Os guardiões estavam exaustos, mas o Véu pulsava suavemente no céu, como um coração universal que acabara de ser estabilizado. A Canção da Origem havia desaparecido, mas seu legado permanecia nítido. Agora, as dimensões estavam conectadas, mas a harmonia recém-criada exigia vigilância constante.Um Novo Horizonte— Isso é só o começo — disse Eshara, olhando para os cristais que agora estavam profundamente integrados ao solo. Suas cores dançavam com uma tranquilidade que acalmava os sentidos, como se o universo estivesse finalmente respirando aliviado.— É estranho... — murmurou Arian, franzindo a testa. — Parece que alcançamos o fim de algo grandioso, mas sinto que algo maior ainda está por vir.Celina concordou silenciosamente. O silêncio que se seguira ao ritual estava longe de ser vazio; era carregado de promessas, de perguntas sem resposta e de um mistério que ainda pairava.A Visita InesperadaEnquanto refletiam sobre seus papéis futuros, uma figura apareceu à distância, caminhan
Os primeiros raios do sol atravessavam o Véu, projetando feixes de luz iridescente sobre o vilarejo. O ambiente estava em paz, mas os corações dos guardiões sabiam que essa tranquilidade era uma ilusão passageira. A luta contra a entidade do caos havia deixado marcas invisíveis, não apenas no Véu, mas também em cada um deles.Um Chamado do VéuCelina foi a primeira a perceber que algo havia mudado. Enquanto caminhava pelas bordas do vilarejo, os cristais emitiram um som sutil, quase como um sussurro.— Vocês ouviram isso? — perguntou, reunindo-se com Arian e Eshara.— Não ouvi nada, mas... — Eshara parou, colocando a mão no coração. — É como se o Véu estivesse tentando falar conosco.Arian olhou para o céu, onde as cores do Véu pareciam formar padrões efêmeros, como mensagens codificadas.— Talvez a restauração tenha despertado algo adormecido por eras. Precisamos entender o que isso significa.A Reunião dos GuardiõesOs guardiões se reuniram no centro do vilarejo, onde Elias aguardav
Era uma noite sem lua quando Daniel observava o céu. A vastidão negra parecia um manto infinito, salpicado com minúsculas estrelas, como cicatrizes luminosas no tecido do universo. Ele sempre se perguntava o que existia além do que os olhos podiam ver, além da luz das estrelas que já estavam mortas, mas continuavam a brilhar.Daniel, um jovem astrofísico em ascensão, dedicara sua vida a estudar os mistérios do cosmos. Seu fascínio por buracos negros começou cedo, uma curiosidade alimentada por teorias e especulações. Para muitos, os buracos negros eram ameaças silenciosas no universo; para ele, eram portais para algo maior.Naquela noite, algo mudou.Em meio às observações rotineiras, seus monitores começaram a registrar flutuações que desafiavam qualquer explicação conhecida. Um sinal incomum, vindo de um ponto distante, onde apenas um buraco negro colossal reinava. O nome da região era SG-103, um dos buracos negros mais antigos já descobertos, um verdadeiro monstro cósmico.— O que
As luzes do laboratório piscavam intermitentemente, refletindo o estado caótico da mente de Daniel. Ele mal havia dormido nas últimas quarenta e oito horas, obcecado pela ideia de que o buraco negro SG- cento e três estava escondendo algo que os cálculos e modelos não conseguiam prever. Era como se todo o seu treinamento científico fosse insuficiente para lidar com o que estava diante dele.O buraco negro, que antes era uma ameaça distante e misteriosa, agora parecia um convite tentador. As flutuações eletromagnéticas, os sinais enigmáticos que ele captara, ainda ressoavam em sua cabeça. Mas, estranhamente, não havia pânico em seu coração. Havia uma curiosidade insaciável, quase como se aquilo estivesse destinado a acontecer.Naquela manhã, ele se sentou com Clara, sua parceira de pesquisa e a única pessoa que parecia compartilhar, ao menos em parte, de seu entusiasmo. Clara, uma jovem cosmóloga com uma mente afiada, estava mais cautelosa. Enquanto Daniel via as evidências como um cam
