Juliana olhou para Gustavo com a mesma expressão de quem observa um idiota.— Gustavo, você está maluco?Eles já não tinham nenhum tipo de relação, e ele ainda tinha a audácia de mandá-la acompanhá-lo até o hospital? O que deu coragem para ele fazer isso?Juliana riu com raiva, seus olhos brilhando com um sarcasmo que fez Gustavo sentir uma dor aguda no peito.Ele apertou as mãos com força, seus olhos estreitando-se rapidamente, já tomados pela raiva.— Juliana!Ele estava apenas agindo sem pensar, acabara de ser dominado pelo instinto de proteger ela, sem nem perceber.Lembrou-se dos tempos de escola...Quando Juliana era intimidada, era ele quem sempre a defendia.Com sua força, ele nunca deveria ter se machucado, mas, naquela época, para chamar a atenção de Juliana, ele até fingia se ferir de propósito em lugares visíveis.Agora, a Juliana do presente, tão indiferente quanto a do passado, fazia com que ele se sentisse como se tivesse um espinho na garganta, uma sensação insuportáve
Ela afirmou com convicção que a mãe de Lorena não havia se divorciado e ainda se agarrava desesperadamente a um lar em ruínas.E Lorena era o único pilar que sustentava aquela família.— Juliana, eu já tenho vinte e dois anos. Só pintei o cabelo, e sabe o que ela me disse? Me chamou de raposa sedutora... Quatro horas depois.Juliana e os outros chegaram à delegacia de polícia da Cidade A.Assim que desceu do carro, uma mulher veio correndo e, sem hesitar, deu um tapa estalado no rosto de Lorena.— Então você ainda sabe voltar pra casa?! Por que não morreu junto com aquele seu pai desgraçado?!Com o peito arfando de raiva, ela despejou insultos cruéis sem a menor consideração.A cena fez todos ao redor ficarem em silêncio absoluto.Juliana franziu a testa e deu um passo à frente, protegendo Lorena atrás de si.Lorena levou a mão ao rosto onde fora atingida. Seu cabelo curto e preto caiu sobre os olhos, escondendo qualquer traço de emoção.— Eu te sustento, te dou comida, te visto, para
— Srta. Juliana.A voz de Bruno soou firme e aveludada, misturando-se ao som da chuva e ecoando suavemente em seus ouvidos.Ele parou no último degrau da escadaria, inclinando levemente o guarda-chuva para a frente, indicando que ela deveria descer e se aproximar.Juliana se pegou pensando.Desde quando sua relação com Bruno se tornou tão próxima?Vir buscar ela na chuva… Será que um simples amigo faria isso?Um pensamento quase tomou forma em sua mente, mas ela se obrigou a afastá-lo.Ela e Bruno eram como linhas paralelas que jamais se cruzariam.Ele era o herdeiro de uma das famílias mais poderosas, acostumado a conviver com todo tipo de gente.Além disso, ela era a ex-noiva do sobrinho dele, o que tornava tudo ainda mais impossível.Mesmo que ficassem juntos, as pessoas certamente a apontariam pelas costas."Não se casou com Gustavo e agora está com o tio dele?"Isso sequer fazia sentido.Juliana espantou aquela ideia absurda.Não havia motivo para especulações desnecessárias.Talv
Para ser sincera, Bianca sempre teve suas reservas em relação ao Sr. Michel.Afinal, ela era a neta legítima, mas o avô insistia em dar toda a sua atenção e carinho a uma forasteira.O que Juliana tinha de tão especial?No fim das contas, não passava de uma bastarda sem pai nem mãe!Para Bianca, Sr. Michel já estava gagá.Não conseguia nem distinguir o certo do errado.Por isso, hoje ela decidiu primeiro visitar Gustavo.Se não fosse por ele insistindo que ela deveria passar no quarto do avô, provavelmente teria inventado uma desculpa para fugir.Um avô que preferia uma estranha à própria neta? Ela não fazia questão de manter esse laço.Chegou ali a contragosto, mas, para sua surpresa, encontrou Bruno.Ele confirmou com um simples "sim", sem sequer lançar a ela um olhar direto.Bianca já estava acostumada.Seu tio passara anos no exterior dedicado à pesquisa, e ela podia contar nos dedos as vezes em que o vira pessoalmente.Por outro lado, já ouvira diversas histórias sobre ele.Essa a
