À distância.Bianca caminhava ao lado de Gustavo, mas estava claramente distraída.— Irmão, já falei que não precisava vir... É só uma reunião de pais, não tem por que você perder tempo com isso. — Disse ela, fazendo um biquinho contrariado.Nas reuniões anteriores, sempre dava um jeito: pagava alguém para fingir ser seu responsável.Os professores, cientes de sua posição como filha da família Costa, preferiam não se envolver e fingiam não perceber.Mas hoje… Sabe-se lá por quê, o Gustavo apareceu sem ser chamado.Já estava no portão da escola quando ligou, mandando ela ir buscar ele.Só de pensar na nota da última prova, penúltima colocada da turma, Bianca já sentia dor de cabeça.Ela não gostava de estudar.Ora, dinheiro na família Costa era o que não faltava. Havia o suficiente para ela gastar por várias vidas. Então, por que se matar de esforço?Se não conseguisse entrar numa boa universidade no país, poderia muito bem ir para o exterior, fazer um intercâmbio de luxo e voltar com u
Até agora, Catarina vinha mantendo um tom educado apenas por consideração ao Vítor.Mas naquele momento… Quem exatamente era aquela garota, afinal?Catarina franziu a testa, seu olhar carregado de desprezo.— Vou avisar uma única vez: não tente se aproximar do Vítor com segundas intenções. Ele é puro, inocente... E a família Moreira não é algo que você possa sequer sonhar em alcançar.A última frase saiu com uma superioridade cortante, como se fosse dita de um pedestal inatingível.Qualquer outra pessoa provavelmente teria se sentido humilhada, diminuída diante daquilo.Mas Juliana não era qualquer pessoa.Ela não reagia como a maioria.Diante daquela provocação velada, ela apenas esboçou um leve sorriso, um sorriso frio, que não chegava aos olhos.Brincando com a caneta que girava lentamente entre seus dedos, respondeu com uma voz calma, quase indiferente:— E eu preciso me esforçar para ter acesso? Ah, aliás... você sabe o quanto o Vítor é carinhoso comigo? Ele vem falar comigo todos
Vítor achava que Bianca só podia estar fora da realidade.Ele sempre a tratara daquele jeito, e agora ela vinha insinuar que alguém havia falado mal dela para ele?Quanta autoestima exagerada!Ele nunca teve paciência para bajulações. Com o cenho franzido, decidiu ser direto:— Bianca, será que você pode parar de se iludir? Quem ia perder tempo falando mal de você? Você acha que todo mundo é igual a você, fofoqueira?Eles estudavam na mesma turma. As conversas paralelas, os burburinhos nos intervalos… Era impossível não ouvir.E Bianca, sentada ao lado dele, não parava de tagarelar.Falava sobre quem estava namorando quem, qual professora estava grávida, quantos filhos fulano já tinha.Tudo irrelevante, tudo entediante.As palavras afiadas de Vítor fizeram o rosto de Bianca empalidecer no ato.A forma como ela sempre tentara chamar a atenção dele… Agora, nos lábios dele, isso virava fofoca barata?O gosto amargo da humilhação subiu à garganta, e lágrimas brotaram nos olhos dela, invol
Estava chegando a reta final para o vestibular, e ele fazia parte daquele grupo da sala que simplesmente não aceitava regras.Inteligente ele sempre foi, o problema é que nunca usava isso a seu favor nos estudos.Nas provas, muitas vezes entregava a folha em branco, sem ao menos tentar.Mais tarde, ao que tudo indicava, a família Costa procurou Juliana, e foi então que ela passou a acompanhar de perto a rotina de estudos dele.Sempre paciente, explicava as questões difíceis uma vez, duas vezes, e quantas mais fossem necessárias.Gustavo, com seu temperamento rebelde e orgulhoso, não se curvava a ninguém... Mas acabou se rendendo à Juliana.As lembranças vinham doces e amargas ao mesmo tempo, como era possível que eles, que antes se davam tão bem, tivessem chegado àquela distância fria de hoje?Por um instante, Gustavo ficou perdido nesses pensamentos.Quando voltou a si, a reunião de pais já havia terminado.Do lado esquerdo, Juliana já não estava mais.Ele se levantou e saiu da sala.
