De Quem é a Culpa?
Confuso com sua presença — Como a doutora irá me defender? Não tenho como pagar pelo seu serviço. Eu trabalho na construção que está ocorrendo no local, onde achei o corpo. Estranhei a marca no chão, como se fosse de um corpo, que provavelmente tinha sido arrastado até a construção e marcas de pneu. Aproximei-me e vi um corpo de bruços. Chamei de longe e nada. Aproximei-me e percebi que não se tratava de uma garota qualquer, os cabelos e unhas bem-feitas. Usava um pijama masculino e camiseta. Segurava provavelmente um anel ou aliança na mão esquerda. Peguei meu telefone, tirei umas fotos e chamei a polícia. Não toquei no corpo. Eu juro!
— Prenderam seu telefone?
— Entreguei ao perito — começou a chorar — O perito Sr. Mario chegou primeiro ao local, examinou tudo, tirou várias fotos. Percebi quando recolheu algo de sua mão e das unhas. Quando a polícia chegou já foram me culpando e algemando, por uma barbaridade que não pratiquei. Não permitiram que eu falasse nada. Escutei falarem que se tratava da filha do deputado Thomas Brue. Não acreditaram em mim — suas mãos eram maltratadas do trabalho que exercia na obra.
— Já tinha visto a vítima antes? Alguém o examinou ou tocou em você? Já foi preso antes? — virou-se para um dos seus advogados — Procure o perito e colha todas as informações. Quero todas as informações do celular.
— Nunca! Somente em revistas e na TV. Sr. Mario se identificou como legista, examinou minhas mãos, pegou alguns fios de cabelo, saliva e algumas fotos. Sou pai de família e por ser negro e pobre estou levando a culpa senhora Fui humilhado, jogaram minha marmita. Que vergonha minha família deve estar passando e minhas filhas na escola? Santo Deus, livrai-me dessa condenação injusta.
— Não se preocupe, cuidarei para que sua família fique bem protegida e suas filhas — virou-se para sua secretária — Providencie que a família do meu cliente esteja bem e amparada psicologicamente. Supra qualquer necessidade, seja ela qual for — voltou para seu cliente que a olhava, talvez confortável com suas palavras — Sua audiência será marcada logo. Estarei no tribunal ao seu lado — virou-se para um dos seus advogados — providencie para que meu cliente fique em um lugar decente — saiu encontrando o delegado do caso — Cometeu o pior erro de uma investigação, culpando um inocente. Não se preocupa em achar o verdadeiro assassino? Péssimo trabalho doutor — saiu com sua tropa para o necrotério, se identificou sendo conduzida por um senhor que a olhava com admiração.
— Que honra conhecer a senhorita, perdão a doutora. Sou legista afastado do caso e digo logo que tem muita coisa errada nesse caso — olhou para os lados, certificando-se, se alguém os observava — Me chamo Mario. Quando sua secretária ligou avisando que viria aqui, pensei: “justiça será feita”. Olha, minha jovem, o mundo está perdido mesmo, mataram uma jovem cheia de vida. A filha do corrupto Thomas Brue foi estuprada e morta por alguma droga violenta. Trabalho nesse ramo há décadas e fui ignorado pela primeira vez na minha profissão. Estou sendo afastada do caso. Estou sendo vigiado e só tenho meia hora para pegar minhas coisas. Aposentadoria antecipada — falava com tristeza — Uma pena! O delegado ignorou todas as evidências, informando que o caso estava resolvido. Sinto muito, sei que vocês eram amigas. Estou concluindo os resultados da perícia em meu laboratório particular. Pois deram como caso encerrado. Sabe o que me pediram? Para deixar como está e esquecer a papelada. Como tenho conhecimento aqui, deixaram que ficasse a sua espera. Posso levá-la até a sala, tem que ser rápida. Estou resolvendo tudo sem ninguém saber. Não é justo!
— Gostaria de ter conhecimento do resultado. Poderei tirar umas fotos? Pode passar todas as informações colhidas do celular do meu cliente? Era uma amiga querida — ficou observando seu corpo com os pensamentos longe. Estava com seu pequeno gravador ligado sem que ele percebesse — O que achou de errado Doutor? Por que pediram para esquecer as papeladas? O afastaram do caso, por quê? Posso argolá-lo no processo, como testemunha?
