Capítulo 5
O olhar afiado do homem voltou-se novamente para a varanda, e ele deu um sinal discreto para Thomas.

Thomas deu uma volta rápida pelo quarto e voltou:

— Senhor, não tem ninguém!

— Chame o médico. — Ordenou Jacob, com os olhos frios. — E avise à administração do hospital. Quero todos os acessos bloqueados. Ninguém entra, ninguém sai!

— Sim, senhor!

Depois de examinada pelos médicos, foi confirmado que apenas havia retirado seu sangue, sem outros danos. Só então Pola conseguiu relaxar um pouco.

Mesmo assim, ela estava preocupada. Com sua saúde em estado tão delicado, como não sentir medo? Mas o que a deixava confusa era o motivo de alguém se dar ao trabalho de roubar seu sangue.

De repente, seus olhos brilharam com uma ideia, e as lágrimas começaram a escorrer em abundância.

— Jacob, Eu... Eu não queria dizer nada, mas ela está passando dos limites. — Disse Pola, enxugando o rosto com as mãos.

Ela viu naquela situação a oportunidade perfeita para difamar Eliana e, obviamente, não deixaria escapar.

Agarrando a mão de Jacob, Pola chorou ainda mais intensamente.

— Eu já estou à beira da morte, envenenada, e ela ainda não me deixa em paz? O que mais ela quer de mim? Será que não estou morrendo rápido o suficiente, e por isso ela mandou alguém tirar meu sangue no meio da noite?

Jacob manteve o olhar sério, sem responder imediatamente. Após um breve silêncio, ele disse:

— Eu já encontrei alguém que pode curar você.

Os olhos de Pola se arregalaram por um segundo, mas ela logo disfarçou.

— Mas esse veneno... Não disseram que era incurável?

— Sempre há alguém mais sábio. Consegui negociar com uma médica chamada Luna, e ela concordou em tratá-la. Logo você estará livre desse veneno.

— Luna? — Pola perguntou, surpresa. — Ela é realmente tão boa assim?

— Sim, ela curou Axel, que estava desenganado pelos médicos. — Respondeu Jacob, com uma voz suavizada. — Não se preocupe, eu estou cuidando de tudo.

"Para Pola, ele cuida de tudo..."

"Para mim, ele não se importa com nada..."

Eliana, escondida no banheiro, ouvia cada palavra de Jacob para Pola. Ela acreditava que não sentiria mais nada ao ouvir aquelas declarações, mas ainda assim, não conseguiu ficar indiferente.

Sem interesse em ouvir mais, Eliana abriu a janela e, como uma sombra noturna, saltou para fora, desaparecendo rapidamente no escuro, sem deixar rastros.

Na entrada do hospital, Andrew esperava ansioso. Quando finalmente viu Eliana aparecer, saiu do carro rapidamente, indo ao seu encontro.

— Elia, está tudo bem?

— O que poderia ter acontecido? — Respondeu ela, sem diminuir o passo. — Pare de se preocupar à toa.

Sabendo da influência e poder de Eliana, ele realmente não deveria se preocupar. Mas a emboscada de três anos atrás ainda assombrava sua memória.

Ele nunca conseguiu esquecer a cena de Eliana caindo de um penhasco diante de seus próprios olhos. Passou três anos se culpando por não ter conseguido protegê-la.

Foi por isso que, quando recebeu a ligação dela, confirmando que havia sobrevivido, Andrew jurou que desta vez daria sua vida para garantir que ela não sofresse mais nenhum dano.

Ele até se ofereceu para ir ao hospital em seu lugar, mas Eliana recusou firmemente.

No carro, Andrew olhou para Eliana pelo retrovisor. Desde que entrara no veículo, ela não havia dito uma palavra. Algo entre ela e Pola parecia profundamente estranho.

Andrew sabia que precisava investigar essa relação mais a fundo.

Antes que pudesse desviar o olhar, Eliana o pegou observando-a. Ele rapidamente pigarreou para disfarçar.

— Elia, você descobriu que tipo de veneno foi usado?

Eliana fez uma pausa antes de responder:

— Amor Ardente.

O choque foi tão grande que Andrew pisou bruscamente no freio.

— O seu veneno famoso? Mas você não havia destruído a fórmula junto com o último exemplar, três anos atrás?

— Ainda resta uma última dose, e está com a família Morris.

— Foi o Jordan quem fez isso? — Andrew perguntou, surpreso. — O que ele tem contra essa garota? Esse veneno inicialmente só causa desconforto, mas na segunda vez que é ativado... A pessoa afetada se comporta como... Como um animal no cio.

