Alejandro Albeniz No escritório, quando o tal Pavel a abraçou, imediatamente senti um nó no estômago. Depois, quando desci atrás dela, vi que ele não desgrudava. Fiquei até pensando que ela subiria na moto dele e o deixaria levá-la em casa. Resolvi ficar esperando do outro lado da rua, dentro do carro com vidros escuros, eu não precisava disfarçar as expressões involuntárias ao ver tanta afinidade em duas pessoas que acabaram de se conhecer.Havia algo na forma como Ximena ria, como jogava o cabelo para o lado, como passava os dedos distraidamente pelo próprio braço. Ela havia tirado o blazer que vestia e ele estava atravessado em sua bolsa tiracolo. Sem perceber que qualquer movimento seu era uma provocação silenciosa, tudo nela exalava uma beleza natural, sem esforço, do tipo que não precisava de exageros para ser notada.E eu notei! Ah, Deus, como eu notei!Desde a primeira vez que a vi correndo, vestida de noiva no meio da rua. Então, naquele momento, no meu estômago veio um nó
Ximena Valverde Sentada na recepção, esperava ser chamada pela gestora de RH. Olhava as manchetes para matar o tempo. Na tela do celular, todos falavam como um CEO de uma empresa poderosa teve coragem de expor seus medos diante de todos. Na plataforma Y, a #medodevoar e o nome da Granafly estavam no topo de trends, entrei para ver o que diziam e as mensagens eram todas positivas, a popularidade da empresa subiu substancialmente.Particularmente, achei de uma valentia, um todo poderoso ter coragem em demonstrar fraquezas. O jeito de andar, o aroma cítrico, me fizeram saber que era ele, mesmo eu continuando sentada e de cabeça baixa. Se ainda assim, sua presença marcante e seu perfume estonteante fossem irrelevantes para mim, seu olhar flamejante não passaria despercebido por minha pele, que arrepiava.Atendendo ao meu pedido, Alejandro não se fez presente mais do que o necessário e passou rápido por mim. Eu fingi que não o vi chegar e ele fingiu que eu não estava ali. Logo depois, fu
Alejandro Albeniz Ao mesmo tempo em que ela pedia para eu me afastar, ela se aproximava. Ximena queria fugir de algo que já estava tão enraizado no ser dela quanto no meu. Nós nos queríamos. Nos queríamos muito. Sem pressionar, dei o espaço que ela queria, mas não ia abrir mão dela. Não ia abrir mão do que sentia por ela e sabia que ela sentia por mim. Entrei na reunião com o risco de perder a presidência e saí de lá com um baita projeto de marketing, iria usar a hashtag #medodevoar para um curso ministrado junto a profissionais da área e uma psicóloga. Seria perfeito!Apesar de não falar nada, sabia que o senhor Albeniz ficou orgulhoso. No fundo, eu sabia que a ideia de me afastar e colocar o Beto não saiu da mente do meu pai, mas ele propôs isso, achando que era o melhor. Cada vez que mexia em alguns procedimentos da Granafly, mais desconfiava do Beto. Ainda não sabia, mas algo muito obscuro estava sendo feito por aqui. Quando tivesse as provas contundentes, jogaria tudo no ven
Alejandro Albeniz O senhor Pedro tinha razão em tudo e me fez questionar o que que eu esperava do meu relacionamento com a Ximena. Se eu a desejava e queria que ela me levasse a sério, no mínimo, eu deveria estar completamente livre. Me acostumei à vida que eu e Catalina levávamos, algo meio aberto, ao menos da minha parte, nunca me senti preso a minha namorada, ela sempre foi o comodismo, a opção mais próxima, o que nunca foi justo com ela.Liguei para Catalina e disse que a buscaria na entrada da mansão. Dentro de casa, não daria para conversar, a privacidade era algo que não existia na propriedade Albeniz.Catalina entrou no carro, linda e sexy como sempre. Toda arrumada e esbanjando altruísmo, o que eu iria fazer não era legal. Aprendi com meu pai que casamento era um negócio e tinha isso em mente quando deixei o meu relacionamento com Catalina ir tão longe.Tinha tesão nela. Qual homem não teria? O problema é que não a amava e não poderia passar uma vida inteira a enganando e se
