O som seco de um tapa cortou o ar, intensificando ainda mais o clima carregado de tensão e ódio que dominava o ambiente.Exceto por Juliana e Maia, quase todos ficaram boquiabertos com a atitude inesperada.Viviane, a atingida, levou a mão ao rosto, completamente atônita.Sua expressão oscilava entre indignação e incredulidade, enquanto o rosto ia ficando marcado por tons de vermelho e roxo. A dor ardida da pancada vinha acompanhada de uma humilhação esmagadora.Larissa saiu do torpor e chamou, hesitante:— Ju...Juliana soltou a mão de Larissa com um gesto calmo, quase preguiçoso. O olhar era frio, distante, como se estivesse diante de algo irrelevante.— De nada. Considere um presente… Massagem facial grátis.Da boca de quem agia como cachorro, Juliana nunca esperou pérolas. E, na visão dela, quem escolhia se comportar assim merecia exatamente o tratamento que recebia.Viviane sempre fora desse jeito.Talvez mimada pelos pais e pelo irmão, mas Juliana? Ela não era de passar pano. Nun
Juliana lançou um olhar de canto para o rosto bonito de Felipe, pensativa por um breve instante.Mas não disse nada.Logo voltou sua atenção para o quarteto tumultuado à sua frente.Raul, claramente incomodado, ergueu a mão num impulso, mas parou no último segundo. Não teve coragem de seguir adiante.Foi nesse exato momento que uma enfermeira apareceu, acompanhada de dois seguranças. Com uma expressão dura e firme, ela não mediu palavras:— Eu não quero saber dos problemas de vocês, nem de mágoas ou brigas familiares. Aqui é um hospital! Pacientes precisam de paz, acompanhantes precisam descansar. Se quiserem brigar, façam isso lá fora. Caso contrário, vou ser obrigada a chamar a direção e retirar todos vocês daqui.Hospitais eram lugares de cuidado, não de confronto.Ela já vinha observando a confusão de longe, e estava mais do que claro: era a tal família do senhor Raul que estava atacando a mãe da criança. Absurdo!Sarah ficou indignada. Já era humilhante engolir a insolência de Ju
Enquanto isso...No quarto de Bruno.Depois de terminar os exames, Paulo dispensou os demais e puxou uma cadeira, sentando-se ao lado do leito com um suspiro cansado.— Bruno, dessa vez, faz o favor de não sair correndo por aí. Fica quieto e se recupera direito. Senão, quando sua esposa fugir com outro, só vai te restar bater o pé feito criança mimada.A ferida insistia em reabrir. Paulo precisava admitir, Bruno era, no mínimo, teimoso até o limite da loucura.Como médico, ele sempre falava sem rodeios, direto ao ponto, sem açúcar nem exagero.Ainda mais nesse caso. A área atingida já era delicada por si só. Se a recuperação fosse lenta ou malfeita, o risco de uma sequela permanente era alto. E ele, Paulo, não ia carregar esse peso nas costas.Recebeu como resposta apenas um olhar gélido. Nada fora do comum vindo de Bruno.Aproveitando o momento, deu um resumo rápido da confusão envolvendo Larissa.Também não sabia dos detalhes, mas seu instinto dizia que havia um escândalo monumental
No dia seguinte ao ocorrido, Felipe fez questão de se exibir.Fez com que Joaquim o visse saindo do quarto de Larissa, num claro ato de provocação.Achava que ele perderia o controle, que partiria para cima com tudo.Mas, para sua surpresa, Joaquim apenas o encarou em silêncio.Engoliu tudo, seco, sem dizer uma única palavra.Nada saiu como Felipe havia planejado.Foi só com o nascimento de Carolina que ele realmente se desequilibrou.Fez um teste de DNA escondido, o resultado foi claro, indiscutível: Carolina era sua filha biológica.E Joaquim? Obviamente sabia também.Ainda assim, escolheu o silêncio. Assumiu a menina como sua, como se nada tivesse acontecido.Um estalo seco ecoou no ar.Dessa vez, o tapa não veio de Juliana.Foi Larissa quem acertou o rosto de Felipe.O ambiente congelou.Felipe mordeu o interior da bochecha, cabeça baixa, sem dizer uma palavra.A voz de Larissa tremia de raiva. Cada sílaba era uma lâmina afiada:— Você é um monstro.Ele havia destruído a vida dela
