— Eu aceito — disse Kennett finalmente, sua voz baixa, mas firme.Naaldlooyee sorriu novamente, mas desta vez havia algo mais em sua expressão. Algo como triunfo.O ocultista estendeu a mão para selar o pacto, conforme a floresta parecia gritar em protesto.Naquele instante, Donaldo sentiu no âmago de seu ser: cruzava um limite que talvez jamais pudesse voltar.O céu sobre a floresta era um abismo sem fim, pesado, nuvens imóveis abafando até o sussurro do vento. Não havia estrelas para guiar os perdidos, apenas um manto de escuridão que aparentemente se fechava mais a cada instante.A primeira mudança foi quase imperceptível.Uma árvore, altiva e vigorosa no coração da mata, começou a fenecer. Suas folhas, antes verdes e brilhantes como jade, tornaram-se cinzentas, frágeis, e caíram como lágrimas silenciosas sobre o solo. Cada folha que tocava a terra era um aviso, um lamento de algo profundamente errado.Perto de um rio, Yara flagrava-se agachada, os olhos fixos na água turva que corr
A mãos dele exploravam o corpo dela com uma mistura de desejo e curiosidade. Os avantajados seios. A virilha. A parte interna das coxas. Cada cantinho reservado aos meandros da imaginação. Excitada, a moça respondeu — removendo a fina calcinha de seda e abrindo as pernas, ao que a rosada vulva revelou-se. Úmida. Convidativa. Donaldo entrou nela, e a concubina envolveu-o com seus braços, atraindo-o para mais perto, levando-o a mergulhar ainda mais profundamente nela, conforme intensificavam a troca de beijos e toques e carícias.Ela gemeu conforme ele se movimentava, entrando e tornando a entrar.O calor dentro da tenda se condensou.Os lençóis de seda espalhavam-se pelo chão como rastros de uma batalha silenciosa.A loira arquejava sob ele, as unhas cravando-se em suas costas.Donaldo grunhiu, segurando-lhe os pulsos acima da cabeça, dominando-a com facilidade.— Você gosta disso, não é? — sussurrou ele, o hálito quente roçando o pescoço dela.Ela gemeu em resposta, os olhos vidrados d
O vento murmurava lá fora, carregando consigo a poeira da terra ressecada.Dentro da tenda, o calor sufocava.Pele contra pele.Carne contra carne.Os lençóis embolados, úmidos de suor e desejo.Os suaves gemidos da esguia mulher abaixo dele se fundiam ao ranger do colchão e ao cadenciado som dos corpos em movimento.Mas Donaldo não estava totalmente ali.Seus olhos fitavam o vazio, mesmo conforme seu corpo seguia o movimento, seus dedos cravados nos quadris da concubina de pele azeitonada.Ela gemeu alto, arqueando-se contra ele, buscando sua atenção.— Você está noutro lugar, meu senhor — sussurrou ela, arranhando-lhe o peito.Donaldo não respondeu.Porque seu pensamento estava envolto por outra presença.Naaldlooyee.Donaldo não sabia exatamente quando começou a temer Naaldlooyee.Quando firmara o pacto, acreditava que controlaria a escuridão, que manteria as sombras sob seu comando.Mas, agora, não tinha certeza se a escuridão não começava a controlá-lo.E ele se perguntava:Naaldl
O silêncio da noite pesava como um manto sufocante sobre o acampamento. A fogueira lá fora já não passava de brasas lânguidas, e dentro da tenda principal, Donaldo repousava... mas seu sono era agitado.No começo, era um sonho comum. Ele estava de volta à sua casa, muito antes de sua jornada rumo às florestas e ao hermético poder. A madeira das vigas rangia suavemente com a brisa noturna, e o cheiro de terra molhada impregnava o ar.Mas algo estava errado.O corredor... parecia longo demais.As paredes, onde outrora havia quadros e tapeçarias, agora estavam nuas e pulsantes, como se tivessem vida própria.Ele olhou para suas mãos. Estavam manchadas de... sombra? Como tinta negra escorrendo por sua pele.Ao fundo, um som abafado vinha do quarto. Risos. Um riso masculino, entrelaçado com suspiros de desejo.O ódio explodiu dentro dele, queimando como fel. Ele conhecia aquele quarto. Conhecia cada centímetro da madeira, cada imperfeição no teto. Era o quarto de Clara. Era o seu quarto.A