Ximena Valverde Eu concordava com os pensamentos do meu pai, não era legal Alejandro Albeniz ser noivo e ficar correndo atrás de mim, como fazia desde o dia que nos conhecemos. O que eu não concordava, foi a maneira com a qual o senhor Pedro achou de pôr seus pensamentos para fora. Eu ainda não era a pessoa independente que gostaria, mas era uma adulta de vinte e seis anos e se ele queria conversar, que fizesse isso comigo. Iria acalmar o coração do meu pai em dizer que entre Alejandro e eu não havia nada além de um início conturbado de uma amizade.Não iria dizer que algo dentro de mim me bloqueava toda vez que pretendia me afastar de vez do Alejandro, ao mesmo tempo, meus sentimentos de perda não me deixavam me aproximar dele. Eu estava vivendo um paradoxo, de certa forma, o fato de ele ter compromisso era mais um bloqueio para eu manter distância e meu pai estava mais do que certo, não devia ficar aceitando suas caronas e muito menos seus presentes. Mesmo que ele chegasse por aqu
Ximena Valverde Era oficialmente o meu primeiro dia de trabalho na Granafly. Iker me aguardava no saguão do prédio para subirmos juntos até o último andar. Apesar de ser um cara bastante legal, ele tinha um jeito expansivo que às vezes me deixava um pouco encabulada, como o fato de me cumprimentar beijando meu rosto. Isso me lembrava minha professora de yoga, ela era brasileira e disse que no país dela, esse tipo de cumprimento era muito comum. Nós subimos e ficamos sabendo pela secretária da presidência, que teríamos reunião com o CEO.Alejandro ainda não havia chegado, mas ficamos o aguardando na sala. 15 minutos depois, ele entrou na sala de reunião, exalando seu perfume cítrico e sua beleza masculina. Com terno preto e de cabelo molhado, penteado todo para trás. Alejandro estava um tanto sério, claro que no trabalho ele tinha uma postura mais fechada, entretanto, ele parecia chateado. Nos cumprimentou e sentou na cadeira de frente para nós. — Então, Pavel, tenho sua primeira m
Alejandro Albeniz Fazia minha análise on-line, pedia para a Raquel que só fosse interrompido em caso de urgência. Falei tarde demais, pois Catalina entrou na minha sala ao mesmo tempo que eu falava com a secretária pelo telefone. Solicitei a ela silêncio, enquanto conversava com a psicóloga, era apenas vinte minutos, mais como uma apresentação de nós dois afinando a relação profissional e paciente, para no outro dia começar o tratamento.Sendo invasiva, Catalina veio até a minha mesa e na frente da tela do notebook, me deu um beijo rápido na boca, dando tchauzinho para a psicóloga, que respondeu simpática, em seguida, sentou na cadeira disponível em frente à minha mesa e esperou o tempo da consulta. Eu a todo tempo me senti constrangido, ainda mais quando a senhora Elizabeth, induzida pelas ações de Catalina, falava para eu me apoiar na minha linda “namorada” para vencer as barreiras da minha mente.Finalmente, a consulta inicial com a senhora Elizabeth chegou ao fim e pude voltar mi
Ximena Valverde O que eu estava fazendo? Me arrumando toda para sair com um cara que dizia gostar de mim em um dia e no outro, pedia privacidade com a noiva que insistia em dizer que terminou.Ele era um cafajeste e eu uma idiota!Me apeguei ao fato do jantar executivo, mentindo para mim mesma, me deixando levar pela lorota de Alejandro Albeniz. Para falarmos de negócios, não seria necessário dirigir por uma hora até um restaurante resorts, romântico, bucólico e com três estrelas Michelin.Mesmo tendo consciência de que tudo era uma maneira, um óbvio pretexto de Alejandro para ficarmos sozinhos, eu não via a hora dele chegar.Meu coração disparou assim que ouvi a buzina ressoar lá fora. — Mãe, diz ao Alejandro que já estou saindo. — Abri levemente a porta do quarto, pedindo à minha mãe, que estava na sala.Só faltava passar meus documentos para a carteira de mão. Ao sair, na sala, minha mãe encheu o meu ego.— Filha, você está linda!Já o meu pai…— Jantar de negócios? Sei… — disse