Amanhã será o meu casamento e eu ainda não consigo compreender direito porque Hector Guzmán pretende me forçar a casar com ele, pois toda a história que ele me contou a respeito de eu fazer parte do Cartel de Sinaloa é surreal demais para mim. Meu pai jamais sequer mencionou nada a esse respeito comigo, se bem que eu era muito nova quando ele morreu para entender qualquer coisa.
Hoje faz uma semana que estou presa neste quarto, que é bem bonito, porém as circunstâncias em que me encontro agora não me deixa apreciar a beleza do cômodo, porque é muito difícil para quem está encarcerada, com seu direito de ir e vir cerceado, achar bonito a prisão em que foi obrigada a ficar.
 
Ethan Assim que o carro para, escuto as portas abrirem e, em seguida, sou arrastado para fora do veículo até entrarmos em algum lugar, pois escuto quando uma porta é aberta para em seguida ser fechada as nossas costas. O homem que me conduz faz com que me sente em uma cadeira para só então tirar o capuz que cobre minha cabeça. Pisco várias vezes para tentar me acostumar à claridade da luz que está sobre minha cabeça. Olho ao redor e percebo que estou em uma sala fechada, em minha frente jaz uma cadeira vazia e, olhando para a porta, vejo um homem de braços cruzados guardando a saída. ─ Por que estou aqui? Quem são vocês e o que querem de mim? ─ Questiono sem receber n
Melanie O cansaço quer me dominar, mas apesar disso não paro. Corro e corro o mais rápido que minhas pernas consigam suportar. É difícil correr pelo terreno irregular da floresta com galhos pelo chão e folhas que, com o orvalho, ficam úmidas tornando o percurso mais difícil, mas mesmo assim não desisto de ir em busca da minha liberdade. A escuridão da madrugada e os ruídos de animais rastejando ou simplesmente caminhando me deixam com muito medo de topar com algum bicho feroz, contudo, não paro e continuo meu caminho por saber que estou em desvantagem, mesmo estando protegida pelo manto da escuridão da noite, sei que os homens de Hector estão em meu encalço e que eles estão em maior número, portanto, não posso s
Ethan Assim que Esteban dá o sinal, ao pronunciar a frase combinada para Melanie, invadimos a mansão onde está sendo realizada a cerimônia de casamento. Há várias pessoas dentro da propriedade e quando arrombamos o portão principal somos recebidos a balas pelos capangas de Hector Guzmán, o maldito que está obrigando meu anjo a se casar com ele, mas antes que isso acontecesse entramos já revidando as rajadas de balas desferidas pelos capangas de Hector, mas levamos vantagem no tiroteio porque estamos em maior número. Quando entramos, todos descem dos carros e saem em disparada, cada equipe para um lado da propriedade. Eu vou em busca do meu anjo que identifico assim que olho na direção em que se encontra a tenda ornamentada para realizaç&ati
Ethan ─ Melanie, eu sei que você já sabe que fui eu que te deixei naquele convento quando você era uma menina, há nove anos, e sei também que a pessoa que te contou isso não deveria ser levada a sério e que a palavra dela não deveria se sobrepor a minha, pois Karen não é confiável. ─ Acuso vendo que a atingi, pois ela abaixa a cabeça com certa culpa. ─ Mas admito que errei também, pois deveria ser por minha boca que você deveria ter descoberto a verdade e não me eximo dessa culpa. ─ Você deveria ter me falado, Ethan! ─ Acusa. ─ Eu sei disso, meu anjo, e peço perdão por isso também, mas em minha defesa eu não te contei por medo de
MelanieDois anos depois... Jamais pensei que poderia ser tão feliz em toda minha vida, muito menos conseguir realizar todos os sonhos que tive enquanto amargurava dia após dia naquele quarto escuro do convento. Cheguei a cogitar que morreria naquele lugar, velha e amargurada como algumas das freiras que ali viviam. Dois anos se passaram e muita coisa aconteceu comigo desde então. Casei-me com o homem da minha vida, ingressei na faculdade de medicina, além de morar permanentemente em Londres, mas sem nos desfazer da nossa cabana que tem sido nosso refúgio quando estamos estressados e loucos por descanso, como agora. Ethan e eu resolvemos pegar nossas malas e vir para cá, pois como Ethan é diretor do St. George´s Hospital e entre o seu trabalho, as aulas que
Nove anos antes.─ Vem filha, vamos logo! ─ Papai me puxa pela mão com pressa. Há muito barulho de balas cortando o ar, pessoas correndo desesperadas com medo de serem atingidas pelos tiros que ecoam por todo canto.─ Mais rápido, filha! Mais rápido! Precisamos chegar até o Centro Médico o quanto antes. Lá estaremos protegidos e o Ethan poderá te proteger caso eu precise sair para atender algum ferido. Vem, vamos. ─Tento correr o mais rápido que minhas pequenas pernas conseguem, pois só tenho oito anos, mas mesmo assim ainda é insuficiente.Seguimos correndo e correndo, porque o tiroteio é intenso entre a polícia e os homens maus, que papai chama de traficantes. Estou com muito medo, mas eu sei que papai não vai deixar que nada de ruim aconteça comigo, porque ele me protege de tudo, desde que mamãe morreu, no dia em que vim ao mundo.
MELANIEDias atuais...Caminho por entre as árvores e ergo minha cabeça para absorver o calor do sol que queima o pouco de pele amostra que tenho. Fugi do convento com a intenção de vir ao vilarejo brincar um pouco com as crianças que moram na rua e que trabalham na feira do vilarejo, sei que não deveria fazer isso, pois se for pega sei que vou pagar caro por este pequeno deslize, mas apesar disso não resisti ao fato de ter um pouco de liberdade, nem que para isso sofra um castigo severo da madrevóla, é assim que chamo a Madre Superiora.Ao passar por entre as pessoas, que me olham com certa curiosidade, por causa do meu hábito de noviça, noto alguns homens que fazem parte do Cartel que comanda tudo por aqui, me olharem com cobiça, apesar das minhas vestes, e isso me deixa em alerta, pois não gosto da maneira como me acompanham com o olhar
MELANIEA escuridão do ambiente não me permite distinguir quando é dia ou noite. Depois de cinco dias, acho, pois perdi completamente a noção do tempo e do espaço, já não tenho mais forças para chorar ou clamar misericórdia, não quando tudo o que tenho como resposta é o silêncio e indiferença.Muitas vezes cheguei a pensar que Deus se esqueceu de mim no momento em que fui abandonada a própria sorte, sem pai, sem mãe e nenhum outro parente vivo na terra e ainda para piorar tudo fui largada nesse inferno de convento sem perspectiva de vida ou de um futuro. Dói tanto essa solidão que ás vezes chego a pensar que teria sido melhor que tivessem me deixado para viver nas ruas, como os meninos que trabalham na feira, eles são livres para ir e vir quando quiserem e bem ou mal têm uns aos outros para contar, como se fos