MELANIE
Passadas algumas semanas após ter saído do castigo no quarto escuro, e já recuperada, caminho por entre as pessoas do vilarejo, ao lado da irmã Consuelo. Nós estamos indo até o mercado fazer a encomenda dos mantimentos para o convento e já que sou sua ajudante tive que acompanhá-la, pois algumas coisas levamos agora mesmo.
Ao passar em frente ao Centro Médico, meu coração tem um solavanco e parece que vai sair pela boca, porque imediatamente me recordo da última vez em que andei por este mesmo caminho e que me deparei com o homem mais bonito que já vi em toda minha vida. Não consigo desgrudar os olhos do prédio todo branco o corpo tenso e ansioso ao mesmo tempo, querendo vislumbrar ao menos o rosto do homem só mais uma vez. Seguimos caladas e quando estamos quase próximas ao prédio um carro vem e estaciona ao lado do prédio nesse momento meu coração bate descompassado ao ver o homem todo vestido de branco sair pela porta do motorista e olhar para a frente, mas ele fica estático, assim como eu, quando nossos olhos colidem.
Não consigo compreender que tipo de força é essa que me detém no lugar, sem querer me mover. Arfo profundamente buscando ar para meus pulmões que necessitam, pois o simples movimento de respirar se torna impossível no momento. Tudo para e não há mais nada, além de nós dois e essa força que me puxa em sua direção.
─ Noviça?! Venha logo ou nos atrasaremos. ─ A irmã Consuelo faz com que o momento seja quebrado.
Baixo a cabeça para fugir dos olhos penetrantes que desnudam minha alma e sigo a irmã, não ouso mais olhar em sua direção para não mais me perder.
Passamos ao lado do seu carro, não me permito levantar a cabeça, mas consigo sentir seus olhos queimando sobre mim.
Algumas horas mais tarde, estamos saindo do mercado cheia de sacolas e com um dos meus amiguinhos nos ajudando com algumas as compras. Andamos pela rua principal do vilarejo apressadas para chegar logo, pois está escurecendo e logo é hora de começar os preparativos do jantar.
Como estou carregada de sacolas em meus braços esbarro em uma pessoa, sem querer.
─ Desculpe-me, senhor. ─ Peço, baixando a cabeça logo em seguida, pois foi assim que nos foi ensinado a nos portar diante de homens.
─ Hora, hora se não é a freirinha que estávamos procurando. ─ Não compreendo o que o rapaz quis dizer e levanto minha cabeça para olhar o homem a minha frente.
Reconheço-o na mesma hora, pois me recordo do dia em que fugi do convento para brincar com os meninos, ele e outros homens ficaram me observando enquanto passava. Olhando ao redor reconheço os outros homens que estavam com ele aquele dia. Observo também que um deles olha sem cessar para uma foto em suas mãos e para meu rosto logo em seguida, como se quisesse realmente confirmar que sou. Quando, por fim, dá-se por satisfeito, diz:
─ É ela mesmo. Ela é a garota que o chefe pediu para levarmos para ele. ─ No momento em que escuto as palavras, meu corpo todo gela e meu coração começa a batucar em meu peito a ponto de explodir, pois não sei o que esses homens podem querer comigo, muito menos o chefe deles, porque tenho plena consciência que esses homens fazem parte do Cartel de Sinaloa e o chefe deles é o traficante mais poderoso de todo o México.
─ Se...senhor eu não sei a que se referem. N...não conheço nenhum de vocês... deve ter havido algum en...engano. ─ Gaguejo tomada pelo nervosismo.
Mas apesar dos meus apelos sinto duas mãos fortes agarrando meus braços e me puxando.
─ Me soltem, por favor!
─ Noviça o que está acontecendo? ─ Irmã Consuelo questiona.
─ Mel por que esses homens estão te levando? ─ Juan pergunta assustado.
─ Deve ser um engano. Me soltem por favor! ─ Suplico angustiada.
Mas apesar dos meus protestos, eles não me ouvem e me arrastam pela rua em direção a uma caminhonete velha mais adiante. Vejo Juan gritando e tentando bater em um dos homens na tentativa em vão de me libertar. Eu me debato tentando escapar das mãos que me seguram com firmeza, esperneio e luto me debatendo para que eles não consigam me levar até o carro.
─ Por favor, alguém ajude! ─ Escuto os gritos da irmã Consuelo. Todos vêem a cena, mas não têm coragem de interceder por mim, porque ninguém quer bater de frente com os homens do Cartel.
Quando o homem que me arrasta é atingido por uma pedrada na cabeça e leva a mão até onde foi atingido, ficando um pouco desnorteado, aproveito o momento para correr e tentar fugir. Saio em dispara me embreando mata a dentro, não olho para trás, mas dá para ouvir quando um deles grita para virem atrás de mim.
