Juliana sabia separar as coisas.Com Larissa e a pequena Carolina, sua atitude era suave, acolhedora.Joaquim, observando de longe, por um breve momento enxergou ali a Juliana de antigamente, aquela menina doce e tranquila de quem ele se lembrava tão bem.Ele seguia alguns passos atrás das duas.Quando atendeu a uma ligação urgente, saiu apressado, deixando-as sozinhas.O sorriso no rosto de Larissa foi se apagando pouco a pouco.— Ju... Podemos achar um lugar tranquilo pra sentar e conversar só nós duas? — Pediu, com um olhar sério.Carolina ficou sob os cuidados da babá que Joaquim havia contratado. A mulher levou a menininha para brincar no shopping ao lado.A doceria onde elas entraram tinha uma decoração moderna, com um toque colorido e descolado.Normalmente, o lugar estava sempre cheio de jovens tirando fotos para postar nas redes sociais.Mas, naquele dia chuvoso, o ambiente estava silencioso e aconchegante.As duas escolheram uma mesa discreta, num cantinho afastado.Larissa p
Carolina havia desaparecido.Ao ouvir aquela notícia devastadora, Larissa ficou tão nervosa que esbarrou na xícara sobre a mesa, derrubando o chocolate quente. O líquido escorreu pela borda, pingando no chão em gotas pesadas.Ela nem percebeu a bagunça, virou-se e saiu correndo em completo desespero.Juliana pagou a conta rapidamente e foi atrás dela.— Larissa, calma! — Chamou, segurando seu braço. — Não adianta se desesperar. O shopping tem câmeras em todos os cantos. A Carol não deve ter ido longe.Mas Larissa estava completamente fora de si, incapaz de pensar com clareza.Seu corpo tremia, sentia-se gelada por dentro e por fora; o mundo parecia girar ao seu redor.Juliana a segurou com firmeza, tentando passar segurança. Sua voz saiu firme, quase fria, enquanto analisava a situação de forma racional.Pegou o celular das mãos trêmulas de Larissa e ligou diretamente para Joaquim.— Sua filha desapareceu. — Disse, sem rodeios. — Venha o mais rápido possível. Traga mais gente. Quanto m
Sarah apertava os dentes, o olhar carregado de ódio.— Juliana, o que você tá fazendo aqui?! — Disparou, a voz cheia de veneno.Juliana já estava mais do que acostumada a esse tipo de ataque coletivo.Levantou o olhar com calma, o semblante frio e indiferente passando por cada um deles.Em seguida, soltou uma risada baixa, carregada de desprezo:— O shopping é de vocês, por acaso? Um conselho, não exagerem.A família Rodrigues… Todos iguais, nojentos na mesma medida.E quanto mais feias ficavam as expressões deles, mais satisfeita Juliana se sentia.Joaquim sequer olhou na direção dela.Naquele momento, Juliana não era prioridade.Com o rosto tenso, ele virou-se diretamente para Larissa, o cenho franzido de raiva:— Larissa, eu só fiquei fora por menos de duas horas! A Carol estava com você! É assim que você cuida da nossa filha?! — Acusou, cruel.Larissa já estava no limite, completamente desestabilizada.Diante da bronca do marido, desabou de vez.Com os olhos cheios de lágrimas e o
O tempo passava, segundo após segundo.Mais uma hora se esvaiu.E quanto mais o relógio avançava, mais delicada e perigosa se tornava a situação de Carolina.Hildo franziu a testa com força. Seu olhar percorria cada canto do ambiente, atento, procurando qualquer possível esconderijo ou uma rota de fuga que escapasse das câmeras de segurança.— Policial Hildo.Uma voz feminina, fria e serena, soou repentinamente em seu ouvido.Hildo virou-se de imediato.— O que foi?Diante dele, estava uma mulher de rosto limpo, sem maquiagem. Seus cabelos negros contrastavam com a pele clara. Mesmo vestindo roupas simples e discretas, havia nela uma elegância natural, impossível de ignorar em meio à multidão.O coração endurecido de Hildo suavizou-se sem que ele percebesse.— Quem levou a Carolina... Acho que foi o Felipe Rodrigues.No momento em que o nome foi dito com clareza, o rosto de Raul empalideceu instantaneamente. Ele avançou num ímpeto, tentando empurrar Juliana, mas Hildo se colocou à fren
