Os passos atrás dela se aproximavam, cada vez mais perto.Logo, uma sombra escura se sobrepôs à dela, projetada no chão à sua frente.No instante em que o som dos passos cessou, Juliana girou o corpo de repente, sem dar a menor chance de reação.Num movimento rápido e preciso, aplicou um golpe de judô e derrubou a pessoa com um baque seco no chão.Um gemido abafado escapou dos lábios do homem.A luz de presença se apagou e acendeu novamente, iluminando a cena.Quando Juliana finalmente conseguiu enxergar quem estava estirado no chão, seu rosto se encheu de espanto, incapaz de esconder o choque.— Sr. Bruno?! — Exclamou, os olhos arregalados.Ela já tinha preparado mentalmente todo o passo a passo para chamar a polícia.Mas o que ela pensava ser um assaltante... Era o Bruno?!Bruno, por sua vez, jamais imaginaria passar por uma situação daquelas, ser derrubado no chão por um golpe certeiro.E, diga-se de passagem, Juliana tinha uma força impressionante.Pela rapidez e firmeza com que se
— Sr. Bruno, eu tenho um remédio para contusões aqui em casa... Se deite, vou passar um pouco. — Disse Juliana, com um tom meio hesitante, mas firme.Bruno já esperava algo assim.Recusou de leve, como se quisesse manter a formalidade, mas no fim acabou cedendo, como quem faz um favor a ela.Na sala, com toda calma do mundo, Bruno tirou o casaco, ficando apenas com uma camisa social preta que realçava ainda mais seu porte elegante.O celular dele não parava de vibrar com notificações, mas ele colocou no silencioso sem nem olhar quem era.Naquele momento, nada mais importava.Deixou o casaco jogado no braço do sofá, num gesto despreocupado.Assim que se sentou, viu Juliana se aproximar com o frasco do remédio nas mãos.O vidro transparente deixava ver o líquido escuro lá dentro, parecia que só restava um terço.— Sr. Bruno, talvez seja um pouco invasivo, mas... Vai precisar tirar a camisa toda. — Falou ela, se esforçando para soar tranquila.Por fora, mantinha a postura séria, quase pro
Do lado de fora, Maia estava ocupada enviando uma mensagem para Juliana.Assim que apertou "enviar", a porta do apartamento se abriu de repente.— Ju... — Chamou ela, sorrindo, mas a palavra morreu na garganta no instante em que viu quem estava ali.Era Bruno.— Desculpa, acho que bati na porta errada... — Disse rapidamente, quase tropeçando nas próprias palavras.Deu um passo para trás, franziu o cenho e olhou para o número do apartamento bem acima da porta: 1102.Não… Estava certo. Era ali mesmo.Mas então...Por que Bruno estava atendendo a porta?Maia precisou se segurar para não soltar um grito esganiçado de esquilo assustado. Com o coração acelerado, respirou fundo e forçou a voz a sair firme:— Ju! Ju!Bruno franziu a testa, incomodado com a gritaria.— Para de chamar, ela tá no banheiro. Maia ficou em silêncio por um instante, analisando-o com desconfiança.No banheiro?A essa hora, com Bruno aqui?De repente, todos os alarmes em sua cabeça dispararam.Seu olhar começou a exam
— Como assim eu não penso de forma pura? — Rebateu Maia, indignada, mas com um brilho travesso nos olhos. — Me diz, Ju, fala sério… Sozinhos, no meio da noite, um homem e uma mulher num apartamento, e não acontece nada? Isso sim que é um desperdício!Juliana respirou fundo, rolando os olhos.— Eu e ele não fizemos nada, tá bom? Se for para dizer que aconteceu alguma coisa, o máximo foi que eu… Dei uma surra nele. Serve?— Você o quê? — Maia arregalou os olhos, como se sua mente tivesse travado de tanto tentar processar a informação.Ela olhou Juliana de cima a baixo, com uma mistura de espanto e admiração.— Ju… Eu não imaginava que você fosse tão… Ousada assim…Juliana revirou os olhos de novo, sem paciência.— Quando eu disse que bati nele, é bater de verdade, Maia. Literalmente.Com poucas palavras, contou o que havia acontecido, como Bruno a assustou e como, por reflexo, ela o derrubou no chão.Maia, agora sentada ao lado dela, balançou a cabeça.— Ju, posso te falar uma coisa? Eu
