Bruno tinha uma silhueta esguia.Com o paletó pendurado no braço e a franja ligeiramente bagunçada pelo vento, seus traços eram refinados, transmitindo um ar despreocupado e relaxado.Paulo mantinha o rosto sério, evitando rir. Afinal, ele fora o responsável por permitir o encontro entre Juliana e Bruno ali.Um simples “Que coincidência” ... Que engraçado.Destino? Nada disso.Era tudo parte de um plano bem arquitetado.— Que coincidência. — Respondeu Juliana com naturalidade.A conversa entre os dois parecia mais um diálogo entre humanos e máquinas.Paulo achou divertido e pensou em ficar para observar mais um pouco, mas ao cruzar o olhar com Bruno, mudou de ideia.Ficou quieto.Deu uma leve tossida e disse:— Acho que esqueci algo no restaurante. Vou lá pegar. Continuem conversando.E saiu apressado.Assim que ele foi embora, Juliana sentiu um leve constrangimento.Pensou em inventar uma desculpa para sair, mas Bruno foi mais rápido e fez um pedido direto:— Srta. Juliana, posso pe
[Professora, olha a captura de tela que te mandei no privado. Tem uma tal de Vivi na live ao lado te imitando! Assisti um pouco e, sinceramente, a mentalidade dela é completamente distorcida.][Você também viu? Estou indignada! Quem, em sã consciência, incentiva meninas a engravidar antes do casamento? Denunciei, mas não deu em nada. Esses capitalistas são podres, que nojo!]Juliana deu uma olhada rápida nos comentários, mas não respondeu diretamente.Ela pegou um bloco de notas, copiou algumas informações e as exibiu na tela da live:[Homem, 35 anos, 1,80m, 66kg; Aparência jovem e atraente; Mestre em Finanças; Dono de um clube privado; Possui três imóveis na Cidade A, cinco carros de luxo e um iate; Oferece uma mesada de R$30.000 para a mulher e deseja que ela trabalhe na empresa dele no futuro; Veio de uma família pobre, personalidade introvertida, workaholic, muito direto e só sabe expressar seu comprometimento através do dinheiro.]Depois de anotar tudo, Juliana alongou o pulso e p
Juliana trocou de roupa rapidamente e saiu apressada em direção à delegacia.Antes mesmo de entrar no saguão, ouviu gritos e discussões acaloradas vindo de dentro.— Devolva minha filha! Foi você que a incentivou a fugir com aquele homem! Eu te fiz algo de mal? Por que quis arruinar a vida da minha menina?O choro desesperado da mulher ecoava pelo ambiente.Viviane, que estava sendo sacudida sem piedade, parecia completamente atordoada. Seu rosto estava pálido e sua expressão, de puro desconforto.Sem aceitar a culpa, ela rebateu imediatamente:— O que isso tem a ver comigo? Ela me pediu um conselho e eu dei uma sugestão lógica. Como eu ia saber que a filha dela era tão burra?O clima esquentou, e a briga estava prestes a sair do controle.Vendo a situação, os policiais de plantão agiram rapidamente e separaram as duas.Viviane foi levada imediatamente para a sala de interrogatório.Assim que a porta se fechou atrás dela, Juliana entrou na delegacia.Após se identificar, uma policial s
Isso mostrava o quanto a irmã significava para ele.— O Gustavo não veio? — Perguntou Joaquim, insatisfeito.— Eu não quis preocupá-lo, então não contei… Desta vez, a culpa foi minha. Se eu não tivesse falado demais, nada disso teria acontecido. Mano, você acha que eu fiz algo errado?Joaquim estendeu a mão e bagunçou carinhosamente os cabelos de Viviane.— Você só queria ajudar. Não foi culpa sua.Ele já tinha uma ideia do motivo de Viviane estar na delegacia, mas ainda faltavam alguns detalhes. Joaquim sentia um imenso pesar por tudo o que a irmã havia passado nos últimos vinte anos. Como irmão mais velho, ele queria compensá-la de todas as formas possíveis. Mesmo que ela realmente tivesse cometido um erro dessa vez, ele a protegeria incondicionalmente.Viviane ficou emocionada, os olhos brilhando de lágrimas.— Irmão, você é tão bom pra mim. — Seu tom carinhoso dissipou parte do cansaço que Joaquim sentia. Ela se agarrou ao braço dele de forma íntima. — Dessa vez, você voltou pra f
