Capítulo 2

Raven

Vida difícil? A minha virou um caos quando comecei a trabalhar numa cafeteria aos dezesseis anos. Não sei explicar bem quando todos os infortúnios começaram a acontecer. Mas na época eu namorava Derek Campbell.

Ele era legal até me forçar a ir para a cama com ele, o que não rolou claro. Porém no dia seguinte descobri que ele estava internado no hospital entre a vida e a morte.

Me disseram que ele tinha sido espancado ao ponto de quebrar quase todos os ossos do seu corpo, as chances dele sobreviver aquilo eram mínimas, mas ele sobreviveu. Contudo, não voltou a ser o mesmo de antes se mudando de cidade assim que recebeu alta do hospital.

Me contaram que ele gritava no hospital: — O demônio vai me matar, eu preciso ir para longe. — Juro que não entendi o que ele quis dizer com aquilo. Mas depois que ele se mudou não soube mais nada dele.

Fui criada pela minha tia e seu marido usuário de drogas. Já fazia um tempo que ele não me agredia até uma tarde em que cheguei da cafeteria e ele estava transando com a nossa vizinha. Gritei dizendo que iria contar para a minha tia, ele e a mulher me deram uma surra de me deixar caída no chão.

Quando minha tia chegou do trabalho me levou para o hospital, ela ficou lá comigo por dois dias e quando chegamos em casa encontramos meu tio no chão da sala estirado. Em seu peito tinha algo escrito, entalhado por algo afiado: Justiça por tocar em um anjo.

Aquilo me deixou desesperada, ele estava morto na nossa sala, tinha marcas arroxeadas por todo seu corpo, seu rosto estava quase desfigurado. Pelos próximos meses eu me culpei pela morte dele e da nossa vizinha que no dia seguinte à morte dele estava empalada numa estaca nua na frente da própria casa. Nela tinha o mesmo recado que no meu tio.

Quem seria capaz dessa atrocidade? Minha tia se afastou de mim, talvez por medo de tudo que estivesse acontecendo à minha volta. Não sei dizer ao certo, mas consegui um emprego melhor quando fiz dezoito anos e fui morar em um apartamento de apenas um quarto, uma sala/cozinha e um banheiro.

Para uma jovem mulher sozinha isso era suficiente. Não cortei laços com a minha tia e nossa relação até melhorou depois que me mudei. Nos falamos todos os dias por mensagem ou ligação.

Nesse emprego no bar eu conheci um homem, Samuel Hilers, ele era barman no bar. Lembro de quando ele me roubou um beijo, assim como lembro de como ele apareceu atrás do bar espancado.

Ele saiu do trabalho e me bloqueou em seguida. Juro que tentei descobrir o que aconteceu para ele tomar tal atitude, mas não tive a resposta. Os anos foram passando e cada homem que se aproximava de mim acabava espancado ou morto, então decidi que não iria me envolver com mais ninguém.

Agora, aos vinte e dois anos, me encontro sexualmente frustrada por não ter ido para a cama com ninguém e nem ao menos ter a chance de conhecer alguém legal para isso.

Hoje sou gerente e barman no bar que iniciei anos atrás. Estou em mais uma de minhas muitas noites agitadas, um homem dá em cima de mim, mas ao lembrar do último que morreu por minha causa eu me afasto.

Quando essa noite acaba vou para o meu pequeno lar e ao colocar a mão na porta percebi que tem algo de errado. Não está como tranquei.

Ao abrir a porta noto que tem muitas coisas fora do lugar, vou até meu quarto e vou atrás da minha pequena maleta onde guardo dinheiro e fico aliviada ao descobrir que está intacta. Mas o que essa pessoa queria se não era dinheiro?

Meus olhos vão para a minha cama, onde estão espalhadas minhas calcinhas e parece que alguém estava deitado ali. Isso é surreal.

Chamo a polícia que não me ajuda muito já que nada foi levado da minha casa. A única coisa que eles me aconselham é colocar mais uma tranca na porta e é o que eu faço.

Porém, depois de mais uma noite cansativa de trabalho vou para o meu até então mais seguro apartamento. Noto que a nova tranca não impediu meu intruso de entrar novamente.

Ao abrir a porta me deparo com minha sala repleta de rosas vermelhas e pétalas de rosas vermelhas para todo lado. Parecia um tapete feito de rosas e pétalas de rosas. Nada daquilo fazia sentido para mim.

Tinha um caminho mais denso que levava para o meu quarto, como um guia para um lugar especial. Sinto um gelo percorrer minha espinha e mesmo com uma voz gritando corre em minha mente eu sigo o caminho direto para o meu quarto.

Abro a porta devagar e por aqui tem mais rosas que na minha sala além de velas vermelhas com aroma de rosas acesas para todos os lados. E na minha cama tem um pedido escrito com pétalas de rosas:

— Princesa, quer viver uma síndrome de estocolmo comigo? — acabo dando risadas de nervoso — Isso é sério? Não pode ser, estou num pesadelo e vou despertar a qualquer momento.

Falo alto como se alguém pudesse me ouvir até que uma voz atrás de mim fala me fazendo ficar completamente arrepiada e com dificuldade para dar um passo em qualquer direção:

— Claro que não é um pesadelo, princesa! Sou seu príncipe encantado e vim te dar seu felizes para sempre.

O homem percebendo que eu não iria me virar para ele caminha na minha direção em passos lentos e torturantes até que pára na minha frente. Sua imagem me lembra Lúcifer, lindo, de olhos azuis frios, seu cabelo preto perfeitamente cortado, sua barba perfeita e seu sorriso diabólico.

Tudo me encara feito um soco na cara. Mas o que eu estou pensando? Ele invadiu minha casa e parece ter algo perverso em mente. O que eu faço? Será que consigo gritar por ajuda?

A resposta é não. Ele me abraça segurando meus dois braços e colocando um pano no meu nariz e boca. Esse homem deve ter um e noventa de altura, ele é forte e tatuado. Como eu com meus míseros um e sessenta e esse corpo magro iria lutar contra alguém como ele? Eu apago depois de alguns segundos com os olhos azuis encarando meus olhos verdes.

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