O som claro da tapa fez o ambiente congelar.Juliana foi atingida de forma que a cabeça virou, e seu rosto, claro, ficou visivelmente vermelho e inchado, evidenciando a força do golpe.Os lábios de Joaquim se moveram, mas as palavras que ele queria dizer se transformaram em um frio olhar de reprovação.— Juliana, não exagera.Ele nunca imaginou que precisaria levantar a mão contra Juliana. Não importava se havia ou não laços de sangue, Juliana sempre foi como uma irmã que ele conviveu por mais de vinte anos. Se fosse obediente, a família Rodrigues não teria problemas em acolher mais uma pessoa.Infelizmente, Juliana sempre estava em oposição a Viviane.Era óbvio quem ele escolheria entre a irmã de sangue e a não-irmã.Além disso, Juliana sempre foi uma pessoa que devia muito a Viviane. Então, por que ela deveria continuar maltratando-a?Com esse pensamento, a leve culpa que Joaquim ainda sentia desapareceu completamente.Juliana abaixou a cabeça, com seus longos cílios projetando uma
A alegria nos olhos da Viviane não passou despercebida por ela.— Em vez de dizer que Viviane sofreu no meu lugar, seria mais correto afirmar que foi a família Rodrigues que cometeu maldades demais na vida passada e agora está pagando por isso!— Juliana!As palavras dela inflamaram a raiva de Joaquim. Seu maxilar se contraiu, e sua mão grande se ergueu no ar. Mas, no instante em que a palma descia, Juliana segurou firmemente seu pulso.Um lampejo de surpresa atravessou o rosto de Joaquim. O olhar frio e sarcástico dela lhe pareceu incrivelmente estranho.— O quê? Ficou viciado em bater nos outros? Joaquim, aquele tapa de agora, considere como o pagamento pela dívida de gratidão que eu tinha com você. De hoje em diante, cada um segue seu caminho. Pegue sua preciosa irmãzinha e suma da minha frente.Sem esperar resposta, Juliana soltou o braço dele com um movimento brusco.Ela nunca fora uma santa.Sabia muito bem quem a tratava bem e quem não. Infelizmente, com a chegada de Viviane, t
O silêncio caiu como um peso sobre o ambiente.O rosto de Joaquim alternava entre o vermelho e o branco, seus punhos cerrados de raiva e vergonha, como se a vergonha o envolvesse por completo.Ninguém esperava que Bruno fosse agir de forma tão drástica, segurar a mão de Juliana e estalar um tapa no rosto de Joaquim, sem a menor hesitação.Na Cidade A, mesmo que a família Rodrigues estivesse em decadência, o casamento iminente com a família Costa ainda lhes garantia um certo prestígio. Mas, com esse único gesto, Bruno havia pisoteado publicamente a dignidade deles, sem a menor cerimônia.— Irmão, você tá bem? Está doendo muito? — Viviane finalmente recobrou os sentidos e, hesitante, tentou tocar o rosto de Joaquim.Ele, no entanto, se afastou de imediato, a expressão fechada.Joaquim tinha trinta e dois anos. Desde pequeno, ele nunca havia passado por uma humilhação como a de hoje. Bruno não lhe deu nenhum respeito!A raiva queimava dentro dele, pronta para explodir, mas a razão grit
As palavras de Juliana não a atingiram fisicamente, mas a humilhação foi devastadora.Viviane começou a tremer dos ombros para baixo. Abriu a boca, querendo dizer algo, mas as palavras simplesmente não saíram. No final, sem alternativa, atirou-se nos braços de Joaquim, fingindo estar profundamente magoada.Normalmente, Joaquim já teria exigido que Juliana pedisse desculpas. Mas, naquele momento, ele parecia ter ficado mudo, sem conseguir dizer uma palavra.Juliana achou aquilo ridículo.Por outro lado, era melhor assim.A última fagulha de apego que ela ainda nutria pela família Rodrigues havia sido completamente apagada.Ela não precisava que ninguém fosse sua luz.Ela era sua própria luz.E assim, a confusão terminou com os irmãos Rodrigues fugindo da cena de maneira patética.Juliana soltou um longo suspiro, sentindo a tensão aos poucos se dissipar. Mas, antes que pudesse relaxar completamente, Bruno agarrou seu pulso e a puxou consigo sem dar qualquer explicação.— Sr. Bruno... —
