Ao ouvir o nome de Gustavo, Juliana franziu levemente as sobrancelhas, por um breve instante.Logo depois, porém, seu rosto voltou à expressão serena de sempre.— E daí? — Disse ela, com um leve sorriso no canto dos lábios. — Vai ver a gente ainda ganha um bom espetáculo de graça.Afinal, o relacionamento dos dois estava longe de ser algo puro ou sincero.Pelo menos Viviane, disso Juliana sabia muito bem, tinha outro homem por aí.Naquele dia, ela, Bruno e Paulo tinham visto Viviane em um restaurante.A cena ainda estava viva na mente de Juliana:Viviane, encurralada contra a parede por um homem que a beijava com força.Nem a silhueta, nem o cabelo do sujeito tinham qualquer semelhança com Gustavo.Mas, pensando bem, o que Viviane fez nem podia ser chamado de traição.Afinal, ela e Gustavo nunca tinham oficializado nada.O que existia entre eles era aquele jogo de fica-não-fica, cheio de insinuações.Ela aproveitava os privilégios de um namoro, mas sem nenhuma responsabilidade.Podia a
Ao captar o olhar de André, Viviane entendeu na hora o que ele queria.Com um sorriso doce, mas forçado, se apressou em dizer: — Guto, o Sr. André com certeza é uma pessoa de confiança... Talvez a gente devesse considerar com mais calma essa proposta...Mas, antes que pudesse terminar, o olhar frio e penetrante de Gustavo, que até então estava cravado em André, se voltou lentamente para ela.Com os olhos semicerrados, ele perguntou, num tom carregado de dúvida:— Vivi, você e o Sr. André... São muito próximos?Enquanto isso, do lado de fora, Leonardo voltava para junto de Camila, com um ar satisfeito, como quem tinha acabado de ganhar na loteria.Depois de garantir o agrado de Viviane, ele se sentia generoso, ou, pelo menos, gostava de fingir que era.Com um sorrisinho no rosto, pediu mais um prato de carne, como se fosse um verdadeiro magnata.Mas Camila estava distante, o olhar perdido, quase alheia ao que acontecia ao redor.Por debaixo da mesa, Leonardo cutucou a perna dela com a
Já dentro do carro, ainda tomada pela irritação, Maia suspirou fundo e comentou em tom de desabafo:— Meu Deus, não existe nada mais assustador do que alguém completamente cego de amor.Ela sempre achou que, no passado, também tivesse sido ingênua e impulsiva ao se apaixonar.Mas agora, comparando com Camila, percebeu claramente que o seu caso nem se aproximava daquele nível absurdo.Juliana concordava em silêncio, balançando a cabeça com um suspiro discreto.Mas, lá no fundo, nenhuma das duas tinha muita moral para falar mal de Camila pelas costas.Especialmente Juliana.Ela sabia muito bem o papel de boba que tinha feito quando estava com Gustavo.Tudo o que Camila fazia agora, ela já tinha feito, e talvez muito pior.Além da típica mente de apaixonada, Juliana ainda somava o papel de cachorrinha fiel, sempre correndo atrás, sem um pingo de orgulho.A única diferença entre ela e Camila era o homem que cada uma escolheu.Gustavo, pelo menos, era alguém que, mesmo aos olhos dos outros,
Essa lógica se aplicava a todos os apaixonados.Juliana não respondeu.— Então, vou te fazer outra pergunta. Quando o Bruno encosta em você, seu coração dispara ou não? — Continuou Maia.Juliana rebateu, num tom defensivo:— E quando algum outro cara encosta em você, seu coração acelera?— Se for alguém de quem eu gosto, claro que sim! — Maia respondeu, firme. — Agora, se for qualquer outro homem, pode ficar tranquila, porque eles nem chegam perto o suficiente para isso acontecer!Maia falava com uma certeza inabalável.Ela era assim: amava ou odiava com a mesma intensidade.Sabia exatamente a linha que separava quem ela gostava de quem não fazia a menor diferença.E mesmo que, por acaso, houvesse algum contato físico, se não fosse com alguém que realmente mexesse com ela, seu coração continuaria calmo, como a superfície de um lago sem vento.Juliana preferiu o silêncio.Como ela poderia admitir que, toda vez que Bruno a tocava, era como se pegasse fogo por dentro?Impossível confessar
