capitulo Três

Ao sair da sala de Sebastian, respirei fundo para me acalmar e, ao me ver, o pessoal que estava próximo me perguntou o que havia acontecido lá dentro. Eles estavam visivelmente preocupados, e eu os tranquilizei.

— Vocês querem saber o que aconteceu entre o filhote de capeta e eu? – Eles assentiram. — Nada demais, tivemos algumas divergências, somente isso. – Disse, não querendo que eles soubessem o que realmente aconteceu lá dentro, mas pelos seus semblantes, tenho certeza de que eles sabem da discussão.

— Isis, ouvimos os gritos de vocês e depois ficou tudo silencioso, pensamos que um tinha matado o outro. – Vanderson disse, me analisando para ter certeza de que estou bem.

— Fiquei tentada a entrar para interferir. – Maria emendou.

— Calma, pessoal! E só para deixar bem claro, não matei o meu chefe. – Todos riram e a tensão se dissipou.

Voltei para a minha sala, liguei o computador e comecei a rascunhar o novo design do rótulo para o shampoo. Ainda tenho que criar a nova embalagem para o creme facial. Tentei me concentrar, mas está impossível. Aquele imbecil acha que sou o quê? Nunca me sujeitaria a dormir com o pai dele para conseguir meu cargo. Se ele soubesse por tudo que passei nessa vida para chegar onde estou, não pensaria e nem diria uma coisa dessas. Sujeitinho mais arrogante e intragável. Trabalhei de semblante fechado e com afinco até o horário do almoço. Lidiane veio me buscar e disse que meus amigos estavam à minha espera, mas não estou com a mínima fome. Disse a ela que não iria e logo sou repreendida, Lidi diz para que eu pelo menos esfrie a cabeça um pouco e pensando por esse lado seria muito bom, desço com ela e nos encontramos com Yan e Joana que levantam as mãos aos céus quando nos vêem. Chegamos ao restaurante próximo  onde trabalhamos e nos sentamos, como sempre almoçamos ali o pessoal já nos conhece, eles nos servem suco de laranja de cortesia e agradecemos, dona Lica é um amor de pessoa ela sabe do meu problema com alimentação então sempre faz macarrão com isca de frango para mim e me obriga a comer nem que seja algumas garfadas.

— Isis, você vai comer nem que pra isso eu tenha que te amarrar na cadeira e te alimentar igual a um bebê.

— Nós apoiamos ele. –  Minhas amigas dizem em uníssono.

— Vocês estão parecendo meu irmão e a mulher dele, na verdade aconteceu tanta coisa comigo esses dias que me deixaram sem vontade alguma de comer.

Eles me ignoram completamente, Joana chama dona Lica e pede a ela que me traga o de sempre, digo que não estou com fome, mas eles continuam me ignorando.

Olho para a comida e não tenho fome, sinto uma espécie de nojo, não sei explicar direito, só sei que meu estômago se revira em repulsa. Todos me obrigam a comer, então pego o garfo e tento dar uma garfada no macarrão, mas acabo abaixando o talher novamente, meus amigos nada falam, apenas observam, pois sabem da luta que travo todos os dias  com essa questão de alimentação. Mais uma vez tento levar o garfo até minha boca e finalmente consigo, mastigo rapidamente e engulo rapidamente, tomando um gole da minha água com gás e limão. Vendo meu desconforto, meus amigos me perguntam o que aconteceu na sala de Sebastian e assim que conto, eles estão indignados.

— Não acredito que aquele cretino fez pouco caso de você? Vou por o nome dele na geladeira.

— Ele não vale a pena, Lidi, e também não acredito que isso funcionará.

— Então, vamos pôr o nome dele na boca do sapo?

— Excelente ideia, Yan. Ele terá uma morte lenta e dolorosa. - Os três começam a rir malignamente.

— Parem com isso! Soou estranho, pessoal?

— Mas vai ser uma mandinguinha de leve, não mata ninguém. – Joana diz, e os outros dois apoiam.

— Chega! Por mais imbecil que ele seja, é o nosso chefe, não devemos pensar nesse tipo de coisa.

— Você quem sabe, mas se mudar de ideia, tenho uma prima que pode fazer a mandinga pra nós.

— Nem vou me dignar a responder, Yan.

— Tá bom, eu só estava querendo ajudar. E sobre sábado, o que houve para você sumir? – Yan muda de assunto ao ver que estou ficando irritada.

— Foram uma série de acontecimentos. Sinceramente, não sei se dará para contar agora. – Olho para eles e respiro fundo, visivelmente cansada.

— Dá mais uma garfada em seu prato e nos faça um resumo. – Joana diz e faz um gesto para que eu coma.

Após a minha garfada, faço o que me pedem e resumo ao máximo. Eles me olham chocados, e eu limpo uma lágrima solitária que escapou, meu amigos ficaram ao meu lado e me apoiaram, nem preciso dizerem como eles ficaram revoltados com meu ex noivo. Lidi dizia em como nos achava um belo casal, agradeci a ela e tentei melhorarar a minha face. Eles me perguntam como ficará a ivisão do apartamento e digo a eles que enviei uma mensagem dizendo que precisaria conversar sobre a divisão das coisas, afinal gastei muito dinheiro naquela casa, com a cerimonia e principalmente com a festa.  Estav conversando com meus amigos quando meu celular apitou avisando que havia uma nova mensagem.

“Isis, precisamos conversar!” – E como passe de mágica, lá está ele querendo conversar.

“Espero que seja sobre o apartamento, pois essa é a única conversa que quero ter com você no momento.” – Digito rapidamente e mando um emoji de envergonhado. Minha vontade era de mandar ele tomar no quinto dos infernos.

“Elias e eu queremos comprar a sua parte, passei momentos maravilhosos com você nele e gostaria de ficar com ele”. – logo em seguida manda um emoji do cara correndo.

“Você quer morar na nossa casa com seu amante?” – Digito irritadíssima, como ele ousa fazer isso comigo?

"Não é isso Isis… é… difícil de explicar." – olho para a mensagem por algum tempo e suspiro.

"Deve ser mesmo, né? Te darei a resposta mais tarde."

Olho para o prato e o empurro para longe, a imagem do homem enrabando meu ex-noivo volta à minha mente e quando percebo já estou chorando, sinto um gosto ruim em minha boca e precisei correr imediatamente para o banheiro. Lá despejo o pouco que comi, sobrando apenas água. Me sento no vaso e permaneço um bom tempo chorando. As meninas batem na porta e me perguntam se estou bem, me enchendo de palavras de carinho e consolo, mas eu apenas digo a elas que gostaria de ficar sozinha. Como ele pode fazer isso comigo? Como pode me enganar por mais de quatro anos? As lágrimas ainda teimam em rolar, mas sei que preciso levantar e voltar ao trabalho. Lavo o rosto e a boca e abro a porta, pronta para ver os olhares de pena.

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