A floresta ao norte era mais densa e sombria, como se carregasse os segredos de eras antigas em suas entranhas. Kaena e Tupã avançavam em silêncio, cada passo ecoando o peso da missão que os guiava. As árvores ao redor, altas e imponentes, pareciam formar um corredor sem fim, seus galhos entrelaçados bloqueando a luz da lua e deixando apenas sombras para lhes fazer companhia.Kaena sentia a tensão no ar. Era como se a própria floresta estivesse testando sua determinação, como fizera antes em sua jornada até as montanhas. Ela olhou para Tupã, que seguia à frente, a postura firme e resoluta, mas os olhos dele carregavam algo mais: uma sombra de dúvida.— Estamos próximos, Kaena? — perguntou Tupã, parando por um instante para olhar em volta. A voz dele era grave, mas havia nela uma ponta de inquietação.— Devemos estar — respondeu Kaena, tentando mascarar a incerteza que começava a se insinuar em seu peito. — O Xamã é conhecido por sua conexão profunda com a floresta. Se ele realmente qu
A noite mergulhava o acampamento em sombras profundas, apenas rompidas pelo brilho das fogueiras que lançavam luzes e sombras dançantes nas árvores ao redor. Havia um silêncio inquietante no ar, como o momento de calma antes da tempestade. Guardas patrulhavam os perímetros, suas silhuetas escuras recortadas contra o fogo, conforme dentro das barracas maiores ecoavam vozes ásperas de homens discutindo estratégias e cifrões.Longe das luzes, escondido entre os galhos e a vegetação rasteira, Tumbleweed esperava o momento oportuno. Ele observava o movimento dos guardas, calculando o momento perfeito para agir. Seu coração batia rápido, mas ele respirava fundo, conectando-se com o vento que soprava suavemente ao seu redor. Ele não era apenas um garoto naquele instante; era o vento que rodopiava pela floresta, uma força indomável pronta para confundir e desestabilizar.Ao longe, Yara estava posicionada em um ponto estratégico, entre as árvores, com bonecos de palha cuidadosamente escondidos
A floresta em volta do acampamento de Donaldo parecia mais viva do que nunca naquela madrugada. Havia um peso no ar, uma energia que fazia as folhas das árvores sussurrarem segredos antigos. O caos recente causado por Tumbleweed e seus aliados havia deixado o acampamento em silêncio, mas não era um silêncio de paz. Era o tipo de quietude que precede a tempestade, um aviso que apenas aqueles conectados à terra poderiam compreender.Dentro de uma das tendas, um homem despertou. Não sabia ao certo o que o tirara do sono; talvez fosse o frio incomum ou o cheiro diferente que o ar carregava. Ele sentou-se em seu catre improvisado e olhou ao redor, percebendo que algo estava errado.O acampamento estava desordenado. Barracas pareciam reviradas, ferramentas espalhadas pelo chão, e as fogueiras quase apagadas deixavam apenas brasas que pulsavam fracamente. O homem estreitou os olhos, sentindo o arrepio subir por sua espinha. Algo se movia nas sombras, algo que não deveria estar ali.— Ei... t
A madrugada era uma entidade viva, pulsando com o caos que se desenrolava no acampamento. Os Sith continuavam a se mover como sombras encarnadas, silentes e implacáveis, reduzindo os homens de Donaldo a um bando desordenado e aterrorizado. As fogueiras estavam quase extintas, e os gritos de desespero ecoavam pela mata, misturando-se ao som inquietante da floresta.Donaldo estava acuado. Ele corria pelos corredores improvisados entre as barracas, chutando objetos e derrubando caixas, tentando manter distância das figuras que pareciam surgir de todos os lados. Seu coração batia descompassado, e o suor escorria pelo rosto como uma chuva interna, molhando sua camisa amarrotada.— Idiotas! — rugiu ele para os homens que ainda tentavam reagir. — Mantenham a linha! Atirem! Façam algo, maldição!Mas as ordens de Donaldo caíam em ouvidos surdos. Seus homens já não tinham moral para lutar; a visão dos Sith quebrara completamente qualquer resquício de coragem. Cada um corria em direções diferente