Seguro a saia do hábito, para facilitar, e corro o mais rápido que consigo. Como a mata é bastante fechada adquiro alguns hematomas por causa dos galhos das árvores, mas não me importo, pois tudo que quero é conseguir despistar aqueles homens horríveis.
─ Meu Deus, me ajude. ─ Imploro ainda tentando entender o que foi que aconteceu e por que esses homens estão querendo me sequestrar. Porém não consigo pensar em mais nada, pois escuto o barulho de pneus se aproximando pela estrada de terra que corta toda a floresta.
O suor escorre do meu rosto, mas não ouso parar por que se esses homens me pegarem eu não sei o que será de mim e nem o que eles querem comigo. Garanto que não deve ser nada de bom. Sigo entrando mata adentro, desviando dos galhos espinhosos das árvores, sem sucesso, mas não desistindo de continuar, pois minha vida depende disso.
─ Ela está ali! ─ Escuto o grito e olho para trás, constatando que dois homens estão a pé, quase me alcançando.
─ Tenho que correr mais rápido! Não posso deixar que eles me peguem.
Mesmo estando exausta não ouso parar, não quando eles estão tão perto de mim. Tropeço em uma pedra no caminho e saio deslizando pelo barraco acima da estrada por onde o carro com os outros dois homens me seguem. Rolo mais um pouco, mas consigo me estabilizar e levantar quando quase ia deslizando completamente pelo barranco até cair no meio da estrada. Levanto sem me importar com os machucados pelo corpo, que com certeza não devem ser poucos, e começo a correr novamente.
─ Parada! ─ Não! Não! Eles não podem ter me alcançado. Não permita, senhor, por favor. Clamo em silêncio.
Olho para trás e vejo que eles estão a poucos passos de mim, mas não me intimido e volto a correr.
─ Parada, senão eu atiro, vadia! ─ Estanco no lugar com a ameaça. Viro lentamente e constato que um dos homens está com uma arma apontada em minha direção.
─ Se você se mover eu atiro. ─ Sei que sua ameaça é verdadeira, mas sei também que se eu for com esses homens poderá também ser meu fim, então tomo a decisão mais difícil de toda minha vida.
Saio em disparada pelo meio das árvores e é então que escuto o primeiro tiro ricochetear em um galho de árvore próximo a minha cabeça, abaixo-me e sigo correndo sem olhar para trás. Tiros e mais tiros passam próximos a mim, mas não ouso parar.
Quando chego perto de uma clareira fico sem saber o que fazer então paro para decidir para que lado ir, mas é nesse momento que um tiro acerta meu ombro.
─ Ai! ─ Grito de dor colocando a mão sobre o ombro.
Mas apesar da dor vou descendo a clareira, mesmo estando um pouco tonta pela perda de sangue, vou cambaleando sem forças, porém minha visão turva e as pernas fraquejam, pois já não consigo mais me manter de pé. E é nesse momento que meu corpo tomba e vai deslizando pela montanha. Não consigo mais ver nada, porque a escuridão me toma e eu desmaio.
ETHANA estrada parece mais longa hoje do que o habitual. Constato, porém sabendo que essa fadiga e impaciência é devido ao cansaço por causa do longo plantão que tive no Centro Médico.Passo uma mão pelo rosto para espantar o sono que quer me dominar. Apesar de estar dirigindo devagar pela estrada resolvo parar um pouco, mesmo estando a alguns minutos da minha cabana. Sei que deveria ter parado para tomar um café antes de ir para casa, mas o desejo de chegar logo no meu paraíso particular foi mais forte que qualquer coisa.Paro o jipe no acostamento e passo mais uma vez as mãos pelo rosto tentando despertar quando de repente um som estranho corta o silêncio. É algo parecido com um gemido de dor. Olho ao redor para ver se há algum animal ferido por perto, mas não vejo nada, então decido sair do carro a fim de procurar melhor apesar de saber que
MELANIE─ Nãaoooo! Por favor! ─ Um medo atroz toma conta de mim com a possibilidade de ser pega por aqueles homens novamente ou ter de voltar para o convento. Ambas as possibilidades me aterrorizam. ─ Não me mande embora ou avise para alguém que estou aqui. Po...por favor! ─ Não aguento a pressão e caio em prantos.Ainda é muito difícil para mim entender por que aqueles homens quiseram me sequestrar, mas mais difícil é entender como é que vim parar justamente na casa do homem que me deixa nervosa e com o coração aos pulos dentro do peito só de olhar para ele.Quando acordei e o vi cheguei a cogitar a possibilidade de estar em um sonho, pois sentir suas mãos grandes acariciando meu rosto e ainda por cima ter seu rosto e seus olhos sobre mim, assim tão de perto foi à sensação mais maravilhosa do mundo!Tê-lo t&
