Assim que os guardiões atravessaram o Véu, foram envolvidos por um espaço que desafiava a lógica. Não havia chão, nem céu, apenas um vasto vazio preenchido por luzes flutuantes que pulsavam como estrelas vivas. Era um lugar de paradoxos, ao mesmo tempo calmo e inquietante, belo e perturbador. Celina sentiu sua respiração se acelerar. A energia ao redor parecia atravessá-la, tocando partes de sua alma que ela não sabia que existiam. Cada passo era como mergulhar mais fundo em um oceano de sensações. — O que é isso? — perguntou Lira, sua voz quase um sussurro. Elias, sempre sereno, respondeu sem hesitação: — Este é o coração do Véu. Aqui, o tempo e o espaço não têm significado. Tudo o que somos e tudo o que poderíamos ser se encontra neste lugar. Enquanto ele falava, as luzes ao redor começaram a tomar formas. Eram memórias, reflexos de vidas passadas e possibilidades futuras. Celina viu uma cena que a fez parar: ela mesma, segurando um cristal reluzente em um mundo destruído,
A noite caía sobre o vilarejo, trazendo consigo um vento gélido que carregava sussurros de eras passadas. No alto da colina, o Portal das Constelações despertava. As pedras, dispostas em um círculo perfeito, pulsavam com uma energia tão antiga quanto o próprio universo. O Véu estava enfraquecido, e os guardiões sabiam que este seria o momento decisivo para todos os mundos conectados por ele.Lira foi a primeira a chegar ao local. Sua capa esvoaçava, e os cabelos cacheados refletiam o brilho das estrelas acima. Ela tocou uma das pedras, sentindo sua vibração. Cada pulsação parecia uma batida do coração do cosmos.— O Portal está reagindo… — murmurou, sua voz ecoando no vazio.Logo, Celina surgiu entre as árvores, sua expressão carregada de determinação. Atrás dela, Elias e Arian caminhavam em silêncio, cada um perdido em seus próprios pensamentos. Os quatro guardiões se posicionaram ao redor do círculo, sentindo o peso da responsabilidade que carregavam.— Não podemos hesitar agora — d
As primeiras luzes da manhã surgiram no horizonte, banhando o vilarejo com um brilho dourado. O ar estava diferente, carregado de uma energia que parecia envolver tudo e todos. O Véu havia sido restaurado, mas suas mudanças estavam apenas começando a se manifestar.Celina despertou com o som do vento, que sussurrava seu nome como se a natureza inteira estivesse em comunhão com ela. Levantou-se lentamente e sentiu o peso das escolhas feitas na noite anterior. O sacrifício de suas forças a deixara frágil, mas havia algo mais profundo: uma conexão intensa com o mundo ao seu redor.— O Véu não apenas foi restaurado… ele está vivo dentro de nós. — murmurou para si mesma.Do lado de fora, Lira caminhava pelo vilarejo. As crianças corriam pelas ruas, e os mais velhos olhavam para o céu com uma reverência silenciosa. A presença do Véu era palpável, como uma rede invisível que unia cada ser.Elias se aproximou dela, com o olhar cansado, mas ainda carregado de serenidade.— Sente? — perguntou e
O céu estava claro, mas carregava um tom de expectativa. Havia uma calmaria incomum no vilarejo, como se tudo estivesse aguardando um próximo passo. Celina caminhava lentamente pela praça central, sentindo o calor suave da luz do sol em sua pele. Cada pedra sob seus pés parecia pulsar, conectada à energia do Véu que agora fluía livremente entre eles.Ela encontrou Elias próximo ao Portal das Constelações, sentado em uma posição meditativa. Seus olhos estavam fechados, mas um sorriso tranquilo adornava seu rosto.— Você sente isso, não sente? — Celina perguntou, sentando-se ao lado dele.Elias abriu os olhos e olhou para ela.— O Véu está mais do que restaurado. Ele está vivo, Celina. Nunca pensei que seria possível alcançar algo tão profundo.Celina sorriu, mas havia algo mais em seu olhar — uma mistura de alegria e preocupação.— Isso significa que nossa missão terminou? Ou que está apenas começando?Elias balançou a cabeça.— O Véu nos ensinou que cada final é apenas um ponto de tra
