capítulo 25

Capítulo 25 — “Alguns sentimentos não pedem licença para nascer, apenas se instalam no silêncio.” — Marjorye Sandalo

Maeve Jhosef

— Então… é verdade?

A pergunta de Zola cortou o ar como uma lâmina lenta. Ficou suspensa entre nós, entre uma taça de vinho esquecida e o estofado gasto do sofá onde meus dedos buscavam se esconder.

Não respondi de imediato. Só continuei girando a taça entre os dedos, como se o movimento pudesse hipnotizar a parte de mim que gritava.

— Não sei do que você está falando. — Minha voz saiu firme, mas arrastada. E mentirosa.

Zola bufou, cruzando os braços como quem não tem mais paciência para jogos.

— Ele disse que te ama, Maeve. Disse com palavras. Disse quase morrendo. E você tá aí... fingindo que nada aconteceu.

Minha garganta apertou. Olhei para ela, mas não vi acusação. Vi dor. Vi uma amiga que sabia demais e, ainda assim, respeitava o espaço que meu luto ainda exigia.

— Você sente alguma coisa por ele?

Engoli em seco. Sentia. Sentia tudo e mais um pouco.
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