O vilarejo estava mais silencioso do que nunca. As montanhas ao redor pareciam mais distantes, como se o Véu tivesse ampliado o alcance do mundo, esticando-o até os limites do infinito. O céu, por sua vez, refletia o estado interior dos guardiões: vasto, cheio de possibilidades, mas também marcado pela responsabilidade que agora carregavam. Cada passo que davam parecia ecoar no universo.Celina, Arian, Eshara, Lira e Elias estavam diante do grande cristal, que ainda emanava uma luz dourada, a qual parecia ser absorvida pela terra. Os guardiões sentiam a conexão entre o Véu e seus próprios corpos, uma sintonia que nunca tinham experimentado antes, como se fossem extensões um do outro. Era um poder imenso, mas também um fardo que exigia equilíbrio e sabedoria.— O Véu agora se estende além do vilarejo. Não é mais só um elo entre as dimensões que conhecemos. Ele conecta todos os mundos — disse Elias, com um tom grave, mas sereno. — O mapa estelar revelado é mais do que uma simples projeç
Os guardiões estavam a poucos passos da imensa torre de cristal. À medida que se aproximavam, uma sensação estranha tomava conta deles, como se o próprio ar estivesse mais denso, carregado de um poder que desafiava a compreensão. O chão, que antes pulsava de forma suave, agora tremia levemente, como se o planeta estivesse respirando com eles. Cada passo que davam era uma reverberação no tempo e no espaço.A torre parecia estar viva, com suas paredes que ondulavam e se contorciam, refletindo uma luz dourada que se intensificava conforme chegavam mais perto. Era como se ela estivesse se moldando à medida que eles se aproximavam, como se estivesse esperando por eles.Celina foi a primeira a falar, sua voz carregada de reverência e um toque de apreensão:— Não sei o que nos aguarda lá dentro, mas sinto que estamos chegando ao ponto crucial de nossa jornada. O Véu nos trouxe até aqui por um motivo. Esta torre... é a chave para algo maior.Arian olhou para o topo da torre, onde uma luz inte
O som do vento atravessava os corredores da torre, sussurrando entre os cristais flutuantes. Cada passo que os guardiões davam parecia ecoar no vazio, como se estivessem caminhando por um espaço onde o tempo e o espaço não se aplicavam mais. O Véu, agora mais denso, envolvia tudo ao redor, uma presença constante, pesada e imutável.Ao saírem da sala central, onde a esfera de luz brilhava com intensidade ofuscante, o ambiente parecia ter mudado. As paredes de cristal agora exibiam fissuras tênues, como se a própria torre estivesse se tornando mais sensível à presença deles. O Véu que antes era suave e reconfortante agora pulsava com uma energia que desconcertava, revelando que algo maior se movia nos recessos daquele espaço.Celina foi a primeira a perceber. Ela parou, como se tivesse sentido uma presença se aproximando. Seu corpo se arrepiou, e uma sensação de frio percorreu sua espinha. O que quer que fosse, sabia que estava sendo observado.— Algo está errado — disse ela, sua voz te
O vilarejo estava em silêncio, mas no ar, algo vibrava com a intensidade de uma tempestade prestes a acontecer. O Véu havia se tornado mais denso, quase palpável, como se estivesse respirando junto com os guardiões. As fissuras nas pedras e cristais que decoravam o vilarejo agora formavam padrões geométricos intrincados, como se um novo mapa do destino estivesse sendo traçado ali.Celina, com o olhar fixo no horizonte, sentia uma sensação de inquietação. Algo estava se movendo além da compreensão humana, algo que transcende a percepção deles, mas que eles precisavam entender. Cada respiração do Véu parecia ressoar em suas almas, uma chamada para o que estava por vir.— O que está acontecendo, Elias? — Celina perguntou, sua voz carregada de dúvida e uma urgência crescente.Elias, que permanecia em silêncio, observando o movimento dos cristais, suspirou profundamente. Ele sabia que a resposta não seria simples. Não mais.— O Véu está se adaptando — disse Elias, sua voz grave. — As linha
