Parte 88...Alejandro— O que vai fazer agora, irmão? - Ricardo me questionou na saída para pegar o carro.— Sobre Santiago? - ele fez que sim e eu apenas dei de ombro — Nada. Como eu disse, ele errou e agora vai ter que corrigir. Se a garota está ferida, a culpa é dele que a colocou nessa situação, não tem que questionar e sim fazer o que eu mandei. — Ramiro insinuou que ele está interessado na garota.— Então é mais fácil ainda para ele. É só comunicar a ela depois, que vão se casar.Abri a porta e entrei no carro. Ricardo veio com Gabriel em outro carro e meus homens estão na Land Rover atrás.— Eu vou para casa, tomar um banho e depois vou até o hospital. Alguma novidade sobre Diego ou algum apoiador?— Sobre isso - Ricardo se inclinou na janela — Apesar de ter alguma ligação com Diego, não foi ele realmente quem mandou atacar Camila durante as compras com a amiga. - eu franzi a testa — Tem mais alguém envolvido nisso e está muito bem encoberto, por isso está dando trabalho, mas
Parte 89...AlejandroO corredor do hospital era silencioso, exceto pelo som distante de passos apressados e o leve zumbido das luzes fluorescentes. Eu estava sentado ao lado da cama de Camila, segurando sua mão, observando o rosto dela enquanto ela dormia. Ela parecia frágil, mas ao mesmo tempo forte, como sempre foi. Mesmo ali, deitada naquele leito, ela mantinha uma aura de resistência.Quando o médico entrou no quarto, ela abriu os olhos lentamente, como se sentisse a mudança no ar. Ele era um homem alto, de jaleco branco e expressão séria, mas gentil. Segurava uma prancheta e deu um leve sorriso ao se aproximar.— Como está se sentindo? - ele cumprimentou, olhando para mim e depois para Camila. — Um pouco melhor - Camila respondeu, a voz um pouco rouca, mas firme. — A dor diminuiu bastante.— Isso é ótimo - ele disse, fazendo algumas anotações. — Bem, tenho boas notícias. Os exames mostraram uma melhora significativa, e acredito que você já pode ir para casa amanhã. Claro, com
Parte 90...Alejandro— Não, está tudo bem - olhei para a cama onde Camila finalmente dormia tranquila — Já acertei com o fisioterapeuta para ficar com ela, como o médico disse, mas vamos ter que torcer para que isso seja suficiente.Estava ao celular com Ricardo, que me contava estar de olho em Diego. O pessoal dele tinha conseguido pegar uma pista direta e resultou em algo real para nós. Agora ele estava preparando o ataque, mas eu quero estar presente quando o pegarem. Diego tem que ser meu.— Eu vou aguardar por você, até porque, acabamos de pegar o local exato onde ele está e temos que montar uma armadilha surpresa para que ele não escape dessa vez.— Ótimo, irmão, você está me deixando mais animado.— Não fique tão preocupado, vai dar tudo certo com Camila.— Espero que sim - apertei os olhos cansados, esfregando os dedos pela olheira que começa a aparecer depois de não dormir bem esses dias — Amanhã vou levá-la para casa, ela vai descansar um pouco e depois já começa a fazer a
Parte 91...Santiago— Ok, digamos que seja tudo isso junto. Mas e daí? Como vou falar para ela o que eu fiz?— Não tem que ser de todo honesto - ele deu de ombros — Apenas continue com a mesma conversa de que você tinha uma promessa feita ao pai dela, use isso e pronto. A peça em casamento - ele abriu as mãos.— Não é tão simples assim, Ramiro. Ela pode simplesmente dizer que não - andei para o outro lado — A garota passou a vida dentro de uma prisão. Agora que está livre, vai querer se prender de novo?— Depois do que aconteceu a ela? - ele ergueu a sobrancelha — Tenho certeza de que ela deve estar sonhando com a segurança dos muros daquele convento.— É, talvez você tenha razão mesmo. - cocei o queixo — Mas vai se um choque pra ela. E se ela disser que não, mesmo com Alejandro reclamando ou até querendo briga comigo, eu não vou forçá-la a isso.— Não, claro que não. Aí já seria demais. Mas acho que deve usar o mesmo de antes, comece daí e deixe que ela pense.— É - puxei o ar fundo