O lustre pesado no hall de entrada balançava levemente com a força das batidas na porta.Juliana foi arrancada de um sono profundo.Irritada, sentou-se na cama, acendeu o abajur e desceu até a porta. No visor do interfone, apareceu a silhueta de um homem alto.Ele estava encostado na porta, com o punho cerrado, batendo com força.Juliana não conseguia enxergar o rosto dele com clareza.Sem hesitar, pegou o telefone e ligou para a administração do prédio.Enquanto aguardava a chegada dos seguranças, o homem continuava esmurrando a porta. Parecia incansável: a intensidade das batidas ia de fraca a forte, diminuía, e então recomeçava com ainda mais força.Aquela insistência quase fez Juliana admirar a perseverança dele.Cinco minutos depois, o pessoal da administração chegou, acompanhado por dois seguranças. Eles tentaram imobilizar o homem, mas, antes mesmo de encostar nele, levaram um soco inesperado.De repente, o corredor virou um cenário de confusão.Dois seguranças fortes e treinado
O amor na juventude era sincero e intenso.Naquela época, para conquistar Maia, ele insistiu sem parar, com toda a cara de pau e foi exatamente essa persistência que o fez conquistar o coração dela.Ele mesmo prometeu: “Jamais faria Maia se arrepender.”Disse que ela seria a mulher da sua vida. Para sempre.Mas a realidade foi outra.Com o tempo, aquela paixão avassaladora foi esfriando. A rotina, sempre igual, o deixou entediado. As tentações do lado de fora começaram a sussurrar em seus ouvidos, seduzindo-o, balançando seu coração.Ele tinha vontade... Mas não coragem suficiente.Até que, depois de muitas conversas com Viviane, tudo mudou.Foi Viviane quem o fez enxergar: ele não tinha deixado de amar Maia.Ele só precisava de algo para apimentar a monotonia, um escape, um tempero na vida.O casamento deles havia se tornado um ciclo repetitivo e sufocante.Se continuasse daquele jeito, Alexandre tinha certeza de que, mais cedo ou mais tarde, acabaria se transformando em um zumbi emoc
A última vez que Juliana havia sentido aquela sensação tinha sido no auge do seu antigo relacionamento.Naquela época, ela e Gustavo eram inseparáveis. Queriam estar juntos o tempo todo.Tudo o que faziam, um avisava o outro. Até as pequenas coisas.Mas, com o passar do tempo, as conversas viraram monólogos.As mensagens de Juliana eram longas, cheias de detalhes e carinho, do outro lado, Gustavo respondia só o final, isso quando respondia. Às vezes, ignorava tudo e mudava de assunto, como se nada tivesse sido dito.Ela tentou conversar, tentou resolver.Não adiantava.Gustavo simplesmente deixou de se importar com o que ela sentia.Quando surgiam desentendimentos, ele apenas se calava, certo de que, no fim, ela acabaria cedendo primeiro.Sete anos de relacionamento.Seis anos e meio de frustração silenciosa.Hoje, olhando para trás, Juliana só conseguia se achar tola.Havia desperdiçado anos preciosos com alguém que não merecia.Ela afastou aqueles pensamentos, respirou fundo e decid
Juliana entendeu perfeitamente a situação. Pegou o cartão e o guardou na bolsa com toda naturalidade:— Tudo bem. Vamos fazer como o Sr. Lorenzo propôs.Na vida, quanto mais aliados, melhor.Um favor de Lorenzo… Bem, poderia ser útil um dia.E, se não fosse para ela, talvez Maia precisasse.Com o comportamento que Alexandre tinha demonstrado naquela noite, era melhor estar atenta e manter uma carta na manga.Quando tudo foi resolvido, Alexandre finalmente saiu da sala de interrogatório.No momento em que viu Lorenzo, seu rosto escureceu na hora:— Por que é você?!Entre todas as pessoas que Alexandre odiava, Lorenzo estava no topo da lista.Eram irmãos apenas por parte de pai. Lorenzo, três anos mais velho, estava sempre um passo à frente.Todo o império da família Souza havia sido entregue a Lorenzo para administrar.E Alexandre?Chamavam-no de "o segundo filho da família Souza", um título bonito, mas que, na prática, não passava de um cachorro obediente, que vinha quando chamado e su