Capítulo 0196O tempo passava, segundo após segundo.Mais uma hora se esvaiu.E quanto mais o relógio avançava, mais delicada e perigosa se tornava a situação de Carolina.Hildo franziu a testa com força. Seu olhar percorria cada canto do ambiente, atento, procurando qualquer possível esconderijo ou uma rota de fuga que escapasse das câmeras de segurança.— Policial Hildo.Uma voz feminina, fria e serena, soou repentinamente em seu ouvido.Hildo virou-se de imediato.— O que foi?Diante dele, estava uma mulher de rosto limpo, sem maquiagem. Seus cabelos negros contrastavam com a pele clara. Mesmo vestindo roupas simples e discretas, havia nela uma elegância natural, impossível de ignorar em meio à multidão.O coração endurecido de Hildo suavizou-se sem que ele percebesse.— Quem levou a Carolina... Pode ter sido o Felipe Rodrigues.No momento em que o nome foi dito com clareza, o rosto de Raul empalideceu instantaneamente. Ele avançou num ímpeto, tentando empurrar Juliana, mas Hildo se
O local estava tomado pelo caos.As têmporas de Hildo pulsavam, e ele levou a mão à testa, massageando levemente. Sua voz saiu fria e firme, carregada de autoridade:— Assuntos de família vocês resolvem em casa. Agora, o mais urgente é encontrar a criança. Do jeito que estão, só estão perdendo tempo.Diante da força em suas palavras, a família Rodrigues finalmente começou a se acalmar.Raul respirava com dificuldade. O peito subia e descia rápido, tomado pela ansiedade e pela raiva. Não conseguia mais ficar ali parado. Precisava confirmar algo.— Continuem procurando. Eu... Eu vou ao banheiro. — Disse, já virando as costas e saindo às pressas.Saiu tão rápido que parecia estar fugindo de cães raivosos.Sarah, com a ajuda de Viviane, levantou-se do chão, ainda trêmula. Seus olhos seguiram o marido que se afastava, enquanto as palavras de Juliana ecoavam na cabeça dela. Felipe… O tal Felipe…As lágrimas começaram a escorrer sem controle.— Que pecado... Que castigo é esse? — Murmurou,
Todas aquelas cláusulas e detalhes... Sarah já tinha consultado com advogados, entendendo cada ponto com total clareza.Desde o dia em que descobriu a traição de Raul, não teve mais uma noite de sono tranquila.Foram décadas dedicadas à casa, aos filhos, à família. Agora, se quisesse garantir um futuro confortável, precisava cuidar do próprio caminho.Sarah já tinha tudo decidido.Se Raul, no fim das contas, resolvesse colocar as cartas na mesa e pedir o divórcio, ela lutaria com unhas e dentes para conquistar a maior fatia possível na partilha de bens.Os dois filhos, um rapaz e uma moça, com certeza, ficariam do lado dela.Afinal, ela era a vítima. Raul, o culpado.Tudo estava caminhando conforme o planejado.Mas Larissa apareceu para estragar tudo.E, como se não bastasse, agora ainda surgia a notícia de que Raul podia ter um filho bastardo chamado Felipe...— Dona Sarah, a senhora é mesmo do tipo que só sabe bater em quem não reage, né? O sumiço da Carol foi claramente culpa do seu
Carolina veio correndo, passos largos, abraçando forte o ursinho de pelúcia contra o peito.Suas bochechas redondinhas estavam coradas de vermelho intenso, como quem passou tempo demais no frio. Os olhos, grandes e brilhantes como uvas maduras, cintilavam alegria e inocência.Ela se jogou direto no colo da mãe.— Carol!Uma onda avassaladora de alívio e felicidade tomou conta de Larissa.Suas mãos tremiam enquanto apertava a filha contra o peito, as lágrimas escorrendo sem controle.Joaquim também se aproximou rapidamente, estendendo a mão, querendo pegar a filha...Mas Larissa virou o corpo instintivamente, protegendo Carolina.A mão dele parou no ar, sem ter onde pousar.Ficou ali, suspensa por um segundo que pareceu eterno, antes de cair ao lado do corpo, rígida.O rosto de Joaquim, que já estava carregado de tensão, escureceu ainda mais.— Carol, você quase matou a mamãe de susto! Onde você foi, meu amor? Não pode sair correndo desse jeito! Promete que não vai mais fazer isso! — La