Fernanda deu uma pequena tossida e, tentando disfarçar o desconforto, disse: — Continuem conversando. Vou ver se apresso os pratos na cozinha! Ela sabia que deveria ter saído antes. Agora, havia escutado coisas que não devia. Será que Falcão seria capaz de matá-la para garantir o silêncio? No camarote, restaram apenas Eliana e Falcão. Com mais liberdade, ele se aproximou sem qualquer cerimônia, sentando-se ao lado dela. Sua mão avançou em direção ao rosto de Eliana, mas ela recuou imediatamente. — Elia, me diga. — Começou ele com um sorriso provocador. — Como você pretende demonstrar seu arrependimento? Eliana ignorou o gesto e, em vez disso, pegou duas taças, servindo-as com tequila. Entregou uma a ele, mantendo a outra consigo. — O mestre Raul sempre dizia que sua bebida favorita era tequila. Essa foi feita pela Fernanda. Experimente e veja se combina com seu gosto. Falcão olhou para o copo e riu. — Então você ainda se lembra do que eu gosto de beber? Que consideração
Se não fosse pelo respeito que ainda tinha pelo mestre, Eliana já teria matado Falcão há muito tempo. O brilho afiado da agulha estava a milímetros do olho esquerdo de Falcão, quando, de repente, ele agarrou com força o pulso de Eliana. — Você está bem? — Eliana arregalou os olhos, surpresa. Não havia nenhum sinal de envenenamento em seu rosto. Tudo não passava de uma encenação? Falcão esboçou um sorriso torto, seus lábios curvando-se em uma expressão de provocação. — Elia, eu admito que minha habilidade em criar venenos não se compara à sua, mas também não sou tão incompetente quanto você pensa. Enquanto falava, seus olhos brilharam com um toque astuto, como um predador analisando sua presa. — Como você mesma disse antes, somos do mesmo clã há anos. Não tivemos muito contato, mas eu te conheço o suficiente. Com o seu temperamento, mesmo que eu jamais tivesse tocado na Leyla, você nunca me chamaria para jantar. Eliana manteve o olhar frio e respondeu com firmeza: — Já q
Os olhos do Falcão ficaram afiados de repente — Cê fica falando em vingar o Jordan, mas até agora, não vi você fazer nada contra o Jacob. Ah, quer dizer, fez sim: mandou uma cartinha do advogado pro Thomas. Nossa, que impacto, hein? Depois disso, sumiu no mundo. O tom dele ficou ainda mais sarcástico — Você diz que não liga mais pro Jacob, mas, sei não... Tá parecendo que é o contrário. Se fosse outra pessoa que tivesse machucado o Jordan, você já tinha matado o desgraçado há tempos. Eliana só ficou olhando pra ele, sem pressa nenhuma pra responder. Depois de um tempo, soltou calmamente — Eu tava aqui tentando entender quem tava jogando lenha pra me fazer brigar com o Jacob. Não é que era você? Os olhos do Falcão brilharam por um instante, mas logo ele disfarçou — Tá falando do quê? — Vai negar? — Eliana puxou uma cadeira, sentou e jogou a perna por cima da outra com calma. — Naquele dia, o Thomas jurou que não soltou a mão. Mas uma das empregadas dos Mason viu com os p
O médico olhou para o relógio, impaciente.— Cadê o marido da paciente? Se ele não vier logo assinar os papéis, vai ser tarde demais.A enfermeira respondeu com um ar de desconforto:— Ele disse que não vai vir. Disse que a paciente pode se virar sozinha, que ele não se importa.Se virar sozinha...Na mesa de cirurgia, coberta de ferimentos e lutando pela vida, Eliana Walton tentou levantar uma das mãos.— Me dá o celular... — Murmurou com dificuldade.A enfermeira, vendo o desespero nos olhos da paciente, rapidamente entregou o telefone.Com o corpo inteiro em agonia, Eliana forçou-se a discar o número que estava gravado em sua memória. O telefone quase desligou automaticamente quando, finalmente, a ligação foi atendida.— Eu já disse que a vida dela não importa para mim. — A voz do homem do outro lado era carregada de impaciência e desprezo.— Jacob... — Cada palavra que saía da boca de Eliana parecia rasgar seu corpo por dentro. — Depois que você levou a Pola, os sequestradores det
