Estava chegando a reta final para o vestibular, e ele fazia parte daquele grupo da sala que simplesmente não aceitava regras.Inteligente ele sempre foi, o problema é que nunca usava isso a seu favor nos estudos.Nas provas, muitas vezes entregava a folha em branco, sem ao menos tentar.Mais tarde, ao que tudo indicava, a família Costa procurou Juliana, e foi então que ela passou a acompanhar de perto a rotina de estudos dele.Sempre paciente, explicava as questões difíceis uma vez, duas vezes, e quantas mais fossem necessárias.Gustavo, com seu temperamento rebelde e orgulhoso, não se curvava a ninguém... Mas acabou se rendendo à Juliana.As lembranças vinham doces e amargas ao mesmo tempo, como era possível que eles, que antes se davam tão bem, tivessem chegado àquela distância fria de hoje?Por um instante, Gustavo ficou perdido nesses pensamentos.Quando voltou a si, a reunião de pais já havia terminado.Do lado esquerdo, Juliana já não estava mais.Ele se levantou e saiu da sala.
O que os quatro comentavam lá fora, o que pensavam ou especulavam, Juliana nem imaginava.Dentro do salão reservado, o clima era completamente outro.Vítor, empolgado, havia pedido praticamente todos os pratos mais famosos do restaurante.— Juliana, dá uma olhada aí e vê se tem mais alguma coisa que você quer comer! Pode pedir sem medo! Hoje é por minha conta! Aquela sensação de perigo parecia ter passado.Até o momento, ninguém da família havia entrado em contato, então tudo indicava que ainda não sabiam da reunião de pais.Quanto à Catarina...Na cabeça de Vítor, ela não era do tipo que saía espalhando as coisas por aí.Mas... Se tivesse falado...Ele ia causar, e muito!Empurrou o cardápio na direção de Juliana, ainda tentando entender como Catarina tinha descoberto sobre a tal reunião.Não fazia sentido que, do nada, ela resolvesse se preocupar com ele.Só de pensar nisso, um arrepio percorreu sua espinha. Balançou a cabeça, tentando afastar a ideia.— O que você já pediu é mais d
Mal a mensagem foi enviada e, um segundo depois, o WhatsApp exibiu a notificação:[Você foi removida do grupo.]Catarina congelou.— O quê?! — Sussurrou para si mesma, incrédula.Vítor... Tinha chutado ela do grupo?Quando finalmente processou o que havia acontecido, quase riu, não de diversão, mas de pura raiva.Ao seu lado esquerdo, Bianca foi a primeira a notar a mudança em sua expressão:— Catarina, você tá pálida... Tá se sentindo bem? — Perguntou, preocupada.Com a pergunta pairando no ar, os olhares de todos à mesa se voltaram automaticamente para ela.Catarina apertou o celular com força nas mãos. Depois, devagar, foi relaxando, respirando fundo para se recompor.Virou-se para Gustavo, o olhar frio, mas carregado de dúvidas:— Sr. Gustavo... Tenho uma pergunta. Só não sei se devo fazê-la.— Pergunte. — Afinal... Qual é a verdadeira relação entre a Juliana e o seu tio Bruno?Tudo o que ela sabia até então era uma história sólida e respeitável, Juliana havia sido noiva de Gustav
Mais uma... Outra mulher atraída pelo magnetismo perigoso de Bruno!O rosto de Catarina ficou imediatamente sombrio.Suas mãos se fecharam em punhos, os dedos quase cravando nas palmas.Ela sabia que homens como Bruno sempre atraíam pretendentes.Na época da escola, o armário dele vivia entupido de cartas de amor.Onde quer que ele fosse, sempre tinha alguém querendo se declarar.No começo, isso a deixava insegura.Mas, depois de vê-lo recusar tantas garotas, uma após a outra, ela aprendeu a ignorar.Se nem ela, com toda a sua beleza, inteligência e uma família impecável, conseguia abalar o coração dele, por que perder tempo sentindo ciúmes de mulheres inferiores?Catarina admirava a força.Em todos os seus vinte e seis anos, Bruno ocupava o primeiro lugar no seu coração.Ela só queria se casar com ele. Não existia outro.Chegou a tentar acelerar os estudos, fazendo provas para pular séries e, finalmente, estudar na mesma turma que Bruno.Mas, mal conseguiu passar nos exames, ele já ha
