Ela já tinha até pensado no nome dos filhos que ainda nem existiam.Planejava cada detalhe de um futuro perfeito.Mas a realidade?A realidade veio como uma paulada na cabeça, sem dó nem piedade.Alexandre havia mudado.Começara a trair, sustentando uma universitária, e o jeito como tratava Maia agora era frio, distante, cheio de descaso e impaciência.Por mais apaixonado que o coração fosse, uma hora ele também cansa de apanhar.Quando Maia procurou Juliana, na verdade, era a última chance que pretendia dar a Alexandre.Mas, claro, ele não soube aproveitar.No fim, Viviane foi só o estopim daquela bomba, apanhou por estar no lugar errado, na hora errada. Um pouco injusto, talvez.Mas Maia não sentia nem um pouco de culpa.Afinal, ninguém ali era inocente.Na cabeça dela, aquilo foi quase fazer justiça com as próprias mãos, e, se ainda garantisse uns pontinhos de karma positivo, melhor ainda.No fundo, os fatos mostraram que ela estava certa.Perder um cafajeste e ganhar uma irmã para
Camila ficou completamente atônita com o esporro.Sentada ali, imóvel, demorou longos segundos para reagir, enquanto os olhos se enchiam de lágrimas, formando uma névoa que a fazia piscar sem parar.Seus ombros tremiam discretamente, e ela não sabia nem por onde começar a responder.Mas Maia, com o coração duro como pedra, não estava disposta a aliviar.— Prima...— Não me chama de prima! Eu não sou sua irmã! Para Maia, o que Camila estava fazendo já ultrapassava qualquer limite. Um relacionamento onde só um dá tudo e o outro só suga, ela não aceitava nem calada, nem fingindo.Um namoro em que ela bancava tudo enquanto o cara posava de coitadinho? Era o cúmulo do ridículo.— Ele tem dívida de casa e carro? E o que isso tem a ver com você, Camila?! Você acha que ele comprou essas coisas por sua causa? Acha que sem você ele não teria que pagar? Acorda, Camila! Ele comprou porque quer se casar, e quem vai morar lá pode ser QUALQUER UMA! Não precisa ser você!O sangue de Maia fervia, o c
Depois de escolher os pratos, Leonardo ainda teve a ousadia de completar, em um tom quase de reclamação disfarçada:— Mila, esse restaurante é bem caro, viu? Se a gente não se segurar, esse mês vamos ter que viver de pão e água.Maia não conseguiu segurar a risada sarcástica que escapou dos lábios, ecoando como um tapa na cara de todos ali.— Quem foi que te disse que toda mulher precisa fazer dieta? Hein? Você come às custas da minha prima, vive do dinheiro dela, e ainda tem coragem de vir dar lição aqui? Quem você pensa que é?As palavras dela foram afiadas como navalha, cortando o ar pesado que pairava sobre a mesa.O desprezo de Maia era tão claro, tão evidente, que o ambiente ficou imediatamente carregado de tensão.O silêncio se instalou de forma incômoda, sufocante.Camila, pálida, sussurrou num fio de voz:— Prima...Mas Leonardo, tentando bancar o protetor, segurou a mão dela com força, como se a defendesse do mundo, e respondeu com um tom de falsa calma:— Olha, prima, eu sou
Ao ouvir o nome de Gustavo, Juliana franziu levemente as sobrancelhas, por um breve instante.Logo depois, porém, seu rosto voltou à expressão serena de sempre.— E daí? — Disse ela, com um leve sorriso no canto dos lábios. — Vai ver a gente ainda ganha um bom espetáculo de graça.Afinal, o relacionamento dos dois estava longe de ser algo puro ou sincero.Pelo menos Viviane, disso Juliana sabia muito bem, tinha outro homem por aí.Naquele dia, ela, Bruno e Paulo tinham visto Viviane em um restaurante.A cena ainda estava viva na mente de Juliana:Viviane, encurralada contra a parede por um homem que a beijava com força.Nem a silhueta, nem o cabelo do sujeito tinham qualquer semelhança com Gustavo.Mas, pensando bem, o que Viviane fez nem podia ser chamado de traição.Afinal, ela e Gustavo nunca tinham oficializado nada.O que existia entre eles era aquele jogo de fica-não-fica, cheio de insinuações.Ela aproveitava os privilégios de um namoro, mas sem nenhuma responsabilidade.Podia a
