Catarina deu um passo à frente.— Bruno… Mas ele virou-se para Juliana e, com a voz fria e distante, disse:— Srta. Juliana, eu e você não temos essa intimidade, não é mesmo?O tom era diferente de antes.Catarina percebeu imediatamente a impaciência nas palavras dele.Seu rosto ficou pálido na mesma hora.— Bruno… A gente se conhece há tanto tempo… Não precisa ser assim, por favor. — Murmurou ela, tentando manter a dignidade.Se fosse colocar tudo na ponta do lápis, desde a adolescência, ainda no ensino fundamental, quando começou a entender o que era o primeiro amor, ela já havia se apaixonado por ele.Desde então, carregava aquela certeza dentro do peito: um dia, seria a esposa de Bruno. A Sra. Mendes, elegante, respeitada, admirada.Quando era mais nova, chegou até a contar isso para a família.No começo, todos achavam fofo e apoiavam seu sonho.Mas, com o tempo, as coisas começaram a mudar.De repente, todos tentavam convencê-la a desistir.Diziam que havia muitos homens bons no
— Nunca! Nunca namoraram! O Bruno nem dá bola para Catarina! — Vítor se apressou em explicar, gesticulando com as mãos, nervoso, com medo de que Juliana tivesse entendido errado.Na verdade, ele mesmo quase nunca tinha visto Bruno e Catarina sozinhos.A última vez… Devia ter sido uns três ou quatro anos atrás.Naquele Réveillon, quando a família Moreira foi visitar a família Mendes para desejar feliz ano novo. Coincidentemente, Bruno também estava de volta ao país.Catarina, como sempre, toda animada, cheia de entusiasmo.Mas Bruno… Frio do começo ao fim.Ele nunca dava brecha.E quando recusava as investidas dela, fazia isso direto, cortante, sem enrolação.Na cabeça de Vítor, Bruno era um exemplo a ser seguido.Ele já tinha decidido: jamais seguiria o exemplo do irmão Thiago!Thiago… Sempre simpático com todas as mulheres, mas sem nunca se apegar a nenhuma.Na linguagem da internet, um verdadeiro ar-condicionado central: esparramava charme para todo lado.— Juliana, olha… Você pode d
Mas… Aquele era o Bruno.Juliana fixou o olhar nos olhos dele.Ele sustentou o olhar, firme, não havia nenhum traço de mentira ali.A última sombra de inquietação dentro dela desapareceu completamente.Bruno endireitou o corpo e, com elegância, abriu a porta do carro para ela:— Srta. Juliana, tá frio aqui fora. Vamos conversar no carro?O banco traseiro era espaçoso.Bruno sentou-se de frente para ela, as pernas longas levemente dobradas, com um notebook fino apoiado sobre os joelhos.Ele passou suavemente o dorso da mão no nariz e recolocou os óculos.A luz azulada da tela iluminava seu rosto, tornando impossível enxergar claramente seus olhos.Por alguns instantes, o único som no carro era o da respiração dos dois e o tec-tec suave das teclas sob os dedos ágeis de Bruno.Sem perceber, o olhar de Juliana pousou sobre ele.Pensamentos aleatórios começaram a surgir na mente dela… Imagens inesperadas… Até aquelas lembranças constrangedoras que ela tanto queria esquecer voltaram, uma a u
A voz baixa de Bruno soou sem emoção.Seu olhar permanecia fixo no lado de fora da janela.Seguindo a direção do olhar dele, Juliana notou um Maybach preto estacionado não muito longe dali.A placa especial deixava claro o status elevado de quem estava dentro do carro.Era o carro que Gustavo costumava usar.Juliana desviou o olhar, fria, desinteressada.Não sentia a menor curiosidade sobre o motivo de ele estar ali àquela hora da noite.Dentro do Maybach, Bianca estava sentada ao lado de Gustavo.Catarina e Helena não estavam mais lá. Depois que saíram do restaurante, cada uma seguiu seu caminho.Ainda sonolenta, Bianca esfregou os olhos.Ao perceber que não estavam indo para casa, o sono sumiu na hora.— Irmão… O que você veio fazer aqui? A mamãe mandou a gente voltar cedo… — Comentou, confusa.Ela olhou para o rosto sério do irmão, tentando adivinhar o que passava pela cabeça dele.Mas o olhar de Gustavo continuava fixo em um único ponto: o prédio bem à frente.Os olhos dele estavam
