A localização era exatamente a mesma do Bruno.Vítor, que dias atrás tinha ido encontrar o Fábio, já estava por dentro de algumas fofocas.Uma delas: Laura gostava do Bruno.Claro, era uma paixão completamente unilateral.Na opinião de Vítor, aquilo já beirava o assédio.Um sapo querendo beijar um cisne... Será que essa mulher não tinha noção nenhuma do próprio nível?— Laura? — Juliana repetiu, achando o nome familiar.Com a explicação detalhada de Vítor, ela finalmente se lembrou de quem se tratava.A mesma mulher que havia gasto milhões para comprar o apartamento dela, a grande trouxa da história.O plano de Laura era simples: ficar bem perto de Bruno, ser vizinha dele e tentar conquistá-lo.Mas o resultado?Mal assinou o contrato e Bruno já tinha pedido à imobiliária para vender o imóvel.Juliana podia até imaginar o rosto verde de raiva que Laura deve ter feito ao descobrir isso.Vítor soltou um resmungo indignado:— Juliana, fica tranquila! O Bruno nunca vai gostar de uma mulher
Desde a última vez que se encontraram, já havia passado um bom tempo, foi no feriado de Primeiro de Maio daquele ano.Catarina tinha voltado do exterior para a cidade A e disse a todos que, dali em diante, queria ficar no país e construir sua vida aqui. Não pretendia mais ir embora.Todos sabiam muito bem o verdadeiro motivo.O sentimento que Catarina nutria por Bruno já era praticamente um segredo conhecido por todos.Por causa dele, ela já tinha vinte e seis anos e continuava solteira. Entre as mulheres da sua idade, ela parecia uma exceção, quase deslocada.A família Moreira, mais de uma vez, tentou aconselhá-la com carinho: já estava na hora de seguir em frente, de gostar de outra pessoa. Entre ela e Bruno, não havia qualquer possibilidade.Se existisse, depois de tantos anos correndo atrás, mais de uma década! O coração de Bruno já teria amolecido, não é?— Vítor!No momento em que Vítor começou a suar frio, sem saber o que fazer, Catarina já o tinha avistado.Ela levantou a mão
Quando viu Catarina finalmente se afastar, Vítor soltou um longo suspiro de alívio.— Juliana, ela não é minha irmã de sangue... A relação entre a gente é só isso mesmo, nada além disso.A reunião de pais ainda não tinha começado oficialmente.Aproveitando o tempo, Vítor levou Juliana para dar uma volta pela escola.Como uma das melhores instituições de ensino médio da Cidade A, todas as instalações eram de altíssimo nível, entre as melhores do país.Para Juliana, no entanto, tudo parecia exatamente como ela lembrava do passado.Naquele momento, o lugar mais movimentado era o campo esportivo.Era horário do intervalo, e quase todos os alunos do primeiro ano estavam lá, conversando animadamente, em pequenos grupos.Juliana ficou parada na entrada por um tempo, observando aquela energia juvenil, antes de seguir Vítor para outro local.Eles chegaram a uma estufa aberta, com paredes de vidro.Lá dentro, uma grande variedade de plantas e flores era cultivada com todo cuidado. O ambiente hav
À distância.Bianca caminhava ao lado de Gustavo, mas estava claramente distraída.— Irmão, já falei que não precisava vir... É só uma reunião de pais, não tem por que você perder tempo com isso. — Disse ela, fazendo um biquinho contrariado.Nas reuniões anteriores, sempre dava um jeito: pagava alguém para fingir ser seu responsável.Os professores, cientes de sua posição como filha da família Costa, preferiam não se envolver e fingiam não perceber.Mas hoje… Sabe-se lá por quê, o Gustavo apareceu sem ser chamado.Já estava no portão da escola quando ligou, mandando ela ir buscar ele.Só de pensar na nota da última prova, penúltima colocada da turma, Bianca já sentia dor de cabeça.Ela não gostava de estudar.Ora, dinheiro na família Costa era o que não faltava. Havia o suficiente para ela gastar por várias vidas. Então, por que se matar de esforço?Se não conseguisse entrar numa boa universidade no país, poderia muito bem ir para o exterior, fazer um intercâmbio de luxo e voltar com u
