A noite estendia seu manto estrelado sobre a floresta, conforme Tupã e Kaena avançavam pelos sinuosos caminhos em direção ao extremo setentrional. O silêncio entre eles era respeitoso, mas carregado de expectativas, como se a própria floresta estivesse atenta a cada passo deles. A tarefa de encontrar o xamã era crucial, e cada segundo parecia se alongar com o peso da responsabilidade.
Kaena caminhava com passos leves mas firmes, embora sua mente não estivesse completamente ali. As sombras da noite pareciam evocar memórias antigas, lembranças de tempos duros, mas também de escolhas que moldaram quem ela era. Conforme seguia ao lado de Tupã, não conseguia evitar o fluxo de pensamentos que a transportava para o passado, para o momento em que seu destino foi selado pela decisão mais
A noite parecia respirar junto com a floresta. O vento movia suavemente as folhas, criando um murmúrio constante que escondia os passos de Yara e Tumbleweed conforme avançavam em direção ao acampamento de Donaldo. A lua, alta no céu, filtrava sua luz prateada através das copas das árvores, iluminando o caminho de maneira sutil, como se até os céus quisessem ajudá-los em sua missão.Tumbleweed movia-se com uma leveza impressionante, seus pés descalços mal fazendo ruído ao tocar o chão coberto de folhas. Ele era ágil, rápido, quase como o vento que lhe emprestara o nome. Mas por trás de sua agilidade e determinação, havia um olhar distante. Conforme avançavam pela mata, ele era tomado por memórias de um tempo que parecia pertencer a outra vida.Correr livre e solto... As palavras ecoavam em sua mente como o refrão de uma canção antiga. Antes das minas, antes das correntes, ele era apenas um menino, tão livre quanto o vento que agora o guiava.Tumbleweed lembrava-se de sua terra natal, u
A floresta ao norte era mais densa e sombria, como se carregasse os segredos de eras antigas em suas entranhas. Kaena e Tupã avançavam em silêncio, cada passo ecoando o peso da missão que os guiava. As árvores ao redor, altas e imponentes, pareciam formar um corredor sem fim, seus galhos entrelaçados bloqueando a luz da lua e deixando apenas sombras para lhes fazer companhia.Kaena sentia a tensão no ar. Era como se a própria floresta estivesse testando sua determinação, como fizera antes em sua jornada até as montanhas. Ela olhou para Tupã, que seguia à frente, a postura firme e resoluta, mas os olhos dele carregavam algo mais: uma sombra de dúvida.— Estamos próximos, Kaena? — perguntou Tupã, parando por um instante para olhar em volta. A voz dele era grave, mas havia nela uma ponta de inquietação.— Devemos estar — respondeu Kaena, tentando mascarar a incerteza que começava a se insinuar em seu peito. — O Xamã é conhecido por sua conexão profunda com a floresta. Se ele realmente qu
A noite mergulhava o acampamento em sombras profundas, apenas rompidas pelo brilho das fogueiras que lançavam luzes e sombras dançantes nas árvores ao redor. Havia um silêncio inquietante no ar, como o momento de calma antes da tempestade. Guardas patrulhavam os perímetros, suas silhuetas escuras recortadas contra o fogo, conforme dentro das barracas maiores ecoavam vozes ásperas de homens discutindo estratégias e cifrões.Longe das luzes, escondido entre os galhos e a vegetação rasteira, Tumbleweed esperava o momento oportuno. Ele observava o movimento dos guardas, calculando o momento perfeito para agir. Seu coração batia rápido, mas ele respirava fundo, conectando-se com o vento que soprava suavemente ao seu redor. Ele não era apenas um garoto naquele instante; era o vento que rodopiava pela floresta, uma força indomável pronta para confundir e desestabilizar.Ao longe, Yara estava posicionada em um ponto estratégico, entre as árvores, com bonecos de palha cuidadosamente escondidos
