Embora Juliana tivesse dito isso, o que eles faziam depois era da conta deles.Três horas depois...O jipe estacionou do outro lado da rua, bem em frente ao clube-alvo.A área praticamente poderia ser chamada de um corredor de casas noturnas, frequentado por pessoas da alta sociedade, sempre impecáveis e elegantes.E, justamente por isso, a sujeira escondida sob aquela fachada de sofisticação se tornava ainda mais evidente e repulsiva.De repente, o celular de Juliana tocou.Sob o olhar atento dos outros dentro do carro, ela atendeu, reunindo toda a coragem que conseguiu.— Sr. Bruno.— Onde você está? Estou em frente ao Império Urbano.Juliana ficou surpresa.Não esperava que Bruno estivesse ali também.Talvez... Ele tivesse acabado de chegar.Por um momento, seu coração se encheu de sentimentos conflitantes. Tentou reprimir essa estranha emoção, e com a voz controlada, disse:— Vou até você.Juliana desceu do carro, olhou ao redor e logo avistou um Maybach estacionado ao longe.A jan
Num instante, o corpo de Juliana ficou rígido.No segundo seguinte, Bruno se inclinou em direção ao seu ouvido, e o calor de sua respiração lhe pareceu estranhamente desconhecido.— Tem câmeras.Duas palavras ditas com leveza. Juliana fez um esforço para manter a calma, sem demonstrar qualquer fraqueza.Ela apontou para a garota no final da fila.As não escolhidas começaram a sair, uma após a outra. Quando a porta se fechou, Bruno puxou Juliana para sentar-se ao seu lado no sofá.A luz do camarote era fraca, e no ar pairava um suave aroma de sândalo.Homem elegante, mulher bonita, a proximidade entre eles era íntima e sugestiva.A grande mão de Bruno, com dedos longos e bem definidos, ainda envolvia firmemente sua fina cintura.Juliana sentiu um calor estranho subir pelo corpo.Principalmente na cintura, onde o toque ardente dele parecia incandescente.Ela tentou ao máximo ignorar a sensação e desviou o olhar para a garota à sua frente.— Quantos anos você tem?Lorena abaixou a cabeça.
O estrondo da porta sendo violentamente chutada ecoou pelo ambiente. Lorena agarrou o braço de Juliana, engolindo em seco, tomada pelo medo.— Digam que fui eu quem quebrou tudo… Eles não vão fazer nada com vocês...Juliana segurou sua mão, quebrando sua ingenuidade.— Você realmente acha que a pessoa que te levaria pode te proteger?Lorena ficou surpresa.A situação atual não permitia que falassem mais nada.Juliana rapidamente encontrou um armário grande o suficiente para esconder alguém e empurrou Lorena para dentro.— Fique aí dentro. Não saia.Fechando a porta do armário, Juliana se virou e se posicionou ao lado de Bruno.— Você não precisa estar aqui. — Ele franziu o cenho.— Sr. Bruno, não me subestime.Juliana não era ingênua. Desde o momento em que entrou naquele lugar, sentiu um olhar pesado sobre ela.Pegajoso. Repugnante. Talvez, desde o início, já tivessem percebido que estavam disfarçados.Os sons do lado de fora ficaram mais intensos, vozes misturadas ao barulho ensurd
Juliana olhou para Gustavo com a mesma expressão de quem observa um idiota.— Gustavo, você está maluco?Eles já não tinham nenhum tipo de relação, e ele ainda tinha a audácia de mandá-la acompanhá-lo até o hospital? O que deu coragem para ele fazer isso?Juliana riu com raiva, seus olhos brilhando com um sarcasmo que fez Gustavo sentir uma dor aguda no peito.Ele apertou as mãos com força, seus olhos estreitando-se rapidamente, já tomados pela raiva.— Juliana!Ele estava apenas agindo sem pensar, acabara de ser dominado pelo instinto de proteger ela, sem nem perceber.Lembrou-se dos tempos de escola...Quando Juliana era intimidada, era ele quem sempre a defendia.Com sua força, ele nunca deveria ter se machucado, mas, naquela época, para chamar a atenção de Juliana, ele até fingia se ferir de propósito em lugares visíveis.Agora, a Juliana do presente, tão indiferente quanto a do passado, fazia com que ele se sentisse como se tivesse um espinho na garganta, uma sensação insuportáve