ETHAN─ Deus! O que está acontecendo comigo? ─ Ainda encostado na porta, após sair do quarto como se mil demônios me perseguissem, passo a mão pelo cabelo tentando compreender e entender o que está acontecendo comigo, pois ao entrar naquele banheiro e vê-la nua, a própria imagem da pureza virginal, eu deveria ter saído imediatamente, mas ao contrário do que deveria ter feito, fiquei lá parado, encantado com tanta beleza, porque sem sombra de dúvidas o que acabo de ver é a imagem da mais sublime perfeição e eu não consegui me mexer, apenas admirá-la. Porém quando me dei conta da situação, consegui agir sensatamente e sair de lá.Como pode aquela menina mexer tanto assim comigo? Como? Porra! Sou um homem feito e já estive com mais mulheres do que possa contar e de repente uma menina, que eu tenho por obriga&cced
MELANIEUma semana depois...É difícil entender como as coisas acontecem em nossas vidas... O que poderia ser a pior tragédia da minha vida acaba se transformando em algo bom, algo libertador e que acabou reavivando em mim a tão esquecida sensação que é ter um lar. Sei que não posso me acostumar com este lugar que para mim mais parece com um paraíso, apesar de não ter me aventurado muito pelos arredores da propriedade, mas o que pude observar já me deixou bastante impressionada e louca para desbravar tudo.Com o passar dos dias, após ter quase sucumbido à tentação e implorado ao Dr. Collins que me beijasse, ele praticamente ignorou minha presença, aparecendo apenas para me examinar e depois partindo em seguida, sem contato, conversa ou qualquer tipo de proximidade. Confesso que a atraçã
ETHANSubo os degraus da escada de dois em dois com a intenção de chegar o mais rápido possível em meu quarto, que fica no andar de cima. para pegar a carteira e a chaves do jipe.Com os objetos em mãos passo pela sala e saio chegando rápido ao carro, entro e imediatamente dou a partida no veículo logo em seguida ainda me questionando de como fui capaz de beijá-la.Como?─ Cara ela é uma criança, porra! Seu pervertido de merda! ─ Irritado esmurro o volante com raiva. Raiva de mim por não conseguir me controlar e frear o desejo devastador que me atingiu, assim que seu corpo macio colidiu com o meu naquela cozinha. Mas com mais raiva ainda por ostentar uma maldita ereção até agora e que me faz querer dar a volta e continuar de onde paramos.─ Eu tenho que dar um jeito nisso logo, antes que caia em tentação e a tome para mim
ETHANAbro os olhos, mas fecho-os na mesma hora, pois a claridade do ambiente fere minhas retinas. Passados alguns segundos tentando me acostumar à claridade do ambiente e com uma dor de cabeça poderosa, tento mais uma vez abrir os olhos, dessa vez com sucesso, na mesma hora percebo que há uma pessoa na cama ao meu lado. Vejo uma mulher loira completamente nua adormecida, então flashes da noite anterior pipocam em minha mente. Lembro de tê-la trazido para meu quarto, após ter bebido horrores no bar e ficar completamente embriagado. Recordo também de ter transado com ela, sem querer realmente estar com qualquer outra mulher que não fosse a Melanie, mas obrigando-me a ir até o final para tentar tirar seu gosto e cheiro impregnados em mim. Confesso que só fui até o final por que queria provar a mim mesmo que a menina não tinha poder sobre mim e minhas vontades, porém tenho
MELANIEO canto dos pássaros próximo a janela do quarto faz com que eu desperte. Abro os olhos lentamente, um pouco desnorteada e com o corpo dolorido. Acho estranho o ambiente em que estou, porém depois de olhar ao redor consigo identificar o quarto de Ethan e o motivo de estar aqui.─ Está se sentindo melhor? ─ Uma voz grave me faz olhar para o lado e meu coração acelera rapidamente ao ver Ethan sentado na poltrona ao lado da cama, com uma expressão cansada no rosto e uma postura rígida.─ E... estou.─ Ótimo. Agora me conte o que aconteceu com você. ─ Seu semblante está fechado, com uma carranca enorme ao pronunciar as palavras o que me deixa sem entender o motivo de sua raiva já que foi ele que sumiu por uma noite inteirinha me deixando aqui sozinha.─ Não sei a que se refere. Nada aconteceu. ─ Esquivo-me de sua pergunta e viro o rosto par
Ethan Chego em casa bastante cansado do dia puxado de trabalho, mas apesar disso uma alegria e vivacidade toma conta de mim assim que desço do carro e entro na cabana, pois sei que vou encontrá-la: meu anjo, minha menina. Ela tem sido minha alegria e a razão por estar em um estado constante de felicidade, o que tem chamado bastante atenção de todos que trabalham comigo no Centro Médico, pois sempre fui mais reservado, calado e até um pouco ranzinza. Quando entro em casa meu sorriso morre na mesma hora, porque não sinto seu aroma, nem recebo sua resposta em troca quando chamo por ela, fazendo com que a preocupação ocupe o lugar da alegria que me contagiava há alguns minutos pela simples expectativa de vê-la novamente. Procuro por todos os cômodos da