Ao captar o olhar de André, Viviane entendeu na hora o que ele queria.Com um sorriso doce, mas forçado, se apressou em dizer: — Guto, o Sr. André com certeza é uma pessoa de confiança... Talvez a gente devesse considerar com mais calma essa proposta...Mas, antes que pudesse terminar, o olhar frio e penetrante de Gustavo, que até então estava cravado em André, se voltou lentamente para ela.Com os olhos semicerrados, ele perguntou, num tom carregado de dúvida:— Vivi, você e o Sr. André... São muito próximos?Enquanto isso, do lado de fora, Leonardo voltava para junto de Camila, com um ar satisfeito, como quem tinha acabado de ganhar na loteria.Depois de garantir o agrado de Viviane, ele se sentia generoso, ou, pelo menos, gostava de fingir que era.Com um sorrisinho no rosto, pediu mais um prato de carne, como se fosse um verdadeiro magnata.Mas Camila estava distante, o olhar perdido, quase alheia ao que acontecia ao redor.Por debaixo da mesa, Leonardo cutucou a perna dela com a
Já dentro do carro, ainda tomada pela irritação, Maia suspirou fundo e comentou em tom de desabafo:— Meu Deus, não existe nada mais assustador do que alguém completamente cego de amor.Ela sempre achou que, no passado, também tivesse sido ingênua e impulsiva ao se apaixonar.Mas agora, comparando com Camila, percebeu claramente que o seu caso nem se aproximava daquele nível absurdo.Juliana concordava em silêncio, balançando a cabeça com um suspiro discreto.Mas, lá no fundo, nenhuma das duas tinha muita moral para falar mal de Camila pelas costas.Especialmente Juliana.Ela sabia muito bem o papel de boba que tinha feito quando estava com Gustavo.Tudo o que Camila fazia agora, ela já tinha feito, e talvez muito pior.Além da típica mente de apaixonada, Juliana ainda somava o papel de cachorrinha fiel, sempre correndo atrás, sem um pingo de orgulho.A única diferença entre ela e Camila era o homem que cada uma escolheu.Gustavo, pelo menos, era alguém que, mesmo aos olhos dos outros,
Essa lógica se aplicava a todos os apaixonados.Juliana não respondeu.— Então, vou te fazer outra pergunta. Quando o Bruno encosta em você, seu coração dispara ou não? — Continuou Maia.Juliana rebateu, num tom defensivo:— E quando algum outro cara encosta em você, seu coração acelera?— Se for alguém de quem eu gosto, claro que sim! — Maia respondeu, firme. — Agora, se for qualquer outro homem, pode ficar tranquila, porque eles nem chegam perto o suficiente para isso acontecer!Maia falava com uma certeza inabalável.Ela era assim: amava ou odiava com a mesma intensidade.Sabia exatamente a linha que separava quem ela gostava de quem não fazia a menor diferença.E mesmo que, por acaso, houvesse algum contato físico, se não fosse com alguém que realmente mexesse com ela, seu coração continuaria calmo, como a superfície de um lago sem vento.Juliana preferiu o silêncio.Como ela poderia admitir que, toda vez que Bruno a tocava, era como se pegasse fogo por dentro?Impossível confessar
Os passos atrás dela se aproximavam, cada vez mais perto.Logo, uma sombra escura se sobrepôs à dela, projetada no chão à sua frente.No instante em que o som dos passos cessou, Juliana girou o corpo de repente, sem dar a menor chance de reação.Num movimento rápido e preciso, aplicou um golpe de judô e derrubou a pessoa com um baque seco no chão.Um gemido abafado escapou dos lábios do homem.A luz de presença se apagou e acendeu novamente, iluminando a cena.Quando Juliana finalmente conseguiu enxergar quem estava estirado no chão, seu rosto se encheu de espanto, incapaz de esconder o choque.— Sr. Bruno?! — Exclamou, os olhos arregalados.Ela já tinha preparado mentalmente todo o passo a passo para chamar a polícia.Mas o que ela pensava ser um assaltante... Era o Bruno?!Bruno, por sua vez, jamais imaginaria passar por uma situação daquelas, ser derrubado no chão por um golpe certeiro.E, diga-se de passagem, Juliana tinha uma força impressionante.Pela rapidez e firmeza com que se