Até agora, Catarina vinha mantendo um tom educado apenas por consideração ao Vítor.Mas naquele momento… Quem exatamente era aquela garota, afinal?Catarina franziu a testa, seu olhar carregado de desprezo.— Vou avisar uma única vez: não tente se aproximar do Vítor com segundas intenções. Ele é puro, inocente... E a família Moreira não é algo que você possa sequer sonhar em alcançar.A última frase saiu com uma superioridade cortante, como se fosse dita de um pedestal inatingível.Qualquer outra pessoa provavelmente teria se sentido humilhada, diminuída diante daquilo.Mas Juliana não era qualquer pessoa.Ela não reagia como a maioria.Diante daquela provocação velada, ela apenas esboçou um leve sorriso, um sorriso frio, que não chegava aos olhos.Brincando com a caneta que girava lentamente entre seus dedos, respondeu com uma voz calma, quase indiferente:— E eu preciso me esforçar para ter acesso? Ah, aliás... você sabe o quanto o Vítor é carinhoso comigo? Ele vem falar comigo todos
Vítor achava que Bianca só podia estar fora da realidade.Ele sempre a tratara daquele jeito, e agora ela vinha insinuar que alguém havia falado mal dela para ele?Quanta autoestima exagerada!Ele nunca teve paciência para bajulações. Com o cenho franzido, decidiu ser direto:— Bianca, será que você pode parar de se iludir? Quem ia perder tempo falando mal de você? Você acha que todo mundo é igual a você, fofoqueira?Eles estudavam na mesma turma. As conversas paralelas, os burburinhos nos intervalos… Era impossível não ouvir.E Bianca, sentada ao lado dele, não parava de tagarelar.Falava sobre quem estava namorando quem, qual professora estava grávida, quantos filhos fulano já tinha.Tudo irrelevante, tudo entediante.As palavras afiadas de Vítor fizeram o rosto de Bianca empalidecer no ato.A forma como ela sempre tentara chamar a atenção dele… Agora, nos lábios dele, isso virava fofoca barata?O gosto amargo da humilhação subiu à garganta, e lágrimas brotaram nos olhos dela, invol
Estava chegando a reta final para o vestibular, e ele fazia parte daquele grupo da sala que simplesmente não aceitava regras.Inteligente ele sempre foi, o problema é que nunca usava isso a seu favor nos estudos.Nas provas, muitas vezes entregava a folha em branco, sem ao menos tentar.Mais tarde, ao que tudo indicava, a família Costa procurou Juliana, e foi então que ela passou a acompanhar de perto a rotina de estudos dele.Sempre paciente, explicava as questões difíceis uma vez, duas vezes, e quantas mais fossem necessárias.Gustavo, com seu temperamento rebelde e orgulhoso, não se curvava a ninguém... Mas acabou se rendendo à Juliana.As lembranças vinham doces e amargas ao mesmo tempo, como era possível que eles, que antes se davam tão bem, tivessem chegado àquela distância fria de hoje?Por um instante, Gustavo ficou perdido nesses pensamentos.Quando voltou a si, a reunião de pais já havia terminado.Do lado esquerdo, Juliana já não estava mais.Ele se levantou e saiu da sala.
O que os quatro comentavam lá fora, o que pensavam ou especulavam, Juliana nem imaginava.Dentro do salão reservado, o clima era completamente outro.Vítor, empolgado, havia pedido praticamente todos os pratos mais famosos do restaurante.— Juliana, dá uma olhada aí e vê se tem mais alguma coisa que você quer comer! Pode pedir sem medo! Hoje é por minha conta! Aquela sensação de perigo parecia ter passado.Até o momento, ninguém da família havia entrado em contato, então tudo indicava que ainda não sabiam da reunião de pais.Quanto à Catarina...Na cabeça de Vítor, ela não era do tipo que saía espalhando as coisas por aí.Mas... Se tivesse falado...Ele ia causar, e muito!Empurrou o cardápio na direção de Juliana, ainda tentando entender como Catarina tinha descoberto sobre a tal reunião.Não fazia sentido que, do nada, ela resolvesse se preocupar com ele.Só de pensar nisso, um arrepio percorreu sua espinha. Balançou a cabeça, tentando afastar a ideia.— O que você já pediu é mais d