Ela afirmou com convicção que a mãe de Lorena não havia se divorciado e ainda se agarrava desesperadamente a um lar em ruínas.E Lorena era o único pilar que sustentava aquela família.— Juliana, eu já tenho vinte e dois anos. Só pintei o cabelo, e sabe o que ela me disse? Me chamou de raposa sedutora... Quatro horas depois.Juliana e os outros chegaram à delegacia de polícia da Cidade A.Assim que desceu do carro, uma mulher veio correndo e, sem hesitar, deu um tapa estalado no rosto de Lorena.— Então você ainda sabe voltar pra casa?! Por que não morreu junto com aquele seu pai desgraçado?!Com o peito arfando de raiva, ela despejou insultos cruéis sem a menor consideração.A cena fez todos ao redor ficarem em silêncio absoluto.Juliana franziu a testa e deu um passo à frente, protegendo Lorena atrás de si.Lorena levou a mão ao rosto onde fora atingida. Seu cabelo curto e preto caiu sobre os olhos, escondendo qualquer traço de emoção.— Eu te sustento, te dou comida, te visto, para
— Srta. Juliana.A voz de Bruno soou firme e aveludada, misturando-se ao som da chuva e ecoando suavemente em seus ouvidos.Ele parou no último degrau da escadaria, inclinando levemente o guarda-chuva para a frente, indicando que ela deveria descer e se aproximar.Juliana se pegou pensando.Desde quando sua relação com Bruno se tornou tão próxima?Vir buscar ela na chuva… Será que um simples amigo faria isso?Um pensamento quase tomou forma em sua mente, mas ela se obrigou a afastá-lo.Ela e Bruno eram como linhas paralelas que jamais se cruzariam.Ele era o herdeiro de uma das famílias mais poderosas, acostumado a conviver com todo tipo de gente.Além disso, ela era a ex-noiva do sobrinho dele, o que tornava tudo ainda mais impossível.Mesmo que ficassem juntos, as pessoas certamente a apontariam pelas costas."Não se casou com Gustavo e agora está com o tio dele?"Isso sequer fazia sentido.Juliana espantou aquela ideia absurda.Não havia motivo para especulações desnecessárias.Talv
Para ser sincera, Bianca sempre teve suas reservas em relação ao Sr. Michel.Afinal, ela era a neta legítima, mas o avô insistia em dar toda a sua atenção e carinho a uma forasteira.O que Juliana tinha de tão especial?No fim das contas, não passava de uma bastarda sem pai nem mãe!Para Bianca, Sr. Michel já estava gagá.Não conseguia nem distinguir o certo do errado.Por isso, hoje ela decidiu primeiro visitar Gustavo.Se não fosse por ele insistindo que ela deveria passar no quarto do avô, provavelmente teria inventado uma desculpa para fugir.Um avô que preferia uma estranha à própria neta? Ela não fazia questão de manter esse laço.Chegou ali a contragosto, mas, para sua surpresa, encontrou Bruno.Ele confirmou com um simples "sim", sem sequer lançar a ela um olhar direto.Bianca já estava acostumada.Seu tio passara anos no exterior dedicado à pesquisa, e ela podia contar nos dedos as vezes em que o vira pessoalmente.Por outro lado, já ouvira diversas histórias sobre ele.Essa a
— Bruno tem um olhar afiado para as pessoas. Se não der certo, eu faço ele te apresentar alguns…Juliana ficou muito constrangida.Já Bruno percebeu a intenção.Sr. Michel estava sugerindo que ele apresentasse alguém para Juliana.Ele se aproximou com naturalidade, se abaixou e tirou o livro das mãos do idoso.— Sr. Michel, já está tarde. Precisa descansar.— Bruno, você deve conhecer algum rapaz solteiro de bom caráter, não? Escolha um bom e o apresente para a Ju. — O velho sorriu alegremente.Juliana, sem saber o que dizer, rapidamente se apressou em falar:— Sr. Michel, não é necessário, eu realmente não quero namorar agora…— Não vou apresentar.As palavras de Juliana se perderam em meio àqueles três simples e diretos termos.Bruno não fez questão de ser gentil, recusando de maneira bem clara e objetiva.Mesmo Sr. Michel ficou surpreso com tamanha decisão.Ele não insistiu, apenas observou Juliana e Bruno saírem, um atrás do outro.Depois, o idoso sentiu que algo estava errado, mas