A lua cheia pairou sobre a ravina, derramando uma luz prateada que banhou as pedras e a vegetação, tingindo o cenário de um brilho fantasmagórico. À beira do precipício, Lyra, a concubina de Donaldo, assentou-se com os pés balançando no vazio, ao que seus olhos mergulharam nas profundezas, onde as sombras se estendiam como dedos esqueléticos, conforme um arrepio gelado percorria sua espinha.Entre as muitas concubinas de Donaldo, Lyra era singular. Sua mente inquieta e seu coração ainda não haviam sido absolutamente subjugados pelo poder e pela riqueza de seu senhor. Ela nutria uma curiosidade insaciável sobre o passado de Donaldo, sobre os fios que teceram o homem que ele se tornara. Seria ele ainda aquele que conquistara corações femininos, ou apenas uma casca vazia, arrastada para as trevas?— Ele está bem? — sussurrou Lyra, sua voz quase engolida pelo vento que sibilava entre as rochas. — Ou está se perdendo nas sombras, afundando, como um navio à deriva?As histórias que ouvira s
O ar em volta parecia carregado de eletricidade, cada movimento uma melodia de sensações que os conectava de maneira quase transcendental. Ele sentia o calor dela envolvê-lo, um abraço íntimo que o fazia perder o fôlego. Cada avanço, cada recuo – uma dança que ambos conduziam com paixão e ternura, como se o mundo exterior tivesse deixado de existir.Ela arqueava as costas, os dedos dele marcando levemente sua pele, conforme murmúrios escapavam de seus lábios, palavras entrecortadas que misturavam desejo e afeto. Ele respondia com ações, cada toque, cada movimento, uma promessa silenciosa de que aquele momento era só deles, um segredo guardado a portas fechadas.O ritmo acelerava, a respiração ofegante ecoando no quarto, enquanto as mãos dela exploravam suas costas, sentindo cada músculo tensionado, cada onda de prazer que o percorria. Era como se estivessem à deriva em um mar de sensações, onde o tempo não tinha mais importância.E então, quando o ápice se aproximou, ela o fitou, os ol
A floresta despertava com o primeiro canto dos pássaros, um coro suave ecoando entre as antigas árvores, como se a própria natureza estivesse anunciando o início de um novo dia. O sol ainda não havia rompido o horizonte, mas o céu já se tingia de tons de lavanda e dourado, prometendo uma manhã clara e fresca. Era nesse momento, quando o mundo parecia suspenso entre a noite e o dia, que Tupã, ainda um menino, começava sua jornada.Seus pés descalços pisavam levemente sobre a terra úmida, sentindo cada raiz, cada pedra, como se a floresta lhe contasse histórias através do toque. Ele carregava um arco pequeno, feito por suas próprias mãos, e uma aljava de flechas que seu pai lhe dera no último aniversário. Tupã não era apenas um menino; era um aprendiz, um caçador em formação, e cada dia trazia uma nova lição.— Tupã, você está pronto? — chamou seu pai, Araçá, cuja voz era grave como o trovão distante. Araçá era um guerreiro respeitado na aldeia, um homem cujas histórias de caçadas e bat
A floresta ainda dormia sob o manto da madrugada. A névoa rasteira dançava sobre o solo úmido, conforme as folhas, orvalhadas pelo frescor da noite, sussurravam segredos ao vento. Lá, no coração desse antigo silêncio, duas sombras se moviam com a suavidade de felinos. Yara, de olhos afiados como a lâmina da sua adaga, conduzia seus passos compactos sobre as raízes da terra que tanto conhecia. Ao seu lado, Tupã, o caçador cuja respiração ritmada harmonizava-se com o pulsar da floresta, mantinha os sentidos aguçados, preparado para defender a mulher que amava. Unidos, eram como duas metades de uma mesma alma — um elo forjado pela necessidade de sobrevivência e temperado no fogo do amor.A alvorada não tardaria a banhar os céus de laranja e ouro, mas aquela manhã não seria como as outras. Desta vez, a luz do sol traria consigo caçadores — não de presas, mas de almas humanas.Yara olhou de relance para Tupã, os olhos expressando a certeza e a preocupação que tentava esconder. Ele não preci