O som do vento atravessava os corredores da torre, sussurrando entre os cristais flutuantes. Cada passo que os guardiões davam parecia ecoar no vazio, como se estivessem caminhando por um espaço onde o tempo e o espaço não se aplicavam mais. O Véu, agora mais denso, envolvia tudo ao redor, uma presença constante, pesada e imutável.Ao saírem da sala central, onde a esfera de luz brilhava com intensidade ofuscante, o ambiente parecia ter mudado. As paredes de cristal agora exibiam fissuras tênues, como se a própria torre estivesse se tornando mais sensível à presença deles. O Véu que antes era suave e reconfortante agora pulsava com uma energia que desconcertava, revelando que algo maior se movia nos recessos daquele espaço.Celina foi a primeira a perceber. Ela parou, como se tivesse sentido uma presença se aproximando. Seu corpo se arrepiou, e uma sensação de frio percorreu sua espinha. O que quer que fosse, sabia que estava sendo observado.— Algo está errado — disse ela, sua voz te
O vilarejo estava em silêncio, mas no ar, algo vibrava com a intensidade de uma tempestade prestes a acontecer. O Véu havia se tornado mais denso, quase palpável, como se estivesse respirando junto com os guardiões. As fissuras nas pedras e cristais que decoravam o vilarejo agora formavam padrões geométricos intrincados, como se um novo mapa do destino estivesse sendo traçado ali. Celina, com o olhar fixo no horizonte, sentia uma sensação de inquietação. Algo estava se movendo além da compreensão humana, algo que transcende a percepção deles, mas que eles precisavam entender. Cada respiração do Véu parecia ressoar em suas almas, uma chamada para o que estava por vir. — O que está acontecendo, Elias? — Celina perguntou, sua voz carregada de dúvida e uma urgência crescente. Elias, que permanecia em silêncio, observando o movimento dos cristais, suspirou profundamente. Ele sabia que a resposta não seria simples. Não mais. — O Véu está se adaptando — disse Elias, sua voz grave. — A
O silêncio do vilarejo era quebrado apenas pelo som suave das folhas que dançavam ao vento. No centro da praça principal, o Véu parecia mais vivo do que nunca, suas cores oscilando entre tons de azul profundo e prata reluzente. Os guardiões estavam reunidos ao redor, formando um círculo. Cada um sentia o peso de sua própria jornada, mas também a conexão inegável com algo maior. Celina, de olhos fechados, ouvia o sussurro do Véu como uma melodia distante. Desde que havia se tornado uma guardiã, ela sentia a pulsação do Véu como se fosse o próprio batimento de seu coração. Mas naquele dia, havia algo diferente. Uma urgência. Um chamado que ela não podia ignorar. — Ele está nos falando — ela murmurou, quebrando o silêncio. Arian ergueu o olhar, observando os padrões que se formavam nas linhas do Véu. Pareciam mais nítidos, quase como uma escrita desconhecida. — O que quer dizer? — ele perguntou, tentando esconder a inquietação que o dominava. Elias, que havia ficado em silêncio
Assim que os guardiões atravessaram o Véu, foram envolvidos por um espaço que desafiava a lógica. Não havia chão, nem céu, apenas um vasto vazio preenchido por luzes flutuantes que pulsavam como estrelas vivas. Era um lugar de paradoxos, ao mesmo tempo calmo e inquietante, belo e perturbador. Celina sentiu sua respiração se acelerar. A energia ao redor parecia atravessá-la, tocando partes de sua alma que ela não sabia que existiam. Cada passo era como mergulhar mais fundo em um oceano de sensações. — O que é isso? — perguntou Lira, sua voz quase um sussurro. Elias, sempre sereno, respondeu sem hesitação: — Este é o coração do Véu. Aqui, o tempo e o espaço não têm significado. Tudo o que somos e tudo o que poderíamos ser se encontra neste lugar. Enquanto ele falava, as luzes ao redor começaram a tomar formas. Eram memórias, reflexos de vidas passadas e possibilidades futuras. Celina viu uma cena que a fez parar: ela mesma, segurando um cristal reluzente em um mundo destruído,