O ar era pesado, quase irreal, e cada respiração parecia trazer consigo um fluxo de energia desconhecida. Daniel e Clara estavam em pé, tentando processar o que viam ao redor. Tudo era ao mesmo tempo familiar e alienígena. As florestas ao longe tinham cores que não existiam no espectro da Terra, e o horizonte se curvava de uma maneira impossível, como se o próprio espaço fosse maleável.— Isso… isso não pode ser real — disse Clara, a voz trêmula. Ela olhava para o céu púrpura com uma mistura de assombro e medo.— É real — respondeu Daniel, ainda fascinado pelo que seus olhos captavam. — Estamos em outro universo. Além do horizonte de eventos. Não é uma simulação, não é uma visão. Estamos aqui.Clara se levantou com a ajuda de Daniel e olhou ao redor. O ambiente parecia deserto, mas havia algo perturbador em sua quietude, uma sensação de que o mundo à sua volta estava apenas adormecido, esperando algo para despertar.— Precisamos entender como isso aconteceu — ela disse, sua mente já v
O silêncio que seguiu a declaração da figura era esmagador. Daniel e Clara permaneciam imóveis, seus corações batendo com força no peito. A figura à sua frente era indistinta, envolta em um brilho que desafiava qualquer definição, como se fosse composta de pura energia. Seus contornos flutuavam entre formas humanas e alienígenas, mudando constantemente, mas os olhos, ou o que pareciam ser olhos, permaneciam fixos neles, brilhando com uma inteligência ancestral.— Vocês... nos esperavam? — Clara conseguiu balbuciar, sua voz tremendo. — Como isso é possível?A figura inclinou-se levemente em sua direção, e a sensação de ser observada aumentou, como se milhares de mentes estivessem focadas neles ao mesmo tempo.— Vocês dois carregam a marca do buscador — disse a figura, suas palavras ecoando não só no ar, mas nas profundezas da mente de Daniel e Clara. — Desde o momento em que olharam para o horizonte de eventos, desde que decifraram os sinais... estavam destinados a chegar aqui. Não foi
O laboratório estava silencioso, exceto pelo som incessante das teclas enquanto Daniel e Clara digitavam freneticamente, analisando os dados que haviam recebido após seu retorno. As flutuações de energia que eles captaram antes e depois da jornada para o universo paralelo agora faziam sentido de uma maneira que nunca imaginaram. Era como se cada pulso, cada variação, fosse parte de uma linguagem codificada, uma mensagem enviada através de dimensões.— Está ficando mais forte — disse Clara, seus olhos fixos na tela. — As flutuações estão aumentando, como se algo estivesse pressionando essa barreira entre os universos.Daniel assentiu, concentrado. Ele podia sentir a tensão no ar, o tempo correndo contra eles. Embora estivessem de volta à Terra, ele não conseguia afastar a sensação de que ainda estavam sendo observados, como se a presença que sentiram na torre tivesse atravessado junto com eles.— Temos que localizar a fonte dessas flutuações — ele disse, com a voz firme. — Não podemos
O vento gelado da Sibéria assobiava em torno de Daniel e Clara enquanto eles trabalhavam freneticamente. Cada segundo parecia uma eternidade, enquanto o colapso iminente entre os universos se aproximava. Os detectores estavam em alerta máximo, e o campo de energia ao redor deles oscilava violentamente, quase como se a própria realidade estivesse sendo rasgada.— A instabilidade está piorando! — gritou Clara, ajustando os parâmetros do estabilizador que haviam trazido. — Se não conseguirmos desacelerar essas flutuações agora, não vamos ter chance de controlar o colapso!Daniel, suando sob o frio intenso, estava tentando ajustar o fluxo de energia para estabilizar a barreira. Mas algo parecia errado. A sombra que os confrontara antes havia falado como se o caos fosse inevitável, como se houvesse algo além do controle deles. Ele olhou para Clara, seus olhos carregando a dúvida que pairava sobre sua mente.— E se não for suficiente? — Daniel murmurou, mais para si mesmo do que para Clara.