Todo mundo conhecia Gustavo. Mas, naquele momento, não era hora de trocas de gentileza.Com exceção de Viviane, ninguém sequer se deu ao trabalho de cumprimentá-lo.— Guto…Viviane estendeu a mão, a voz doce e manhosa, quase implorando por uma reação.Gustavo franziu a testa na mesma hora. Um brilho de repulsa atravessou seus olhos antes que ele desse um passo para trás, evitando o toque.O rosto de Viviane congelou.— Srta. Viviane, por favor, mantenha o respeito.A frase, dita com frieza cirúrgica, pegou todos de surpresa, inclusive Juliana.Todos sabiam que existia algo entre eles, mesmo que nunca tivesse sido falado abertamente. E como Gustavo sempre teve status, ninguém ousava comentar.Ele costumava chamá-la de Vivi, num tom suave, quase íntimo.Mas agora… Srta. Viviane?Na hora, todo mundo pensou a mesma coisa: “brigaram feio”.Viviane olhava para ele como se não reconhecesse mais a pessoa diante de si.— Guto...Pouco antes, ela tinha mandado uma mensagem, chamando-o para vir r
Juliana lançou um olhar sarcástico e malicioso na direção de Viviane, exatamente aquele olhar que aprendera com ela mesma.Maia fez o mesmo.Por um instante, o rosto de Viviane oscilava entre o vermelho e o pálido, tomada por uma vergonha tão profunda que tudo o que queria era desaparecer da face da Terra.Jamais poderia imaginar que algo tão íntimo tivesse chegado aos ouvidos de Gustavo!Juliana!Só podia ter sido ela.Viviane tinha certeza disso: Juliana estava morrendo de inveja por ela ter ocupado o lugar que antes era seu na família Rodrigues. Era inveja, pura e simples. Juliana não suportava vê-la bem, livre, no auge da vida.Os olhos de Viviane pareciam faiscar de raiva.Sentia-se tonta, o corpo inteiro tremia de ódio.— Guto, não acredita na Juliana! Não foi assim… Deixa eu te explicar… — Disse ela, tentando manter a calma, desesperada por uma chance de se justificar.Mas o rosto de Gustavo permanecia impassível, frio como mármore. Seu olhar, gélido, cortava Viviane como lâmina
— Guto… Me desculpa… Se eu fiz alguma coisa errada… Eu peço perdão… Mas, por favor, não faz isso comigo… As lágrimas de Viviane escorriam com ainda mais força.Desde que reinventara sua imagem, ela investia pesado no visual de mulher fatal, exuberante, sedutora, poderosa.Mas agora, depois de levar um tapa e ter chá jogado na cara, chorar daquele jeito… Só a fazia parecer patética.Um traço de desprezo passou rapidamente pelos olhos de Gustavo.— Srta. Viviane… Com tanta gente aqui… Tem certeza de que quer mesmo que eu conte tudo o que você andou aprontando? A voz dele, grave como uma montanha, caiu sobre ela com o peso de uma avalanche.Viviane havia mandado uma mensagem pedindo apoio.Mas ele apareceu foi para acabar com tudo.Desesperada, ela começou a tremer, chorando ainda mais, até sair correndo dali, feito uma criança assustada.Com a protagonista fora do palco, todos os olhares se voltaram naturalmente para Larissa.Durante toda a confusão, Larissa tomou uma decisão.Ela enxu
— Sua pirralha insolente! Aqui é meu território, entendeu?!— Família Mendes? Grande coisa! Vai correr pra choramingar pra eles? Quero ver se você chega lá inteira! NÃO FOGE!A gritaria caótica vinha do outro lado da linha.Juliana lançou um olhar rápido para o visor do celular, e franziu a testa na hora.— Helena?Ninguém respondeu.O que se ouvia era só o som confuso de vozes e passos apressados ao fundo.Ela não desligou. Em vez disso, deu meia-volta e saiu em disparada, à procura de Bruno.Sua chegada foi tão repentina que o pegou de surpresa.Ele estava com o celular na mão, prestes a mandar uma mensagem para ela.Nem chegou a apertar “enviar”, Juliana já estava ali, na frente dele.Naquele momento, Bruno era o único no quarto.— Amor… — Ele disse, surpreso.Mas Juliana cortou sem cerimônia, a voz carregada de urgência:— Sr. Bruno, você tem o contato do Sr. Fábio?Se ela estava certa, Fábio era especialista em invasões digitais, um verdadeiro gênio da computação.E agora, era dis