Juliana começou a suspeitar que estivesse tendo alucinações auditivas.Como um homem impecável e reservado como Bruno poderia dizer algo assim?Com certeza ela tinha ouvido errado.Mas, assim que relaxou, convencida de que era coisa da sua cabeça, ele repetiu e, dessa vez, com um tom ainda mais sério:— Está doendo de verdade.Por um momento, ela ficou tão constrangida que nem sabia onde colocar as mãos.O olhar penetrante de Bruno era intenso demais, então ela abaixou os olhos e, após hesitar por alguns segundos, sugeriu cautelosamente:— Que tal irmos ao hospital agora? Podemos fazer uma tomografia...Afinal, sua força não deveria ser capaz de causar um dano cerebral nele, certo...A hesitação dela não passou despercebida por Bruno.Segurando o riso, ele deu partida no carro.— Não precisa.Depois de uma breve pausa, explicou:— Eu te chamei algumas vezes, mas você não respondeu. Só me aproximei para te ajudar a colocar o cinto de segurança.Ele disse apenas isso, sem insistir na bri
Durante os sete anos em que esteve com Gustavo, todos acreditavam que ela não era boa o suficiente para ele, que estava tentando alcançar algo além de sua capacidade.Hoje, pela primeira vez, ouviu alguém dizer o contrário.Juliana não sabia exatamente como se sentia.Bruno, atento, entregou a ela um lenço de papel e abriu a porta do carro.— Vou fumar um cigarro.Ele deixou o espaço para Juliana.Juliana tinha um temperamento forte e, no fundo, sua parte mais vulnerável não queria ser vista por ninguém.Se Bruno tivesse uma posição mais próxima dela, talvez não escolhesse deixá-la sozinha nesse momento.Mas atravessar limites sem um relacionamento adequado poderia prejudicar a boa impressão.Ele tinha paciência.Lá fora, a noite estava escura.Bruno encostou-se preguiçosamente no capô do carro, de costas para a janela, com um pequeno ponto vermelho brilhando entre os dedos.Desde a noite em que descobriu que Juliana era a noiva de seu sobrinho, ele se trancou no quarto e fumou a noite
Sempre que mencionavam Juliana, Bruno sentia uma necessidade inexplicável de continuar ouvindo.Fábio resmungou baixinho, afastando-se para um canto da arquibancada e protegendo os fones de ouvido.— Sua prima Helena disse que Juliana está grávida! E o filho é do Gustavo!Uma frase fez o coração de Bruno afundar instantaneamente.A expressão despreocupada desapareceu instantaneamente, dando lugar a uma escuridão profunda e ameaçadora.— O que você disse?Ele verificou novamente, com a voz rouca segurando o celular com tanta força que os tendões de sua mão ficaram visíveis.Fábio encolheu os ombros, sentindo um arrepio na espinha. Já se arrependera de ter falado demais.Meia hora atrás. Ele havia encontrado Helena, que também estava lá para assistir às corridas. Ela claramente era do tipo extrovertido, aproveitou a oportunidade de ser prima de Bruno para puxar uma conversa descontraída.De repente, o assunto acabou recaindo sobre Juliana.Foi assim que Fábio acabou ouvindo um dos mai
Embora Juliana tivesse dito isso, o que eles faziam depois era da conta deles.Três horas depois...O jipe estacionou do outro lado da rua, bem em frente ao clube-alvo.A área praticamente poderia ser chamada de um corredor de casas noturnas, frequentado por pessoas da alta sociedade, sempre impecáveis e elegantes.E, justamente por isso, a sujeira escondida sob aquela fachada de sofisticação se tornava ainda mais evidente e repulsiva.De repente, o celular de Juliana tocou.Sob o olhar atento dos outros dentro do carro, ela atendeu, reunindo toda a coragem que conseguiu.— Sr. Bruno.— Onde você está? Estou em frente ao Império Urbano.Juliana ficou surpresa.Não esperava que Bruno estivesse ali também.Talvez... Ele tivesse acabado de chegar.Por um momento, seu coração se encheu de sentimentos conflitantes. Tentou reprimir essa estranha emoção, e com a voz controlada, disse:— Vou até você.Juliana desceu do carro, olhou ao redor e logo avistou um Maybach estacionado ao longe.A jan