Na manhã seguinte.Por causa da dor intensa no ferimento de Pola, ela insistiu para que Jacob ficasse mais uma noite no hospital.A caminho do trabalho, ao passar por um cruzamento, Jacob deu uma ordem repentina ao motorista:— Vá para a Vila Werland.Ele não queria voltar para lá, mas suas roupas já estavam há dois dias no corpo. Era hora de trocá-las.Ao chegar na casa, no entanto, não foi recebido com o calor habitual de uma mulher ansiosa pela sua chegada, mas sim com uma frieza que parecia preencher todo o ambiente.No centro da sala, sobre a mesa de café, estava um documento de divórcio.Jacob olhou para a assinatura no final da página, junto com a chave da casa colocada em cima do contrato. Seus olhos escuros brilharam por um breve momento, com uma emoção difícil de decifrar. Em seguida, ele subiu as escadas em direção ao quarto.Era a primeira vez que Jacob entrava no quarto de Eliana.Durante os últimos três anos, eles haviam vivido como estranhos, dividindo a mesma casa, mas
Cidade B ficava a apenas uma hora e meia de Cidade A de carro.Disfarçada, Eliana chegou à Mansão Mason no horário combinado. Sob o pretexto de tratar uma doença, ela aproveitou o momento em que ninguém estava por perto e hipnotizou Axel Mason, o chefe da família Mason.Infelizmente, ela não conseguiu arrancar nenhuma informação útil dele.Sem ter alcançado o objetivo, Eliana caminhava de cabeça baixa, perdida em pensamentos, até que sentiu uma dor repentina na testa.— Descul... — A palavra ficou presa na garganta quando ela levantou os olhos e viu o rosto de quem havia esbarrado nela.Jacob? O que ele estava fazendo ali? Que ironia do destino!Em questão de segundos, Eliana desviou o olhar e, com o rosto impassível, virou-se e saiu.Jacob ficou intrigado. A princípio, ela parecia que iria se desculpar, mas, ao vê-lo, mudou completamente de atitude. Aquele olhar... Tinha algo de ressentido, como se fossem inimigos.Ele se virou, observando a direção na qual ela caminhava, e ficou sur
— Um bilhão? — Jacob não hesitou nem por um segundo. — Fechado!Três anos atrás, ele havia sido envenenado em uma armadilha. Uma mulher, mesmo gravemente ferida, havia salvado sua vida.Após uma noite intensa, ao acordar, a mulher havia desaparecido sem deixar rastros.A escuridão daquela noite impediu Jacob de ver seu rosto, mas ele se lembrava de um perfume peculiar que exalava dela, algo que parecia com ervas medicinais.Ele mandou investigar, e a busca o levou até Pola Francis, filha da família Francis. Pola sempre fora frágil e doente, vivendo à base de remédios herbais.De acordo com o próprio relato de Pola, no dia em que ele foi atacado, ela havia sido sequestrada. Enquanto tentava escapar, encontrou Jacob e, apesar de suas feridas, colocou sua própria vida em risco para salvá-lo, entregando-lhe até sua virgindade.Naquela época, ela tinha apenas dezoito anos.Pola havia lhe salvado a vida, e ele lhe prometeu casamento. Mesmo com a desaprovação de sua avó, Jacob estava determi
O olhar afiado do homem voltou-se novamente para a varanda, e ele deu um sinal discreto para Thomas.Thomas deu uma volta rápida pelo quarto e voltou:— Senhor, não tem ninguém!— Chame o médico. — Ordenou Jacob, com os olhos frios. — E avise à administração do hospital. Quero todos os acessos bloqueados. Ninguém entra, ninguém sai!— Sim, senhor!Depois de examinada pelos médicos, foi confirmado que apenas havia retirado seu sangue, sem outros danos. Só então Pola conseguiu relaxar um pouco.Mesmo assim, ela estava preocupada. Com sua saúde em estado tão delicado, como não sentir medo? Mas o que a deixava confusa era o motivo de alguém se dar ao trabalho de roubar seu sangue.De repente, seus olhos brilharam com uma ideia, e as lágrimas começaram a escorrer em abundância.— Jacob, Eu... Eu não queria dizer nada, mas ela está passando dos limites. — Disse Pola, enxugando o rosto com as mãos.Ela viu naquela situação a oportunidade perfeita para difamar Eliana e, obviamente, não deixari