A madrugada parecia respirar aliviada, como se a floresta finalmente recuperasse seu ritmo natural após o caos da noite. As sombras haviam se dissipado, e o silêncio era agora um manto reconfortante, em vez de uma presença inquietante. No coração da mata, onde a luz das estrelas mal alcançava, Kaena e os estrategistas mascarados preparavam-se para partir.Kaena olhou para Yara e Tupã, que permaneciam lado a lado, ainda carregando a intensidade dos eventos daquela noite nos olhos. Os estrategistas mascarados ficaram em silêncio, como se fossem espectros que desapareciam junto com a escuridão.— Vocês sabem o que fazer agora — disse Kaena, sua voz firme, mas em tom de despedida. — A floresta deu o primeiro passo, mas tenho a amarga sensação de que esta luta não terminará tão cedo. Donaldo pode ter sido derrotado, mas outros como ele virão, e vocês precisarão estar alertas.Yara assentiu lentamente, sentindo o peso das palavras de Kaena. O vento soprava entre as árvores, fustigando seus
A luz da manhã filtrava-se pelas copas das árvores, lançando sombras compridas e douradas sobre o solo. A floresta em volta parecia sussurrar bênçãos em cada rajada de vento, mas também se despedir, como se soubesse que os dois estavam prestes a deixá-la para trás.O norte os chamava, uma terra cheia de promessas e perigos. A jornada não seria fácil, mas nenhum deles esperava facilidade; apenas resultados. Caminhavam lado a lado — Tupã com seus passos firmes e Yara com seu olhar atento —, a conexão entre eles um fio invisível de força e cumplicidade, uma força maior do que qualquer obstáculo que poderiam encontrar.Conforme avançavam, a paisagem começou a mudar. As árvores altas e acolhedoras da floresta deram lugar a vegetação mais
A manhã nascera com uma estranha melancolia no ar. O sol, normalmente vibrante, parecia mais pálido, filtrando-se com timidez através da vegetação esparsa em volta do esconderijo da tribo. Yara e Tupã estavam reunidos com o ancião e outros membros sobreviventes, discutindo as possibilidades de reconstrução e resistência. A escolha diante deles pesava como uma pedra no coração: seguir para o norte e cumprir a promessa feita a Tumbleweed ou ficar e ajudar aquela tribo, tão devastada pela opressão dos exploradores.— Entendam — disse o ancião, apoiado em seu cajado —, não queremos ser um fardo para vocês. Mas também sabemos que, sem ajuda, nossa tribo não sobreviverá a outro ataque. Somos poucos e vulneráveis.Antes que Yara ou Tupã pudessem responder, um jovem entrou na caverna improvisada, a expressão em seu rosto carregada de preocupação.— Ancião, as crianças... elas pi
A subida pelas montanhas era um desafio tanto para o corpo quanto para a mente. Cada passo exigia mais de Yara, com o terreno traiçoeiro e os ventos cortantes que traziam o cheiro de pedras e silêncio. As encostas eram íngremes, com pedras soltas que ameaçavam ceder a qualquer instante, e ravinas profundas parecendo olhos negros, espreitando das profundezas.Yara avançava com cuidado, o olhar atento, as mãos firmes em seu arco. Cada som, por menor que fosse, parecia amplificado. O chilrear distante de um pássaro, o estalo de galhos secos ao vento, até mesmo sua respiração, tudo se transformava em um lembrete constante de que ela estava sozinha e vulnerável.Os sinais de presença humana tornavam a jornada ainda mais perturbadora. Aqui e ali, ela encontrava marcas deixadas por exploradores: pegadas recentes, ferramentas abandonadas, garrafas de bebida alcoólica, e até mesmo restos de acampamentos. O cheiro de fumaça velha e de água de fogo e ferro impregnava o ar em certos trechos, desto