Os passos atrás dela se aproximavam, cada vez mais perto.Logo, uma sombra escura se sobrepôs à dela, projetada no chão à sua frente.No instante em que o som dos passos cessou, Juliana girou o corpo de repente, sem dar a menor chance de reação.Num movimento rápido e preciso, aplicou um golpe de judô e derrubou a pessoa com um baque seco no chão.Um gemido abafado escapou dos lábios do homem.A luz de presença se apagou e acendeu novamente, iluminando a cena.Quando Juliana finalmente conseguiu enxergar quem estava estirado no chão, seu rosto se encheu de espanto, incapaz de esconder o choque.— Sr. Bruno?! — Exclamou, os olhos arregalados.Ela já tinha preparado mentalmente todo o passo a passo para chamar a polícia.Mas o que ela pensava ser um assaltante... Era o Bruno?!Bruno, por sua vez, jamais imaginaria passar por uma situação daquelas, ser derrubado no chão por um golpe certeiro.E, diga-se de passagem, Juliana tinha uma força impressionante.Pela rapidez e firmeza com que se
— Sr. Bruno, eu tenho um remédio para contusões aqui em casa... Se deite, vou passar um pouco. — Disse Juliana, com um tom meio hesitante, mas firme.Bruno já esperava algo assim.Recusou de leve, como se quisesse manter a formalidade, mas no fim acabou cedendo, como quem faz um favor a ela.Na sala, com toda calma do mundo, Bruno tirou o casaco, ficando apenas com uma camisa social preta que realçava ainda mais seu porte elegante.O celular dele não parava de vibrar com notificações, mas ele colocou no silencioso sem nem olhar quem era.Naquele momento, nada mais importava.Deixou o casaco jogado no braço do sofá, num gesto despreocupado.Assim que se sentou, viu Juliana se aproximar com o frasco do remédio nas mãos.O vidro transparente deixava ver o líquido escuro lá dentro, parecia que só restava um terço.— Sr. Bruno, talvez seja um pouco invasivo, mas... Vai precisar tirar a camisa toda. — Falou ela, se esforçando para soar tranquila.Por fora, mantinha a postura séria, quase pro
Do lado de fora, Maia estava ocupada enviando uma mensagem para Juliana.Assim que apertou "enviar", a porta do apartamento se abriu de repente.— Ju... — Chamou ela, sorrindo, mas a palavra morreu na garganta no instante em que viu quem estava ali.Era Bruno.— Desculpa, acho que bati na porta errada... — Disse rapidamente, quase tropeçando nas próprias palavras.Deu um passo para trás, franziu o cenho e olhou para o número do apartamento bem acima da porta: 1102.Não… Estava certo. Era ali mesmo.Mas então...Por que Bruno estava atendendo a porta?Maia precisou se segurar para não soltar um grito esganiçado de esquilo assustado. Com o coração acelerado, respirou fundo e forçou a voz a sair firme:— Ju! Ju!Bruno franziu a testa, incomodado com a gritaria.— Para de chamar, ela tá no banheiro. Maia ficou em silêncio por um instante, analisando-o com desconfiança.No banheiro?A essa hora, com Bruno aqui?De repente, todos os alarmes em sua cabeça dispararam.Seu olhar começou a exam
— Como assim eu não penso de forma pura? — Rebateu Maia, indignada, mas com um brilho travesso nos olhos. — Me diz, Ju, fala sério… Sozinhos, no meio da noite, um homem e uma mulher num apartamento, e não acontece nada? Isso sim que é um desperdício!Juliana respirou fundo, rolando os olhos.— Eu e ele não fizemos nada, tá bom? Se for para dizer que aconteceu alguma coisa, o máximo foi que eu… Dei uma surra nele. Serve?— Você o quê? — Maia arregalou os olhos, como se sua mente tivesse travado de tanto tentar processar a informação.Ela olhou Juliana de cima a baixo, com uma mistura de espanto e admiração.— Ju… Eu não imaginava que você fosse tão… Ousada assim…Juliana revirou os olhos de novo, sem paciência.— Quando eu disse que bati nele, é bater de verdade, Maia. Literalmente.Com poucas palavras, contou o que havia acontecido, como Bruno a assustou e como, por reflexo, ela o derrubou no chão.Maia, agora sentada ao lado dela, balançou a cabeça.— Ju, posso te falar uma coisa? Eu