— Bruno tem um olhar afiado para as pessoas. Se não der certo, eu faço ele te apresentar alguns…Juliana ficou muito constrangida.Já Bruno percebeu a intenção.Sr. Michel estava sugerindo que ele apresentasse alguém para Juliana.Ele se aproximou com naturalidade, se abaixou e tirou o livro das mãos do idoso.— Sr. Michel, já está tarde. Precisa descansar.— Bruno, você deve conhecer algum rapaz solteiro de bom caráter, não? Escolha um bom e o apresente para a Ju. — O velho sorriu alegremente.Juliana, sem saber o que dizer, rapidamente se apressou em falar:— Sr. Michel, não é necessário, eu realmente não quero namorar agora…— Não vou apresentar.As palavras de Juliana se perderam em meio àqueles três simples e diretos termos.Bruno não fez questão de ser gentil, recusando de maneira bem clara e objetiva.Mesmo Sr. Michel ficou surpreso com tamanha decisão.Ele não insistiu, apenas observou Juliana e Bruno saírem, um atrás do outro.Depois, o idoso sentiu que algo estava errado, mas
Ela dizia que estava protegendo a honra de Juliana.Ela se recusava a acreditar que uma pessoa tão imaculada e respeitável, como Bruno, pudesse se apaixonar por alguém tão inferior a ela.Por que Juliana?Viviane roía os dentes, e seus traços delicados se torciam em um gesto de fúria.— Não é possível que eu tenha visto errado! Juliana é uma víbora! Não conseguiu casar-se com meu irmão, agora está tentando se aproximar do meu tio! Como pode existir alguém tão repulsivo no mundo?Bianca ficou xingando por um bom tempo.Só parou quando sua garganta estava seca.Ainda assim, lembrou-se de algo e disse: — Vivi, esqueci de te contar uma coisa, Juliana está grávida do meu irmão!Foi como um raio em um céu claro.Viviane quase deixou o celular cair no chão.Ela lutou para controlar suas mãos trêmulas e perguntou: — Juliana está grávida do Gustavo? Não, isso não pode ser verdade!Sua reação tão agitada fez Bianca pensar que ela estava profundamente abalada.Ela podia perceber que Viviane gos
Juliana demorou mais de dez segundos para atender.— Sr. Bruno, é tão tarde… Aconteceu alguma coisa?A voz fria e contida atravessou o telefone, e o coração turbulento de Bruno se acalmou instantaneamente. Ele engoliu em seco, e sua voz soou grave e aveludada:— Ainda está chateada?Três palavras que fizeram Juliana congelar.A surpresa se refletiu em seu olhar, e a mão que segurava o celular apertou-se aos poucos, fazendo com que veias discretas surgissem sob sua pele clara. Bruno sabia que ela estava incomodada por causa daquelas três palavras e ligou especialmente para se explicar?Juliana abriu a boca, mas as palavras que pretendia dizer se transformaram em uma resposta curta:— Não estou chateada.A relação entre ela e Bruno podia ser, no máximo, considerada uma amizade. Além disso, era um assunto sensível para ela, e Bruno não tinha obrigação de se desculpar. Mesmo quando esteve com Gustavo, sua sensibilidade nunca foi acolhida. O gesto de Bruno fez surgir em seu coração uma
Além disso, Viviane estava prestes a se casar com Gustavo. Se sua reputação desmoronasse, ela com certeza se tornaria alvo de críticas.— Se Viviane não tivesse alguém poderoso por trás dela, dessa vez com certeza seria massacrada. — Ironizou Maia pelo telefone.Juliana, no entanto, não parecia se importar tanto:— Ela ainda vai ter muitas oportunidades de apanhar e ser xingada.Viviane poderia ter uma vida de luxo e conforto pelo resto de seus dias, mas insistia em não se contentar e continuar criando confusão. Tudo o que Juliana conquistava, Viviane fazia de tudo para tomar, sem medir esforços ou escrúpulos. Um comportamento patético, que, na opinião de Juliana, não valia nem a pena gastar um segundo com isso.Após mais alguns minutos de conversa, Juliana recebeu uma mensagem do corretor de imóveis. Havia um comprador interessado na propriedade que ela colocara à venda, e a oferta era de quatro milhões. Ela ficou bastante satisfeita. Era trezentos mil a mais do que o esperado.[Q