Era uma noite sem lua quando Daniel observava o céu. A vastidão negra parecia um manto infinito, salpicado com minúsculas estrelas, como cicatrizes luminosas no tecido do universo. Ele sempre se perguntava o que existia além do que os olhos podiam ver, além da luz das estrelas que já estavam mortas, mas continuavam a brilhar.Daniel, um jovem astrofísico em ascensão, dedicara sua vida a estudar os mistérios do cosmos. Seu fascínio por buracos negros começou cedo, uma curiosidade alimentada por teorias e especulações. Para muitos, os buracos negros eram ameaças silenciosas no universo; para ele, eram portais para algo maior.Naquela noite, algo mudou.Em meio às observações rotineiras, seus monitores começaram a registrar flutuações que desafiavam qualquer explicação conhecida. Um sinal incomum, vindo de um ponto distante, onde apenas um buraco negro colossal reinava. O nome da região era SG-103, um dos buracos negros mais antigos já descobertos, um verdadeiro monstro cósmico.— O que
As luzes do laboratório piscavam intermitentemente, refletindo o estado caótico da mente de Daniel. Ele mal havia dormido nas últimas quarenta e oito horas, obcecado pela ideia de que o buraco negro SG- cento e três estava escondendo algo que os cálculos e modelos não conseguiam prever. Era como se todo o seu treinamento científico fosse insuficiente para lidar com o que estava diante dele.O buraco negro, que antes era uma ameaça distante e misteriosa, agora parecia um convite tentador. As flutuações eletromagnéticas, os sinais enigmáticos que ele captara, ainda ressoavam em sua cabeça. Mas, estranhamente, não havia pânico em seu coração. Havia uma curiosidade insaciável, quase como se aquilo estivesse destinado a acontecer.Naquela manhã, ele se sentou com Clara, sua parceira de pesquisa e a única pessoa que parecia compartilhar, ao menos em parte, de seu entusiasmo. Clara, uma jovem cosmóloga com uma mente afiada, estava mais cautelosa. Enquanto Daniel via as evidências como um cam
O ar era pesado, quase irreal, e cada respiração parecia trazer consigo um fluxo de energia desconhecida. Daniel e Clara estavam em pé, tentando processar o que viam ao redor. Tudo era ao mesmo tempo familiar e alienígena. As florestas ao longe tinham cores que não existiam no espectro da Terra, e o horizonte se curvava de uma maneira impossível, como se o próprio espaço fosse maleável.— Isso… isso não pode ser real — disse Clara, a voz trêmula. Ela olhava para o céu púrpura com uma mistura de assombro e medo.— É real — respondeu Daniel, ainda fascinado pelo que seus olhos captavam. — Estamos em outro universo. Além do horizonte de eventos. Não é uma simulação, não é uma visão. Estamos aqui.Clara se levantou com a ajuda de Daniel e olhou ao redor. O ambiente parecia deserto, mas havia algo perturbador em sua quietude, uma sensação de que o mundo à sua volta estava apenas adormecido, esperando algo para despertar.— Precisamos entender como isso aconteceu — ela disse, sua mente já v
O silêncio que seguiu a declaração da figura era esmagador. Daniel e Clara permaneciam imóveis, seus corações batendo com força no peito. A figura à sua frente era indistinta, envolta em um brilho que desafiava qualquer definição, como se fosse composta de pura energia. Seus contornos flutuavam entre formas humanas e alienígenas, mudando constantemente, mas os olhos, ou o que pareciam ser olhos, permaneciam fixos neles, brilhando com uma inteligência ancestral.— Vocês... nos esperavam? — Clara conseguiu balbuciar, sua voz tremendo. — Como isso é possível?A figura inclinou-se levemente em sua direção, e a sensação de ser observada aumentou, como se milhares de mentes estivessem focadas neles ao mesmo tempo.— Vocês dois carregam a marca do buscador — disse a figura, suas palavras ecoando não só no ar, mas nas profundezas da mente de Daniel e Clara. — Desde o momento em que olharam para o horizonte de eventos, desde que decifraram os sinais... estavam destinados a chegar aqui. Não foi