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Capítulo 3: Ecos do Desconhecido

O ar era pesado, quase irreal, e cada respiração parecia trazer consigo um fluxo de energia desconhecida. Daniel e Clara estavam em pé, tentando processar o que viam ao redor. Tudo era ao mesmo tempo familiar e alienígena. As florestas ao longe tinham cores que não existiam no espectro da Terra, e o horizonte se curvava de uma maneira impossível, como se o próprio espaço fosse maleável.

— Isso… isso não pode ser real — disse Clara, a voz trêmula. Ela olhava para o céu púrpura com uma mistura de assombro e medo.

— É real — respondeu Daniel, ainda fascinado pelo que seus olhos captavam. — Estamos em outro universo. Além do horizonte de eventos. Não é uma simulação, não é uma visão. Estamos aqui.

Clara se levantou com a ajuda de Daniel e olhou ao redor. O ambiente parecia deserto, mas havia algo perturbador em sua quietude, uma sensação de que o mundo à sua volta estava apenas adormecido, esperando algo para despertar.

— Precisamos entender como isso aconteceu — ela disse, sua mente já voltando ao modo científico. — A energia que nos puxou, a forma como fomos transportados… Isso não era parte do experimento original.

Daniel concordou, mas no fundo de sua mente algo o incomodava. Ele se lembrava claramente do sinal que haviam captado antes da viagem. Aquele padrão rítmico, quase como uma pulsação, parecia vir de uma inteligência. E agora que estavam aqui, a sensação de serem observados era mais forte do que nunca.

— Você sente isso? — perguntou ele, franzindo o cenho.

— O quê? — Clara olhou para ele, confusa.

— Como se… algo estivesse nos observando. Como se houvesse uma presença aqui, esperando por nós.

Clara o encarou por um longo momento, e então seus olhos se arregalaram levemente, como se ela também estivesse começando a perceber. Antes que pudessem discutir mais, um som grave e reverberante cortou o ar ao longe. Parecia um chamado, como o eco de algo vasto e profundo.

— O que foi isso? — sussurrou Clara.

Daniel virou-se para a direção do som. Havia uma estrutura no horizonte que, de onde estavam, parecia uma torre imensa, construída com materiais que brilhavam em tons de azul e prata. A torre se erguia contra o céu púrpura, sua forma oscilando como um miragem. Mas o som claramente vinha dali.

— Temos que ir até lá — disse Daniel, já decidido.

— O quê? Você não sabe o que está lá! Pode ser perigoso! — Clara o agarrou pelo braço, sua voz desesperada. — Não sabemos nada sobre esse lugar!

— Exatamente por isso precisamos descobrir. — Ele olhou nos olhos dela com uma determinação inabalável. — Esse som, Clara, não é natural. Algo aqui está nos chamando.

Clara hesitou, mas finalmente cedeu. Eles sabiam que ficar no mesmo lugar não era uma opção. Em pouco tempo, começaram a caminhar em direção à torre, seguindo o som grave que parecia ficar mais intenso a cada passo. A paisagem ao redor deles era surreal, com montanhas flutuando ao longe e rios de luz líquida correndo sob seus pés. Daniel sentia que o próprio conceito de gravidade era diferente ali; às vezes, seus passos pareciam mais leves, quase como se pudesse flutuar.

A caminhada foi silenciosa, exceto pelo som persistente da torre, que ressoava nas profundezas de suas mentes. Quando se aproximaram, viram que a estrutura era ainda mais imponente de perto. Suas paredes eram feitas de um material que parecia vivo, pulsando em sincronia com o som. Havia uma porta aberta na base, convidativa e ao mesmo tempo sinistra.

— Você tem certeza disso? — Clara perguntou, seu corpo tenso.

Daniel não respondeu. Em seu âmago, ele sabia que não tinha escolha. Algo naquela torre tinha as respostas que procuravam.

Eles entraram.

O interior da torre era vasto, muito maior do que o exterior sugeria. A geometria do espaço parecia desafiada ali, com corredores que se estendiam infinitamente, luzes que flutuavam no ar e sombras que pareciam ter vida própria. À medida que caminhavam mais fundo, o som que antes era um eco distante tornou-se uma batida regular, como um coração pulsante.

No centro da sala principal, uma esfera gigantesca flutuava, feita de um material translúcido que emitia luzes em padrões complexos. Daniel sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Ele reconhecia aquilo.

— Esse é o sinal — murmurou ele, seus olhos fixos na esfera. — É a fonte do sinal que captamos.

Clara se aproximou cautelosamente, suas mãos trêmulas. De repente, a esfera começou a brilhar mais intensamente, e o som ficou ensurdecedor. O chão sob seus pés tremeu, e a realidade ao redor deles pareceu distorcer.

— Daniel! — gritou Clara, mas já era tarde.

A esfera se expandiu em um flash de luz, e de dentro dela, uma figura começou a emergir. Não era humana, mas sua forma era familiar, uma silhueta que lembrava algo de suas memórias mais antigas. O que quer que fosse, havia inteligência ali, algo que os observava desde o momento em que cruzaram para aquele universo.

— Vocês... vieram. — A voz da figura não era audível de forma convencional. Ela reverberava diretamente em suas mentes, profunda e antiga. — Estávamos esperando por vocês.

Daniel e Clara ficaram paralisados, incapazes de mover um músculo. Eles tinham atravessado o limiar do conhecimento, e agora estavam face a face com algo muito além do que jamais imaginaram.

E, por um instante, Daniel percebeu a verdade aterradora: eles não tinham sido puxados por acidente. Tudo isso, cada passo, cada decisão, havia sido planejado.

Eles haviam sido convocados.

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