De Quem é a Culpa? — Claro! Seu cliente me deu o telefone para assim que cheguei. Tentei conversar com delegado, ele falou que o culpado já estava preso. Que qualquer papelada seria lixo. Ordenou que eu descartasse tudo. Mandou uns policiais recolher tudo da minha sala, ainda bem que você apareceu minha filha, caso contrário aquele pobre coitado será executado. Tenho provas que poderão incriminar gente grande. Consegui esconder algo valioso demais, antes que eles levassem. Rapidamente ela parou e perguntou: — Que tipo de provas? Ele não quis as provas do local do crime e disse que o culpado
De Quem é a Culpa? Com o olhar clínico via perfeitamente os arranhões em seu peito e braços — O que acha que seja isso? — Arranhões! Fique com essas informações e se precisar do meu testemunho estarei a disposição. — Por que estava seguindo seu tio? — Porque não era normal seu comportamento. Nicole reclamava muito, ele a sufocava com sua m*****a proteção que de nada adiantou. Rapidamente apertou o ramal da mesa de Lucy — Coloque o jovem Matheus como testemunha a nosso favor, pegue todos os dados ao sair — desligou — Eu acredito que o cu
De Quem é a Culpa? Ele se aproximou — Não me insulte, saia desse caso. Quer acabar com o pouco de dignidade que ainda lhe resta? A impressa vai cair contra você. Era sua amiga, pelo amor de Deus. — Depois a impressa irá me glorificar. Agora se preocupa com minha carreira? Não preciso dela PA-PAI. Aguarde-me no tribunal senhor — o olhou nos olhos, vendo-o se afastar feito um raio. O deputado estava eufórico com a notícia que Luna se oferecera para defender o acusado de assassinato da filha. Não conseguia falar mais com ela, sua vida estava um inferno — Ela só deve e
De Quem é a Culpa? Ele ficou em silêncio por alguns segundos: — Eu... — estava confuso, as lembranças estavam longe de sua consciência — Como tem tanta certeza? Estava com você. Deixe minha mulher longe desse assunto. Nicole era minha filha, era minha vida. O que faço na política é problema meu. Estive com você! — Prove que esteve comigo algum dia de sua miserável vida, Thomas. Estive entre amigos conforme a mídia registrou. Realmente, deputado, a corrupção é um problema seu. Como eu poderia estar em dois lugares? Anda usando alguma substancia química? Thomas Brue, um assassino não faria o que ele fez. Teve a decênci
De Quem é a Culpa? Após semanas de investigação tudo coincidia com o resultado da perícia feita pelo velho Mario — Como abafar um caso de tamanha importância? — saiu do escritório indo ao gabinete do juiz. Um estagiário se aproximou pode entrar senhoria — Obrigada — ela passou por ele deixando seu perfume no ar. — Bom dia Luna — O juiz Mandson admirava a jovem brilhante que estava a sua frente. A conhecia desde criança — Luna fiquei surpreso quando soube que você pegou o caso e está empenhada. A doutora sabe que essa visita não pode chegar ao conhecimento do Dr. Victor — beijou Luna
De Quem é a Culpa? Sorriu ao analisar o nome que constava no laudo — Muito competente, não quero saber os métodos que usou para obter essa preciosidade. Mande juntar com as provas do processo — foi para sala onde ficara por horas. Seu ramal tocou: — Pois não. — Ligação do juiz Mandson. Pode atender? — Sim! — Luna as evidências são claras. — Excelência tem em mãos os resultados que irão provar a inocência do meu cliente, veja seu e-mail. Ele ligou seu computador ficando em silencio por um segundo — O julgamento está sendo antecipado para alg
De Quem é a Culpa? — Doutor mantenha o equilíbrio. Não desejo acreditar que esteja me ameaçando novamente. Tenha uma boa noite, os próximos dias serão longos para alguém no xadrez. Sua mulher foi sensata e seu sogro tem que recuperar sua dignidade — desligou — Não sou mulher para ser ameaçada — dispensou os amigos, indo para o escritório da mansão fazendo algumas ligações. Pegou a gravação e pediu a um dos seguranças que entregasse ao promotor pela manhã, junto havia uma carta informando que era para anexar ao processo. A impressa estava eufórica, com a notícia da prisão do deputado Thomas
De Quem é a Culpa? Confuso com o convite inesperado — Eu... Creio que não seria bom que nos visse —tentava desviar o olhar de sua blusa que exibia seus seios livres de sutiã. Estava viúvo há muitos anos e se preocupava demais com a filha se esquecendo de viver. Seu corpo o alertava “estar vivo Richard”. — Não se preocupe com isso, iremos a minha mansão. Entra sem ser visto e sairá da mesma forma. Aceita? — Não poderei negar sua gentileza. Se não tiver problemas. Quando chegaram à mansão a governanta já estava à espera do convidado, sabia exatamente o que a patro