Parte 92...Camila— Ela não está machucada a esse ponto, mãe. Basta um dia ou dois de descanso e pronto. Camila estará pronta para começar a fisioterapia.— Ah! - ela mexeu a cabeça para trás e continuou com o sorriso falso de simpatia — Você vai ter que fazer mais terapia... Que coisa, não? Parece que seu problema é grave mesmo, mais do que eu imaginava.Eu franzi a testa. Achei estranho esse modo dela falar comigo, até porque, antes ela estava sendo tão educada e gentil. Não entendi.— Mãe...— É bom que você se dedique muito a essa terapia, já que vão se casar na igreja e vai precisar entrar andando, não é? - ela soltou uma risadinha abafada, como se fosse só uma piada inocente.Senti meu estômago apertar, mas antes que eu questionasse ou comentasse algo, Alejandro se adiantou, com uma expressão de raiva se formando no rosto dele.— Madre, esse não é o momento para um comentário desse tipo. Camila está bem depois do susto e vai se recuperar. É o que importa.— Sim, claro... Mas só
Parte 93...AlejandroEu encostei a porta atrás de mim devagar, deixando que o silêncio se acomodasse no quarto por um instante. Camila ainda me olhava, surpresa, como se não soubesse ao certo o que dizer. Malena desviou o olhar entre nós dois, claramente sentindo o peso no ar.— Malena, pode nos deixar um momento? - minha voz saiu firme, mas sem dureza.Ela hesitou por um segundo, mas então assentiu e saiu, fechando a porta atrás de si. O silêncio que se seguiu foi ainda mais pesado. Camila desviou o olhar, como se quisesse fugir, mas não tinha para onde ir.— Você ouviu o que falei e não acreditou - falei, dando um passo à frente. — E agora? Vai fugir de novo, Camila?Ela piscou algumas vezes e cruzou os braços, um gesto defensivo, mas não respondeu de imediato. Seu olhar me analisava, como se tentasse entender o que eu queria dizer.— Eu não estou fugindo de você, Alejandro - murmurou. — Estamos casados, esqueceu?Soltei uma risada baixa, seca. — Não? Então me diga o que tem feito
Parte 94...Alejandro.Diego escolheu bem o esconderijo. Passamos mais de uma hora dentro do carro até chegarmos ao local, mas isso foi bom porque me deu tempo para pensar e mais raiva ainda para acabar com ele de vez, sem perder tempo.Não deu para sair mais cedo porque precisava antes organizar bem. Ricardo fez o que mandei e acabou com quase toda a turma dele, separando Diego de seus poucos homens. Agora ele não teria mais como revidar nosso ataque. E Ricardo nesse ponto, foi muito eficiente.Não era tão tarde quando chegamos ao esconderijo dele, mas a noite estava espessa, um breu sufocante que se agarrava à pele como um presságio de morte. O vento úmido trazia consigo o cheiro azedo da cidade. Só Diego mesmo para vir parar em um lugar como esse, esquecido pelo mundo, quase abandonado. Mas, para ele, era o ideal. Não lhe restaram muitas opções.Os faróis cortaram a escuridão quando os carros pararam de maneira abrupta na rua deserta. O galpão abandonado se erguia diante de nós com
Parte 95...AlejandroO som da minha própria respiração ficou distante enquanto empurrei a porta, entrando devagar. A cena à minha frente era patética.Diego estava encostado em uma mesa velha e empoeirada, o corpo rígido, uma pistola tremendo em sua mão suada. Ele tentava parecer firme, mas seus olhos estavam arregalados, a pele pálida como se o sangue já soubesse que logo deixaria seu corpo. Ao lado dele, dois homens. Armados, mas sem coragem. Sem confiança. Apenas esperando o inevitável. Mortos em pé. Eu os ignorei. Eles não eram nada.— Conversar? - minha voz saiu baixa, arrastada, impregnada de ameaça. — Como você conversou com Camila quando atirou nela? Mesmo ela sendo uma menina? Como quando mandou aqueles vermes atrás dela de novo? - vi o medo em seus olhos — É sobre isso, Diego?Ele engoliu seco, as mãos trêmulas.— Eu... Eu não posso mais mudar o passado... Ela não deveria existir... Foi uma afronta pra mim o que a mãe dela fez! E dessa vez, eu estava apenas seguindo ordens!