A noite caía sobre o vilarejo, trazendo consigo um vento gélido que carregava sussurros de eras passadas. No alto da colina, o Portal das Constelações despertava. As pedras, dispostas em um círculo perfeito, pulsavam com uma energia tão antiga quanto o próprio universo. O Véu estava enfraquecido, e os guardiões sabiam que este seria o momento decisivo para todos os mundos conectados por ele.Lira foi a primeira a chegar ao local. Sua capa esvoaçava, e os cabelos cacheados refletiam o brilho das estrelas acima. Ela tocou uma das pedras, sentindo sua vibração. Cada pulsação parecia uma batida do coração do cosmos.— O Portal está reagindo… — murmurou, sua voz ecoando no vazio.Logo, Celina surgiu entre as árvores, sua expressão carregada de determinação. Atrás dela, Elias e Arian caminhavam em silêncio, cada um perdido em seus próprios pensamentos. Os quatro guardiões se posicionaram ao redor do círculo, sentindo o peso da responsabilidade que carregavam.— Não podemos hesitar agora — d
As primeiras luzes da manhã surgiram no horizonte, banhando o vilarejo com um brilho dourado. O ar estava diferente, carregado de uma energia que parecia envolver tudo e todos. O Véu havia sido restaurado, mas suas mudanças estavam apenas começando a se manifestar.Celina despertou com o som do vento, que sussurrava seu nome como se a natureza inteira estivesse em comunhão com ela. Levantou-se lentamente e sentiu o peso das escolhas feitas na noite anterior. O sacrifício de suas forças a deixara frágil, mas havia algo mais profundo: uma conexão intensa com o mundo ao seu redor.— O Véu não apenas foi restaurado… ele está vivo dentro de nós. — murmurou para si mesma.Do lado de fora, Lira caminhava pelo vilarejo. As crianças corriam pelas ruas, e os mais velhos olhavam para o céu com uma reverência silenciosa. A presença do Véu era palpável, como uma rede invisível que unia cada ser.Elias se aproximou dela, com o olhar cansado, mas ainda carregado de serenidade.— Sente? — perguntou e
O céu estava claro, mas carregava um tom de expectativa. Havia uma calmaria incomum no vilarejo, como se tudo estivesse aguardando um próximo passo. Celina caminhava lentamente pela praça central, sentindo o calor suave da luz do sol em sua pele. Cada pedra sob seus pés parecia pulsar, conectada à energia do Véu que agora fluía livremente entre eles.Ela encontrou Elias próximo ao Portal das Constelações, sentado em uma posição meditativa. Seus olhos estavam fechados, mas um sorriso tranquilo adornava seu rosto.— Você sente isso, não sente? — Celina perguntou, sentando-se ao lado dele.Elias abriu os olhos e olhou para ela.— O Véu está mais do que restaurado. Ele está vivo, Celina. Nunca pensei que seria possível alcançar algo tão profundo.Celina sorriu, mas havia algo mais em seu olhar — uma mistura de alegria e preocupação.— Isso significa que nossa missão terminou? Ou que está apenas começando?Elias balançou a cabeça.— O Véu nos ensinou que cada final é apenas um ponto de tra
Assim que a figura luminosa desapareceu, uma nova sensação invadiu o grupo. O ar ao redor deles parecia vibrar, como se o próprio tempo estivesse os envolvendo. Celina olhou para Elias, que analisava o ambiente com olhos atentos.— Estamos fora do fluxo normal do tempo — disse ele, com um tom de fascínio. — Este lugar não é apenas um espaço entre universos. É um elo direto com o início de tudo.Lira, sempre impaciente, se aproximou do centro do terreno cristalizado.— Se isso é verdade, onde está o próximo passo? O Véu nos trouxe aqui por uma razão.Antes que alguém pudesse responder, uma voz grave ecoou pelo ambiente, como o som de mil relógios batendo ao mesmo tempo.— Vocês foram longe demais.Todos se viraram para a origem da voz. Uma figura alta e imponente surgiu do brilho estelar, envolta em um manto que parecia feito de fragmentos de galáxias. Seus olhos brilhavam como estrelas antigas, e uma coroa de luz pairava sobre sua cabeça.— Quem é você? — perguntou Celina, com a voz f