A floresta em volta do acampamento de Donaldo parecia mais viva do que nunca naquela madrugada. Havia um peso no ar, uma energia que fazia as folhas das árvores sussurrarem segredos antigos. O caos recente causado por Tumbleweed e seus aliados havia deixado o acampamento em silêncio, mas não era um silêncio de paz. Era o tipo de quietude que precede a tempestade, um aviso que apenas aqueles conectados à terra poderiam compreender.Dentro de uma das tendas, um homem despertou. Não sabia ao certo o que o tirara do sono; talvez fosse o frio incomum ou o cheiro diferente que o ar carregava. Ele sentou-se em seu catre improvisado e olhou ao redor, percebendo que algo estava errado.O acampamento estava desordenado. Barracas pareciam reviradas, ferramentas espalhadas pelo chão, e as fogueiras quase apagadas deixavam apenas brasas que pulsavam fracamente. O homem estreitou os olhos, sentindo o arrepio subir por sua espinha. Algo se movia nas sombras, algo que não deveria estar ali.— Ei... t
A madrugada era uma entidade viva, pulsando com o caos que se desenrolava no acampamento. Os Sith continuavam a se mover como sombras encarnadas, silentes e implacáveis, reduzindo os homens de Donaldo a um bando desordenado e aterrorizado. As fogueiras estavam quase extintas, e os gritos de desespero ecoavam pela mata, misturando-se ao som inquietante da floresta.Donaldo estava acuado. Ele corria pelos corredores improvisados entre as barracas, chutando objetos e derrubando caixas, tentando manter distância das figuras que pareciam surgir de todos os lados. Seu coração batia descompassado, e o suor escorria pelo rosto como uma chuva interna, molhando sua camisa amarrotada.— Idiotas! — rugiu ele para os homens que ainda tentavam reagir. — Mantenham a linha! Atirem! Façam algo, maldição!Mas as ordens de Donaldo caíam em ouvidos surdos. Seus hom
A floresta ainda dormia sob o manto da madrugada. A névoa rasteira dançava sobre o solo úmido, enquanto as folhas, orvalhadas pelo frescor da noite, sussurravam segredos ancestrais ao vento. Lá, no coração desse silêncio antigo, duas sombras se moviam com a suavidade de predadores. Yara, de olhos afiados como a lâmina da sua adaga, conduzia seus passos firmes sobre as raízes da terra que tanto conhecia. Ao seu lado, Tupã, o caçador cuja respiração compassada seguia o ritmo da floresta, mantinha os sentidos em alerta, pronto para proteger a mulher que amava. Juntos, formavam um só espírito, mas agora eram também um casal foragido.A alvorada não tardaria a banhar os céus de laranja e ouro, mas aquela manhã não seria como as outras. Desta vez, a luz do sol traria consigo caçadores — não de presas, mas de almas humanas.Yara olhou de relance para Tupã, os olhos expressando a certeza e a preocupação que tentava esconder. Ele não precisava de palavras para entender. Um simples olhar bastav
A noite desceu sobre a floresta como um manto de veludo negro, ocultando os segredos e os medos que cresciam sob as copas altas das árvores. O vento murmurava canções antigas, que só aqueles de coração selvagem podiam compreender. Yara e Tupã caminhavam entre essas sombras, suas respirações sincronizadas com o pulsar da floresta viva, sentindo em cada passo o peso da perseguição que os rondava, como lobos famintos à espreita.A escuridão era um refúgio e um perigo. Ali, onde os raios da lua mal atravessavam o denso dossel de folhas, o casal sabia que a floresta poderia ser sua aliada ou sua ruína. As árvores, testemunhas silenciosas de séculos de histórias, pareciam abrigar segredos, oferecendo-lhes proteção, mas também alertando sobre o que viria.Tupã, com seus sentidos afiados, par
O sol nascente despontava no horizonte, tingindo de dourado as copas das árvores, mas a luz que quebrava a escuridão não trazia consolo. Pelo contrário, o amanhecer revelava o início de um novo desafio, e Yara e Tupã sabiam que a perseguição havia apenas começado.As marcas no solo eram inconfundíveis. Tupã, agachado junto a uma trilha de folhas amassadas, examinava os rastros com olhos atentos. Havia pegadas largas, impressas profundamente na terra úmida, pesadas como as intenções daqueles que as deixaram. Ele passou os dedos pelos sulcos no chão e estreitou os olhos.— Não são guerreiros comuns — murmurou Tupã, a voz grave cortando o silêncio da floresta. — São homens brancos, caçadores de recompensas. A paga deles é o peso de nossas cabeças.Yara se a