O som claro da tapa fez o ambiente congelar.Juliana foi atingida de forma que a cabeça virou, e seu rosto, claro, ficou visivelmente vermelho e inchado, evidenciando a força do golpe.Os lábios de Joaquim se moveram, mas as palavras que ele queria dizer se transformaram em um frio olhar de reprovação.— Juliana, não exagera.Ele nunca imaginou que precisaria levantar a mão contra Juliana. Não importava se havia ou não laços de sangue, Juliana sempre foi como uma irmã que ele conviveu por mais de vinte anos. Se fosse obediente, a família Rodrigues não teria problemas em acolher mais uma pessoa.Infelizmente, Juliana sempre estava em oposição a Viviane.Era óbvio quem ele escolheria entre a irmã de sangue e a não-irmã.Além disso, Juliana sempre foi uma pessoa que devia muito a Viviane. Então, por que ela deveria continuar maltratando-a?Com esse pensamento, a leve culpa que Joaquim ainda sentia desapareceu completamente.Juliana abaixou a cabeça, com seus longos cílios projetando uma
A alegria nos olhos da Viviane não passou despercebida por ela.— Em vez de dizer que Viviane sofreu no meu lugar, seria mais correto afirmar que foi a família Rodrigues que cometeu maldades demais na vida passada e agora está pagando por isso!— Juliana!As palavras dela inflamaram a raiva de Joaquim. Seu maxilar se contraiu, e sua mão grande se ergueu no ar. Mas, no instante em que a palma descia, Juliana segurou firmemente seu pulso.Um lampejo de surpresa atravessou o rosto de Joaquim. O olhar frio e sarcástico dela lhe pareceu incrivelmente estranho.— O quê? Ficou viciado em bater nos outros? Joaquim, aquele tapa de agora, considere como o pagamento pela dívida de gratidão que eu tinha com você. De hoje em diante, cada um segue seu caminho. Pegue sua preciosa irmãzinha e suma da minha frente.Sem esperar resposta, Juliana soltou o braço dele com um movimento brusco.Ela nunca fora uma santa.Sabia muito bem quem a tratava bem e quem não. Infelizmente, com a chegada de Viviane, t
O silêncio caiu como um peso sobre o ambiente.O rosto de Joaquim alternava entre o vermelho e o branco, seus punhos cerrados de raiva e vergonha, como se a vergonha o envolvesse por completo.Ninguém esperava que Bruno fosse agir de forma tão drástica, segurar a mão de Juliana e estalar um tapa no rosto de Joaquim, sem a menor hesitação.Na Cidade A, mesmo que a família Rodrigues estivesse em decadência, o casamento iminente com a família Costa ainda lhes garantia um certo prestígio. Mas, com esse único gesto, Bruno havia pisoteado publicamente a dignidade deles, sem a menor cerimônia.— Irmão, você tá bem? Está doendo muito? — Viviane finalmente recobrou os sentidos e, hesitante, tentou tocar o rosto de Joaquim.Ele, no entanto, se afastou de imediato, a expressão fechada.Joaquim tinha trinta e dois anos. Desde pequeno, ele nunca havia passado por uma humilhação como a de hoje. Bruno não lhe deu nenhum respeito!A raiva queimava dentro dele, pronta para explodir, mas a razão grit
As palavras de Juliana não a atingiram fisicamente, mas a humilhação foi devastadora.Viviane começou a tremer dos ombros para baixo. Abriu a boca, querendo dizer algo, mas as palavras simplesmente não saíram. No final, sem alternativa, atirou-se nos braços de Joaquim, fingindo estar profundamente magoada.Normalmente, Joaquim já teria exigido que Juliana pedisse desculpas. Mas, naquele momento, ele parecia ter ficado mudo, sem conseguir dizer uma palavra.Juliana achou aquilo ridículo.Por outro lado, era melhor assim.A última fagulha de apego que ela ainda nutria pela família Rodrigues havia sido completamente apagada.Ela não precisava que ninguém fosse sua luz.Ela era sua própria luz.E assim, a confusão terminou com os irmãos Rodrigues fugindo da cena de maneira patética.Juliana soltou um longo suspiro, sentindo a tensão aos poucos se dissipar. Mas, antes que pudesse relaxar completamente, Bruno agarrou seu pulso e a puxou consigo sem dar qualquer explicação.— Sr. Bruno... —