— Desculpa. — Murmurou Juliana, instintivamente.Bruno não respondeu.Tudo o que sentia era o perfume suave de Juliana, pairando no ar, envolvente e discreto, mexendo com seus sentidos.Seus olhos escureceram, e ele precisou baixar o olhar, tentando esconder a emoção repentina que ameaçava transbordar.A proximidade dos dois incendiou a raiva de Laura.Seu rosto se contorceu em fúria, os dedos se fecharam em punhos tão apertados que as unhas cravaram na pele sem que ela sequer notasse a dor.— Juliana, o que você está fazendo aqui?! — Disparou Laura, sem sequer tentar disfarçar a indignação.Juliana precisou conter o impulso de revirar os olhos.— Essa pergunta não deveria ser minha? Nós estamos jantando aqui. E você… O que faz parada na porta? Não sabia que a Srta. Laura tinha o hábito de escutar conversas atrás da porta.A última frase atingiu Laura em cheio, derrubando qualquer resquício de controle.Ela lançou um olhar fulminante para Juliana, os olhos brilhando de ódio.As informa
Juliana deu de cara com Catarina.O olhar da outra estava carregado de hostilidade, e sua expressão era a pior possível.Os olhos brilhavam com um ressentimento contido.Vítor arregalou os olhos, surpreso:— Catarina? O que você tá fazendo aqui?Ao ver o rosto inocente e bonito do irmão mais novo, Catarina sentiu um incômodo estranho crescer dentro dela.Respirou fundo, tentando reprimir a irritação, e respondeu com um tom frio, distante:— Aproveitei para jantar com a Bianca e outros.Depois disso, olhou para ele de novo e perguntou, com a voz baixa, mas exigente:— Eu te liguei. Por que você não atendeu?Ela não ousava questionar Bruno diretamente.Tinha medo de que qualquer deslize despertasse o desprezo dele.Apelo menos, até aquele momento, ela era a única mulher que conseguia permanecer ao lado de Bruno por tanto tempo.Ele nunca respondia suas mensagens… Mas também não a bloqueava.E isso, na cabeça dela, já queria dizer muita coisa.Significava que, no coração de Bruno, ela ain
Catarina deu um passo à frente.— Bruno… Mas ele virou-se para Juliana e, com a voz fria e distante, disse:— Srta. Juliana, eu e você não temos essa intimidade, não é mesmo?O tom era diferente de antes.Catarina percebeu imediatamente a impaciência nas palavras dele.Seu rosto ficou pálido na mesma hora.— Bruno… A gente se conhece há tanto tempo… Não precisa ser assim, por favor. — Murmurou ela, tentando manter a dignidade.Se fosse colocar tudo na ponta do lápis, desde a adolescência, ainda no ensino fundamental, quando começou a entender o que era o primeiro amor, ela já havia se apaixonado por ele.Desde então, carregava aquela certeza dentro do peito: um dia, seria a esposa de Bruno. A Sra. Mendes, elegante, respeitada, admirada.Quando era mais nova, chegou até a contar isso para a família.No começo, todos achavam fofo e apoiavam seu sonho.Mas, com o tempo, as coisas começaram a mudar.De repente, todos tentavam convencê-la a desistir.Diziam que havia muitos homens bons no
— Nunca! Nunca namoraram! O Bruno nem dá bola para Catarina! — Vítor se apressou em explicar, gesticulando com as mãos, nervoso, com medo de que Juliana tivesse entendido errado.Na verdade, ele mesmo quase nunca tinha visto Bruno e Catarina sozinhos.A última vez… Devia ter sido uns três ou quatro anos atrás.Naquele Réveillon, quando a família Moreira foi visitar a família Mendes para desejar feliz ano novo. Coincidentemente, Bruno também estava de volta ao país.Catarina, como sempre, toda animada, cheia de entusiasmo.Mas Bruno… Frio do começo ao fim.Ele nunca dava brecha.E quando recusava as investidas dela, fazia isso direto, cortante, sem enrolação.Na cabeça de Vítor, Bruno era um exemplo a ser seguido.Ele já tinha decidido: jamais seguiria o exemplo do irmão Thiago!Thiago… Sempre simpático com todas as mulheres, mas sem nunca se apegar a nenhuma.Na linguagem da internet, um verdadeiro ar-condicionado central: esparramava charme para todo lado.— Juliana, olha… Você pode d