Assim que a figura luminosa desapareceu, uma nova sensação invadiu o grupo. O ar ao redor deles parecia vibrar, como se o próprio tempo estivesse os envolvendo. Celina olhou para Elias, que analisava o ambiente com olhos atentos.— Estamos fora do fluxo normal do tempo — disse ele, com um tom de fascínio. — Este lugar não é apenas um espaço entre universos. É um elo direto com o início de tudo.Lira, sempre impaciente, se aproximou do centro do terreno cristalizado.— Se isso é verdade, onde está o próximo passo? O Véu nos trouxe aqui por uma razão.Antes que alguém pudesse responder, uma voz grave ecoou pelo ambiente, como o som de mil relógios batendo ao mesmo tempo.— Vocês foram longe demais.Todos se viraram para a origem da voz. Uma figura alta e imponente surgiu do brilho estelar, envolta em um manto que parecia feito de fragmentos de galáxias. Seus olhos brilhavam como estrelas antigas, e uma coroa de luz pairava sobre sua cabeça.— Quem é você? — perguntou Celina, com a voz f
O portal diante dos guardiões brilhava com uma intensidade jamais vista. A energia pulsante parecia atravessar seus corpos, como se cada batida fosse um lembrete do compromisso que haviam assumido.Elias foi o primeiro a falar, seus olhos fixos na entrada luminosa.— Este não é um portal comum. Ele está nos chamando... mas também nos testando.Celina, ainda com o peso da experiência no portal anterior, assentiu.— O Guardião disse que o Véu exige equilíbrio. Talvez esse portal seja a última barreira antes de entendermos o que isso realmente significa.Sem mais hesitação, o grupo atravessou juntos, seus passos sincronizados. Assim que entraram, o mundo ao redor mudou completamente. Estavam em um vasto campo, onde o céu parecia ser um oceano invertido, repleto de estrelas que se moviam como ondas.No centro daquele campo, uma árvore gigantesca se erguia, suas raízes brilhando com luzes douradas e azuis que pareciam pulsar como o coração de um ser vivo.— Essa é a Árvore do Véu — murmuro
O silêncio que se seguiu à revelação da Árvore do Véu era denso e carregado de peso. O campo, antes iluminado pelas estrelas que dançavam no céu invertido, parecia agora um espaço suspenso entre o tempo e o vazio. Cada um dos guardiões sentia o fardo da decisão, e suas palavras, antes confiantes, agora se tornavam fragmentos de dúvidas.Celina foi a primeira a quebrar o silêncio, seus olhos fixos na esfera luminosa no centro da Árvore.— Não é justo. Não deveríamos ter que escolher entre salvar o Véu ou sacrificar uma parte de nós mesmos. Não deveria haver essa necessidade de renúncia.Kael olhou para ela, seu rosto marcado pela tensão, mas com uma expressão de compreensão.— Talvez o que o Véu nos ensina é que todo equilíbrio exige uma troca. Como no mundo que conhecemos, onde tudo se mantém na harmonia pela constante dança entre o dar e o receber. Não podemos esperar que a luz se mantenha sem a sombra.Lira estava ao lado de Kael, tocando levemente a raiz que se estendia para ela, c
O amanhecer trouxe consigo uma nova alvorada, mais suave e cheia de promessas do que todas as que haviam precedido. O campo onde antes havia repousado a Árvore do Véu agora estava vazio, mas seu espírito permanecia impregnado na brisa que percorria a terra. A energia que emanava do local ainda estava viva, vibrando com uma força renovada, como se a própria terra estivesse respirando, renovada pela escolha feita.Kael, Lira e Elias estavam em silêncio, mas não havia tristeza em seus corações. O sacrifício de Celina havia transformado a paisagem e, com ela, o destino de todos. Eles sabiam que a luz de Celina continuaria a brilhar, não como uma chama efêmera, mas como uma estrela em um novo céu, eternamente conectada ao Véu.Lira, com o olhar distante, foi a primeira a falar.— Eu a sinto... Não fisicamente, mas na brisa, no movimento das folhas. Ela se tornou parte de tudo. O Véu não a perdeu, apenas a incorporou, como ele sempre faz com todos que se entregam ao seu propósito.Kael asse