Eliana havia criado aquele veneno com um propósito muito claro: vingar-se de um monstro.

Mas agora, ela não entendia o motivo de alguém como Jordan envenenar Pola.

Afinal, não havia inimizade entre a família Morris e a família Perry. Na verdade, as duas famílias mantinham até laços comerciais com a família Francis.

Se Jordan fosse o responsável pelo veneno, então o sequestro anterior não poderia ter sido obra dele. Ele jamais a teria deixado quase morrer naquela explosão.

Mas, quem quer que fosse, Eliana prometeu a si mesma que descobriria.

Não para provar sua inocência a Jacob, mas porque ela não engoliria essa afronta em silêncio!

Seja o sequestro, a emboscada de três anos atrás, ou o massacre de sua família, Eliana não perdoaria ninguém.

O ódio queimava em seus olhos quando Andrew lhe entregou o celular, interrompendo seus pensamentos.

— Elia, acabou de chegar uma mensagem de Jacob. Ele quer agendar o tratamento o quanto antes.

Lembrando-se do tom suave de Jacob ao falar com Pola, Eliana respondeu com raiva:

— Diga a ele que o acordo está cancelado.

Mais do que um bilhão, o que Eliana queria agora era ver o que aconteceria a Pola quando o veneno atacasse pela segunda vez!

...

No corredor do hospital, fora do quarto de Pola, Jacob permanecia impassível, mas seus olhos eram como gelo.

— Repita o que você disse. — Ordenou ele.

Thomas, suando frio, repetiu hesitante:

— Luna cancelou o acordo.

Thomas se arrependeu profundamente. Ele nunca deveria ter mencionado Luna para Jacob.

Primeiro, ela havia pedido uma quantia exorbitante, e agora, estava sumindo sem dar explicações. Será que ela não sabia quão impaciente Jacob podia ser?

Jacob segurou sua raiva e estendeu a mão.

— Me dê o celular.

Thomas rapidamente entregou o celular.

Jacob discou o número, mas ninguém atendeu. Ele ligou novamente, e outra vez. Só na quinta tentativa, alguém atendeu.

— Desculpe, estava ocupada. — Respondeu uma voz calma do outro lado.

Thomas enxugou o suor da testa, aliviado por alguém finalmente ter atendido. Caso contrário, seu celular provavelmente teria sido destruído.

Um celular não valia muito, mas as informações que ele continha eram inestimáveis.

— Quero falar com Luna. — Disse Jacob, direto ao ponto.

— Ela está indisponível. Se quiser, pode falar comigo e eu repasso o recado.

Jacob estreitou os olhos.

— Já acordamos o preço. Por que o cancelamento repentino?

— Sr. Jacob, peço que tenha calma. Reconheço que cancelar o acordo foi um tanto rude, mas tivemos nossos motivos. Não jogaríamos fora um bilhão sem um bom motivo.

— E qual seria esse motivo?

— Lamento, mas não posso revelar. Sugiro que procure outro especialista o quanto antes, para não perder mais tempo.

A ligação foi encerrada abruptamente, e o som de algo se quebrando ecoou pelo corredor.

Thomas olhou para o chão, onde os restos de seu telefone estavam espalhados. Seu coração estava tão partido quanto o aparelho.

— Encontre-a! — Jacob ordenou, com a voz cheia de determinação. Ele queria saber qual era o próximo jogo dela.

Thomas quis dizer que não seria nada fácil encontrar Luna. Assim como Eliana, ambas haviam desaparecido sem deixar pistas.

Por que todas as mulheres adoravam brincar de esconde-esconde?

Pola ouvia tudo do lado de dentro do quarto. Assim que Jacob e Thomas se afastaram, ela rapidamente trancou a porta e retirou um celular escondido debaixo do travesseiro.

— Jacob encontrou alguém para me curar, mas parece que a pessoa desistiu no último minuto. — Ela disse, com desdém. — Essa tal de Luna não passa de uma fraude. Ela fugiu porque sabia que não conseguiria me curar.

— Ela mesma criou o veneno. Claro que pode curar.

— Então você a conhece? Se ela tem a cura, por que desistiu? E olha que Jacob ofereceu um bilhão como pagamento!

Pola sorriu, satisfeita. Se Jacob estava disposto a gastar tanto dinheiro, isso provava o quanto ela significava para ele. Quando finalmente se tornasse sua esposa, mesmo que ele descobrisse que ela não era a verdadeira salvadora, Jacob jamais a abandonaria.

