivo disso, já que não tenho nenhum envolvimento amoroso com ninguém daqui.

— Sim! Falamos todos em uníssono, como se estivéssemos na sala de aula sendo repreendidos pelo professor.

— Ótimo! Agora que estamos esclarecidos, voltem para os seus afazeres imediatamente. E mais uma coisinha: Evitem deixar trabalho acumulado, funcionário preguiçoso me irrita.

Todos saem da reunião cabisbaixos. Quem esse babaca pensa que é? Ele é o chefe, Isis! Meu subconsciente ralha comigo.

— Ele é pior do que falam — Idril disse assustada.

— Ele é pior que o cão chupando mariola — Emendou Lucas visivelmente irritado.

— Pessoal, acho melhor voltarmos aos nossos afazeres, pois se ele nos vir conversando é capaz de nos escorraçar e nos queimar em todas as firmas possíveis — Luana diz fazendo careta.

Rapidamente todos se dispersaram, fui para a minha sala e não levou meia hora para que minha secretária entrasse.

— Desculpa, Isis. Mas o senhor Sebastian lhe chama em sua sala nesse instante.

— O que o capeta-mor quer de mim? Obrigada Idril, já estou indo.

Idril é minha secretária e tem uma irmã gêmea chamada Indis. Elas são idênticas, lindas e simpáticas, o que não ajuda muito são esses nomes cafonas de elfas, mas quem sou eu pra falar de nomes cafona, não é? Que país, em pleno século XXI, registra a filha de Isis Hathor? Caminho em direção à sala presidencial e dou três batidas, uma mania que adquiri assistindo Sheldon Cooper e assim que escuto um resmungo entro.

— O senhor deseja me ver? — nossos olhos se encontram e ficamos nos encarando por alguns instantes. Ele desvia seu olhar quebrando o nosso contato visual.

— Não me chame de senhor já que não sou o meu pai, pode me chamar de você mesmo. – Ele diz seco e apático.

— Como quiser, senhor, há algo que possa fazer?

— Se não precisasse não a teria chamado.

Que cara escroto, reviro os olhos e ele me olhou com cara de poucos amigos.

— Revire os olhos mais uma vez pra mim e é rua! Não sou tão bonzinho como o meu pai. – Ele faz um gesto me indicando a cadeira.

Rezo aos céus para me dar calma e sabedoria, pois se me derem a força eu parto para cima dele e serei demitida. Reprimi a vontade de revirar os olhos mais uma vez, definitivamente o cara é maluco.

— Quero saber se você já criou o novo logotipo dos produtos anticaspa masculino?

— Estou em meio a um processo criativo. Creio que até a próxima segunda começaremos os testes.

— Você tem até quarta para me entregar o logotipo e até sexta para os produtos serem testados. E como está o comercial?

— Mas quarta é depois de amanhã, não terei tempo. – Ele me encarou por um breve momento e entrelaçou as mãos.

— Está dizendo não para o seu chefe? – ele ergueu a sobrancelha.

— Não foi bem assim, eu quis dizer que o prazo que me deu está curto, pois amanhã passarei o dia no estúdio gravando o comercial de cosmético para o dia das mães e...

— NÃO ME IMPORTA! – Ele grita e eu me desequilibro, quase caindo da cadeira. — Se eu disser para fazer algo, você diz “sim, senhor” e realiza imediatamente, entendeu? – Respiro fundo e engulo o que iria dizer, apenas afirmo.

Mais uma vez, ele olha nos meus olhos e sinto o medo tomar conta de mim. Por Zeus, meu novo chefe é maluco, pirado, louco, insano, e muitos outros adjetivos que usarei em outro momento. Não demonstro medo, Isis, que a força e sabedoria de Nete estejam comigo, digo a mim mesma, me encorajando.

— Como quiser, senhor Sebastian. Farei o possível para entregar tudo o que deseja dentro do prazo estipulado. – Tenho que aturar esse cara, não posso ser demitida nesse momento.

— Ok. Agora me deixe fazer uma pergunta: Como conseguiu uma função de suma importância tão rápido? – Ele me olha, esperando a resposta e tudo que quero é sair correndo dessa sala.

— Por talento. – Digo a ele.

— Duvido muito. – Ele me olha sugestivo e nessa hora não consigo manter a calma, me levanto batendo a mão na mesa.

— Olha aqui, você acabou de chegar, sei que é o novo chefe, mas nem você nem ninguém vai pôr em dúvida a minha capacidade e a minha honra. Trabalhei muito para chegar até aqui e não vou tolerar que um mimadinho faça tais acusações. – Digo, com o dedo apontado para sua cara.

— Você me chamou de que? – Seus olhos estão inflamados de ódio.

— MIMADINHO... MIMADINHO. Está satisfeito? Pois é isso que você é, um MIMADINHO DE MERDA. – Olho nos seus olhos. — Se você me ofender, mais uma vez, o mínimo que seja, farei você engolir cada palavra. – Nossas respirações se misturam e sinto coisas que não deveria. Ele também, porque começa a respirar com dificuldade. Rapidamente, me afasto da mesa.

— Vou ficar de olho em você. Não quero incompetentes na minha equipe. – O cretino pega uma folha de papel e, sem se dar o trabalho de olhar para mim, manda que me retire.

— Espera e verás do que sou capaz, filhote de Cruela. – Digo baixo para mim mesma, enquanto me retiro de sua sala, a passadas largas.

Como pode! Não tem nem vinte e quatro horas que conheço esse cara e já quero matá-lo, esquartejá-lo e enterrar o corpo.

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