~ NICOLAS ~Senti o sangue pulsar em minhas veias, e sem pensar duas vezes, agarrei-a pela cintura. O movimento foi rápido, quase instintivo. Em um piscar de olhos, nossos corpos inverteram de posição, e agora ela estava deitada no sofá, seus cabelos espalhados, os olhos fixos nos meus. Meu corpo pairava sobre o dela, as pernas de Nyx se entrelaçando nas minhas, e naquele momento, a atmosfera do quarto pareceu mudar. O som da chuva lá fora era abafado pela respiração pesada que ambos compartilhávamos.Minhas mãos deslizaram lentamente pela sua barriga, sentindo cada curva delicada, cada suspiro que ela tentava controlar. A textura da pele dela, quente e macia, parecia pulsar debaixo dos meus dedos. Eu podia sentir o calor que emanava de seu corpo, intensificando o desejo que crescia em mim a cada segundo. Meus lábios pairavam a centímetros dos dela, e por um momento, o mundo parecia ter desaparecido ao redor. O magnetismo entre nós era inegável.Foi então que me lembrei da regra.Sem
~AYLA~A madrugada estava pesada. Eu e Teri andávamos lado a lado, praticamente em silêncio, enquanto o eco dos nossos saltos ressoava pelas ruas quase desertas. Sabíamos que aquela era mais uma noite como tantas outras, mas algo dentro de mim estava diferente. Algo tinha mudado. O silêncio entre nós era preenchido pelo cansaço, mas também pela curiosidade que eu sabia que Teri estava segurando. Ela sempre sabia o que dizer, sempre tinha uma opinião, mas, dessa vez, ela se manteve quieta, respeitando meu espaço. O vento frio da madrugada soprava contra nós, e eu me encolhia no meu casaco fino, tentando afastar o peso que pairava sobre meus ombros.Quando finalmente chegamos ao nosso prédio, trocamos apenas um olhar breve. O apartamento estava quieto, mas havia algo quase reconfortante no silêncio que nos envolvia. Peguei um copo de água e me joguei no sofá enquanto Teri foi direto para o chuveiro. O som da água caindo no banheiro era o único barulho que preenchia o apartamento, e eu s
~ NICOLAS ~— Foi o único jeito — comentei, enquanto fazia mais uma série de exercícios no supino. Ricardo, ao meu lado, parou de mexer no celular e me olhou como se eu estivesse maluco.— Dois meses inteiro com a garota? — Ele franziu o cenho, surpreso.— É — respondi, controlando a respiração entre as repetições. — Não tinha outro jeito de conseguirem liberá-la para mim ontem à noite.Ricardo soltou uma risada e me entregou a garrafa de água quando terminei a série.— Dois meses, cara? Você se superou dessa vez. — Ele balançou a cabeça, incrédulo. — Mas me diz uma coisa... Ela valeu o investimento? — Ele arqueou uma sobrancelha, com aquele tom de provocação que me era tão familiar.Por um instante, considerei a pergunta. Ricardo esperava uma resposta simples, provavelmente algo sobre como foi uma noite incrível. Eu, por outro lado, estava longe de ter a noite que ele imaginava. Mas de certo modo, foi uma boa noite sim — uma noite que ficou na minha mente, mas não pelo motivo que ele
A tela do celular me encarava de volta, os números brilhando como uma pequena vitória inesperada. R$ 25.000. Eu pisquei algumas vezes, tentando processar aquilo. Era muita grana junta, muita! Senti um frio no estômago, um misto de euforia e medo. Com aquela quantia, eu podia finalmente respirar, ao menos por um tempo. O dinheiro parecia uma solução imediata, mas, ao mesmo tempo, um lembrete das escolhas que eu fizera para tê-lo.— Olha isso, Teri — falei, mostrando o celular para ela. A sensação era tão surreal que eu precisava de uma segunda opinião, quase para garantir que aquilo não era um erro.Teri, largada no sofá como se o mundo estivesse em câmera lenta para ela, olhou de relance, os olhos semicerrados pela preguiça.— Nada mal, hein? — ela disse com um sorriso preguiçoso. — Agora entendo por que o Lorenzo parecia ter ganhado na loteria ontem. Aposto que ele ficou com a metade.Eu me sentei ao lado dela, ainda com a sensação de que aquilo era irreal. Vinte e cinco mil. Era mui