Do outro lado da linha, houve um silêncio antes que a voz misteriosa respondesse:

— Isso só facilita as coisas para você. Quando o veneno atacar pela segunda vez, tenha certeza de que tudo sairá conforme o planejado.

— Obrigada, espero que seu desejo se realize. Quando eu tiver Jacob em minhas mãos, você também será recompensado.

...

A maneira mais rápida de descobrir se Jordan estava por trás do envenenamento era confrontá-lo diretamente.

Embora Eliana não acreditasse que ele fosse o culpado, decidiu marcar um encontro com ele, afinal, já fazia três anos desde a última vez que se viram.

Assim que chegou à Vila das Colinas, sua primeira ordem foi pedir a Andrew para descobrir o paradeiro de Jordan.

Antes mesmo de terminar de comer sua maçã, Andrew já havia voltado com a resposta.

— Jordan está em viagem de negócios no País W.

— Reserve uma passagem.

Na manhã seguinte, Eliana embarcou em um voo para o País W.

Ela não permitiu que Andrew a acompanhasse, dando-lhe outras tarefas para resolver.

Enquanto olhava as nuvens pela janela do avião, Eliana sentiu uma estranha sensação de liberdade, como se fosse um pássaro voltando a voar.

Nos últimos três anos, sua vida girou em torno de Jacob. Ela se dedicou a ser uma esposa perfeita, mal saindo de casa, sempre pensando em como cuidar melhor dele.

Todos os dias, ela acordava às cinco da manhã para preparar o café da manhã. Lavava à mão cada peça de roupa dele, incluindo as meias e as cuecas. Quando ele saía para o trabalho, ela contava cada minuto, esperando ansiosa por seu retorno.

Agora, olhando para trás, Eliana não conseguia acreditar que vivera assim por três anos. Como pôde ser tão tola?

Ao desembarcar, ela foi diretamente ao hotel onde Jordan estava hospedado, mas foi informada de que ele havia feito o check-out cedo.

Ela havia planejado surpreendê-lo, mas infelizmente o perdeu.

Tudo bem. Já que estava ali, poderia aproveitar para tirar umas férias.

Eliana passeou pela cidade, comprou algumas coisas e, satisfeita, embarcou no voo de volta ao país.

Não havia nada melhor do que estar solteira!

Homens eram como pragas; quanto mais longe, melhor.

No aeroporto, Eliana avistou Andrew de longe e acenou para ele. Mas seu sorriso desapareceu no mesmo instante.

Jacob estava sendo escoltado por uma comitiva em sua direção. Rapidamente, ela virou as costas.

Não era que ela tivesse medo dele. Ela simplesmente não queria vê-lo.

E, certamente, ele também não desejava vê-la.

Para evitar um encontro desagradável, Eliana foi para o banheiro.

Jacob procurou por ela em todo o aeroporto, mas não a encontrou.

— Você tem certeza de que ela estava neste voo? — Perguntou ele, impaciente.

Thomas, suando de novo, respondeu:

— Confirmei várias vezes, senhor. A senhora Eliana estava neste voo vindo do País W.

Quando recebeu a informação, Thomas ficou empolgado. A recente ausência de Eliana, o cancelamento de Luna, e a mulher que havia invadido o quarto de Pola e escapado do hospital, tudo isso estava levando seu chefe ao limite.

Se não tivesse recebido a confirmação do voo de Eliana, Thomas teria sido o primeiro a sofrer as consequências da explosão de raiva de Jacob.

Thomas enxugou o suor da testa novamente.

— Já coloquei homens em todas as saídas do aeroporto. Devemos encontrá-la em breve.

Meia hora depois, Jacob perguntou com frieza:

— Onde ela está?

Thomas queria cavar um buraco e se esconder. Ele sabia que havia falado cedo demais!

Mas como Eliana, uma pessoa comum, conseguia se esconder tão bem?

— Thomas, sua incompetência está me impressionando cada vez mais. Talvez seja hora de mandá-lo para a África do Sul para uma “viagem”. — Disse Jacob, antes de sair.

Já tinha se passado meia hora, e Eliana provavelmente havia escapado.

Ainda assim, Jacob ficou impressionado com a habilidade dela de desaparecer em situações como essa.

Do lado de fora, uma fila de carros pretos esperava. O primeiro da fila era o mais luxuoso.

Thomas correu para abrir a porta de Jacob, mas antes que ele pudesse entrar, viu Jacob se virar e dar alguns passos rápidos em direção a uma mulher, agarrando seu ombro com firmeza.
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