I: Conflito Híbrido
— Tem certeza de que sentiu a presença dela nessa parte da floresta?… — quis saber Megora, ansiosa.
— Não está sentindo o forte cheiro de cachorro molhado? — zombou Azazel. — Mas, sim, Lívia está por aqui.
— Você é tão insensível…
Azazel deu de ombros. Manobrou o carro com cautela, já que a chuva continuava a ganhar força. Mas não seguiu muitos metros adiante, visto que provavelmente ficariam atoladas na lama.
— Vou te esperar aqui — declarou Azazel.
— É sério que não vai me ajudar a encontrá-la?…
— Está chovendo.
— E você é de açúcar? — retrucou Megora, sarcástica.
Azazel revirou os olhos.
— Vai procurá-la ou não?
Megora ignorou-a. Esticou-se e pegou um longo casaco preto. Depois abriu a porta e saiu, irritada. Mal andou cem metros quando a chu
Enterro o machado no corpo inerte uma última vez. Jorra sangue quente em meu rosto.A minha respiração pesa. Não consigo enxergar.Estou estático. Preciso ter certeza de que está morto.Ele não se move. E eu ergo o braço e o golpeio de novo. O fio do machado decepa a carne e atinge o piso. É de madeira.Posso ouvir o sangue deixando o seu corpo, entrando pelas fissuras do chão e gotejando no porão.Está morto.Agora tenho certeza.Toco o meu rosto, esperando encontrar ferimentos próximos aos olhos. Estão cobertos por uma bandagem. Rasgo-a.Está escuro. É noite.Ainda é noite...Imaginei ter decepado a cabeça dele. Agora, vejo que desmembrei o seu torso em diagonal.O traje negro de Caçador está ensopado. As vísceras aglomeradas repousam ao redor do machado fincado no chão.O
— Está tudo perdido, Barzai... é o nosso fim…— Ainda não, caro Ruvirik — disse o velho, tomando em mãos uma espada.Retirou-a da bainha e, num pulsar de vida, a lâmina acendeu-se em brasas cintilantes, quase fosforescentes.— É na profunda escuridão que a mais fraca luz se torna poderosa, a iminência do fim pode ser a nossa salvação. Confio a ti minha última fagulha de esperança, Ruvirik — foi o que ele disse enquanto sua pele empalidecia.Ruvirik aceitou o fardo de carregar a anêmica esperança do que restava de um Reino que ruiu.— Realmente acreditas que posso fazer algo contra os Inomináveis?… — ele murmurou consigo mesmo.De repente, aquela obscura catedral estremeceu. Os cadáveres dos antigos soldados caíram aos montes sobre si mesmos. As trevas, gananciosas, engoliram por completo o pálido luar.O ar consigo trouxe o mais pútri
Estou atordoada. O meu corpo está anestesiado. Nunca senti algo tão bom.Há um peso sobre o meu abdômen.— Ah, finalmente voltou à realidade?Aquela maldita voz doce ecoa na minha mente. Ela está contente, sei disso.Eu te odeio.Precisei receber ajuda para levantar. Sinto que o meu corpo está mole. Aquela maldita está me ajudando. Apoia-me no seu ombro, e guia-me para fora do beco. Ainda é noite.Está frio.Eu estou quente.Há uma carroça negra no fim do beco, do outro lado da rua.— Como se sente? — ela pergunta.Não respondo.Eu te odeio.A mulher abre a porta. Cumprimenta o carroceiro, ajuda-me a entrar e sentar. E senta ao meu lado.Olho para baixo. Vejo um buraco no meu traje. Há sangue seco ao redor do rasgo, estendendo-se até a minha coxa.
Gotejava sangue quente sobre o piso imundo de um sagrado templo dourado. A Amaldiçoada Lâmina de Braltar repousava enterrada num decrépito altar negro cujas fissuras emanavam o Caos Nuclear.A Cavaleira Yeniffer caiu de joelhos, com um buraco no peito que despejou o rio vermelho sobre a armadura de prata. Estava entorpecida pelos fétidos e repulsivos fluídos e odores exalados pelos Nefastos, responsáveis pelos estridentes gritos de puro terror proferidos pelos desesperados habitantes da condenada Thalarion, a Cidade das Mil Maravilhas.Não há palavras, textos e imagens ou pinturas capazes de contarem sobre os Horrores que despencaram sobre Thalarion, a Cidade das Mil Maravilhas, pois não são os Nefastos um antigo mal desperto na Terra em Vigília ou Onírica, ou um mal Ancestral vindo dos confins do Cosmo que vaga por incontáveis Galáxias como os Antigos Deuses, tampouco os seus sucessores. São algo além da compreensão de um deus criador, pois
IA boca de fogo produz uma detonação; o projétil é disparado através da chuva pesada e enterra-se no meu ombro. O impacto fulminante espalha-se através do meu corpo em ondas, lança-me ao chão e me desperta.Eu grito de dor.Cubro o ferimento com a mão direita, e sinto o sangue se esgueirando entre os meus dedos. É tão gelado quanto a tempestade que desaba sobre os prédios sombrios.Um raio fende o céu e revela-me a identidade do vulto outrora negro, de chapéu pontudo e revólver na mão.É uma Caçadora.— Não atire! — eu imploro.Ergo a mão para ela. E, entre o meus soluços compulsivos, digo:— Sou uma de vocês! Uma Caçadora! Eu…O revólver dispara.A bala perfura a minha mão, atinge o solo e ricocheteia para a escuridão.A dor é insuportável e me faz soluçar ainda mais. Viro-me para