A roupa era exatamente a mesma que ele usava naquele dia.Não era uma foto preparada com antecedência, ele realmente havia voltado para casa.Juliana ficou momentaneamente atordoada.Ela se lembrou de um caso que havia atendido certa vez.O marido da cliente parecia o homem perfeito. Eles viviam um relacionamento à distância, mas conversavam todos os dias. Mesmo depois de dois anos juntos, o jeito deles continuava como no início do namoro, cheio de paixão.Só que, após uma investigação, descobriu-se que todas aquelas conversas diárias eram feitas por pessoas contratadas para fingirem ser ele. O verdadeiro namorado, por outro lado, andava por aí, se divertindo com outras mulheres.As mensagens de "cheguei em casa", os vídeos... Tudo era material previamente gravado. Ele passava um dia inteiro produzindo esse conteúdo, e usava tudo durante um ou dois meses.Se não fosse por uma garota que apareceu para desmascará-lo, a cliente teria continuado iludida.Ainda bem que a verdade veio à ton
Juliana sabia separar as coisas.Com Larissa e a pequena Carolina, sua atitude era suave, acolhedora.Joaquim, observando de longe, por um breve momento enxergou ali a Juliana de antigamente, aquela menina doce e tranquila de quem ele se lembrava tão bem.Ele seguia alguns passos atrás das duas.Quando atendeu a uma ligação urgente, saiu apressado, deixando-as sozinhas.O sorriso no rosto de Larissa foi se apagando pouco a pouco.— Ju... Podemos achar um lugar tranquilo pra sentar e conversar só nós duas? — Pediu, com um olhar sério.Carolina ficou sob os cuidados da babá que Joaquim havia contratado. A mulher levou a menininha para brincar no shopping ao lado.A doceria onde elas entraram tinha uma decoração moderna, com um toque colorido e descolado.Normalmente, o lugar estava sempre cheio de jovens tirando fotos para postar nas redes sociais.Mas, naquele dia chuvoso, o ambiente estava silencioso e aconchegante.As duas escolheram uma mesa discreta, num cantinho afastado.Larissa p
Carolina havia desaparecido.Ao ouvir aquela notícia devastadora, Larissa ficou tão nervosa que esbarrou na xícara sobre a mesa, derrubando o chocolate quente. O líquido escorreu pela borda, pingando no chão em gotas pesadas.Ela nem percebeu a bagunça, virou-se e saiu correndo em completo desespero.Juliana pagou a conta rapidamente e foi atrás dela.— Larissa, calma! — Chamou, segurando seu braço. — Não adianta se desesperar. O shopping tem câmeras em todos os cantos. A Carol não deve ter ido longe.Mas Larissa estava completamente fora de si, incapaz de pensar com clareza.Seu corpo tremia, sentia-se gelada por dentro e por fora; o mundo parecia girar ao seu redor.Juliana a segurou com firmeza, tentando passar segurança. Sua voz saiu firme, quase fria, enquanto analisava a situação de forma racional.Pegou o celular das mãos trêmulas de Larissa e ligou diretamente para Joaquim.— Sua filha desapareceu. — Disse, sem rodeios. — Venha o mais rápido possível. Traga mais gente. Quanto m
Sarah apertava os dentes, o olhar carregado de ódio.— Juliana, o que você tá fazendo aqui?! — Disparou, a voz cheia de veneno.Juliana já estava mais do que acostumada a esse tipo de ataque coletivo.Levantou o olhar com calma, o semblante frio e indiferente passando por cada um deles.Em seguida, soltou uma risada baixa, carregada de desprezo:— O shopping é de vocês, por acaso? Um conselho, não exagerem.A família Rodrigues… Todos iguais, nojentos na mesma medida.E quanto mais feias ficavam as expressões deles, mais satisfeita Juliana se sentia.Joaquim sequer olhou na direção dela.Naquele momento, Juliana não era prioridade.Com o rosto tenso, ele virou-se diretamente para Larissa, o cenho franzido de raiva:— Larissa, eu só fiquei fora por menos de duas horas! A Carol estava com você! É assim que você cuida da nossa filha?! — Acusou, cruel.Larissa já estava no limite, completamente desestabilizada.Diante da bronca do marido, desabou de vez.Com os olhos cheios de lágrimas e o