O que os quatro comentavam lá fora, o que pensavam ou especulavam, Juliana nem imaginava.Dentro do salão reservado, o clima era completamente outro.Vítor, empolgado, havia pedido praticamente todos os pratos mais famosos do restaurante.— Juliana, dá uma olhada aí e vê se tem mais alguma coisa que você quer comer! Pode pedir sem medo! Hoje é por minha conta! Aquela sensação de perigo parecia ter passado.Até o momento, ninguém da família havia entrado em contato, então tudo indicava que ainda não sabiam da reunião de pais.Quanto à Catarina...Na cabeça de Vítor, ela não era do tipo que saía espalhando as coisas por aí.Mas... Se tivesse falado...Ele ia causar, e muito!Empurrou o cardápio na direção de Juliana, ainda tentando entender como Catarina tinha descoberto sobre a tal reunião.Não fazia sentido que, do nada, ela resolvesse se preocupar com ele.Só de pensar nisso, um arrepio percorreu sua espinha. Balançou a cabeça, tentando afastar a ideia.— O que você já pediu é mais d
Mal a mensagem foi enviada e, um segundo depois, o WhatsApp exibiu a notificação:[Você foi removida do grupo.]Catarina congelou.— O quê?! — Sussurrou para si mesma, incrédula.Vítor... Tinha chutado ela do grupo?Quando finalmente processou o que havia acontecido, quase riu, não de diversão, mas de pura raiva.Ao seu lado esquerdo, Bianca foi a primeira a notar a mudança em sua expressão:— Catarina, você tá pálida... Tá se sentindo bem? — Perguntou, preocupada.Com a pergunta pairando no ar, os olhares de todos à mesa se voltaram automaticamente para ela.Catarina apertou o celular com força nas mãos. Depois, devagar, foi relaxando, respirando fundo para se recompor.Virou-se para Gustavo, o olhar frio, mas carregado de dúvidas:— Sr. Gustavo... Tenho uma pergunta. Só não sei se devo fazê-la.— Pergunte. — Afinal... Qual é a verdadeira relação entre a Juliana e o seu tio Bruno?Tudo o que ela sabia até então era uma história sólida e respeitável, Juliana havia sido noiva de Gustav
Mais uma... Outra mulher atraída pelo magnetismo perigoso de Bruno!O rosto de Catarina ficou imediatamente sombrio.Suas mãos se fecharam em punhos, os dedos quase cravando nas palmas.Ela sabia que homens como Bruno sempre atraíam pretendentes.Na época da escola, o armário dele vivia entupido de cartas de amor.Onde quer que ele fosse, sempre tinha alguém querendo se declarar.No começo, isso a deixava insegura.Mas, depois de vê-lo recusar tantas garotas, uma após a outra, ela aprendeu a ignorar.Se nem ela, com toda a sua beleza, inteligência e uma família impecável, conseguia abalar o coração dele, por que perder tempo sentindo ciúmes de mulheres inferiores?Catarina admirava a força.Em todos os seus vinte e seis anos, Bruno ocupava o primeiro lugar no seu coração.Ela só queria se casar com ele. Não existia outro.Chegou a tentar acelerar os estudos, fazendo provas para pular séries e, finalmente, estudar na mesma turma que Bruno.Mas, mal conseguiu passar nos exames, ele já ha
— Desculpa. — Murmurou Juliana, instintivamente.Bruno não respondeu.Tudo o que sentia era o perfume suave de Juliana, pairando no ar, envolvente e discreto, mexendo com seus sentidos.Seus olhos escureceram, e ele precisou baixar o olhar, tentando esconder a emoção repentina que ameaçava transbordar.A proximidade dos dois incendiou a raiva de Laura.Seu rosto se contorceu em fúria, os dedos se fecharam em punhos tão apertados que as unhas cravaram na pele sem que ela sequer notasse a dor.— Juliana, o que você está fazendo aqui?! — Disparou Laura, sem sequer tentar disfarçar a indignação.Juliana precisou conter o impulso de revirar os olhos.— Essa pergunta não deveria ser minha? Nós estamos jantando aqui. E você… O que faz parada na porta? Não sabia que a Srta. Laura tinha o hábito de escutar conversas atrás da porta.A última frase atingiu Laura em cheio, derrubando qualquer resquício de controle.Ela lançou um olhar fulminante para Juliana, os olhos brilhando de ódio.As informa