A ansiedade que antes estava apenas em minha mente agora parecia preencher cada centímetro daquele quarto. Eu continuava inquieta, alternando o olhar entre o relógio e a porta, esperando ouvir o som de passos ou o clique da maçaneta anunciando a chegada de Nicolas. Mas ele não apareceu.Eu não conseguia entender por que ele tinha reservado todas aquelas noites e simplesmente decidia não vir. Tudo bem, ele disse que isso poderia acontecer, mas era estranho, frustrante, e me deixava cheia de perguntas.O silêncio pesado do quarto me incomodava. A decoração, o sofá de couro, a cama king size, o bar, tudo parecia feito para alguém que quisesse relaxar, se divertir. Eu sabia que podia pedir o que quisesse, mas, por algum motivo, não consegui. Mesmo tendo a liberdade que ele me deu, aquilo parecia quase um castigo.Dinheiro podia não ser um problema para quem gastava 50 mil reais comigo em um leilão e mais 600 reais por noite, mas ainda assim, eu me recusava a abusar. Sentia-me desconfortáv
O sol de fim de tarde inundava o carro de Pedro enquanto ele nos levava até a academia de dança, as ruas da cidade deslizavam pelo vidro como uma paisagem desfocada. Teri e eu permanecíamos em um silêncio incomum, o rádio tocava uma música qualquer ao fundo, quase abafada, enquanto meus pensamentos ecoavam, presos nas camadas mais profundas da minha mente. O mundo parecia distante, como se estivéssemos isoladas da realidade, cada uma perdida em suas próprias preocupações. O movimento suave do carro não ajudava a aliviar o peso no meu peito.De repente, Teri quebrou o silêncio, virando-se para mim com uma expressão curiosa e um sorriso ligeiramente provocador.— Ainda não acredito que estamos indo atrás da sua ex-melhor amiga que se casou com o seu ex-marido... Isso parece coisa de novela, Ayla.— Uma novela bem nojenta — Pedro completa.Suspirei, sentindo o peso dessas palavras se acomodar no fundo do meu estômago. A indignação ainda queimava em mim. Não era nem o fato de Miguel ter s
A semana tinha sido tão desgastante, que era estranho encontrar algum conforto na boate. Mas a excitação de ver Nicolas na plateia me dava um tipo estranho de animação. Não sabia explicar, mas sempre que ele estava lá, eu sentia algo que me fazia querer agradá-lo, sem saber ao certo por quê.O som de meus saltos ecoava pelas escadas enquanto eu subia em direção ao quarto, ainda sentindo a energia da performance se dissipando lentamente do meu corpo. Quando abri a porta, porém, algo dentro de mim congelou. Lá estava ele, tão imponente quanto sempre. Quando ele me viu, seus olhos brilharam de uma maneira que me fez sentir desconfortável. Eu nunca sabia como agir diante dele, não quando ele me observava com aquele olhar que parecia me ver além do que eu realmente era.Sem dizer uma palavra, ele caminhou até mim com dois copos na mão, oferecendo um com um sorriso discreto. Eu peguei o copo, sem pensar, e virei a bebida de uma vez só. O álcool queimou minha garganta, aliviando a tensão, ma
O ambiente da reunião de condomínio era o oposto do que Teri e eu precisávamos naquele domingo de manhã. A sala estava abafada, as cadeiras de plástico incomodando, e o som da voz de Senhor Mendonça, o dono do nosso prédio, era monótona demais. No entanto, nos sentamos no fundo, longe dos olhares dos outros moradores, e começamos a fofocar, como boas amigas.Eu não conseguia conter a risada enquanto contava a Teri sobre a noite anterior com Nicolas. Quando pedi para ele ficar, não sabia ao certo o que esperar. Nicolas ficou, como se, de repente, algo mais íntimo estivesse acontecendo entre nós. Ele fez algo que eu não esperava: desligou a música, pegou o controle remoto e, com um sorriso, sugeriu que assistíssemos a algo na televisão.Eu olhei para ele, sem entender, e ele, quase de forma debochada, comentou que queria fazer algo "normal", como qualquer outra pessoa faria numa noite sem compromisso. Com o ritmo da boate e o jogo de poder entre nós, aquilo parecia surreal. Mas, ao mesm