Acredito que esse momento mágico de ver o amor de minha vida entrando corredor adentro, com a famosa marcha nupcial tocando enquanto ela caminha pelo tapete vermelho a passos lentos com todos nossos amigos testemunhando adoravelmente linda em seu vestido branco sendo-me entregue por um Nélson orgulhoso do privilégio, nunca sairá de minha cabeça.
Assim que o Nelson chegou até mim com ela, beijou e abraçou sua filha, em seguida fez algo diferente do tradicional. Tomou minha mão assim como fizera no dia em que fui pedir a Bianca em namoro e falou alto pra que os convidados próximos pudessem ouvir:
– Leonardo, é com muito orgulho que entrego a você minha filha Bianca para ser sua esposa, assim como te dei permissão pra namorá-la naquele dia e você me provou ser um homem de valor, hoje, eu e minha esposa temos muito orgulho de recebê-lo como noss
Cerca de um mês depois do meu casamento, conforme o combinado, voltamos pra Valparaíso, ficamos em meu apartamento, enquanto eu decorava e arrumava ele fiquei hospedado no Zec, não era bem o que eu gostaria que fosse, embora eu e o Zec fossemos “irmãos”, ainda assim eu preferia meu cantinho mesmo, por isso minha surpresa com a música deles em meu casamento foi ainda maior, pois eu estava hospedado na casa dele e como eles planejaram, ensaiaram e executaram tudo às minhas costas sem que eu soubesse de nada e de fato eu nunca soube, pois o Zec estava o tempo todo comigo, e lógico que nunca me deram detalhes, por mais que eu perguntasse, mas como a Bia observou, se eu prestasse bem atenção, eles tinham sido espertos, o tempo todo tinha alguém comigo, quase sempre o Zec, mas em outros momentos o Maurício, ou o Felix, ou o Thi, mas sempre tinha um deles ao meu lado, e quando não havia nenhum dos quatro, eu estava ocupado com a Bia ou com a reforma no Apartamento. Che
Mudamo-nos para a casa nova numa tarde de domingo e é claro que fiz questão de trazer os meninos do quarteto para ajudarem por pura diversão, à noite após o culto a Isabelle veio pra casa conforme prometi a ela, a última bagagem que faltava trazer era uma bolsa de mão com poucas coisas dentro, devidamente instalada em seu quarto, sentamos à mesa para nossa primeira refeição em família onde reafirmamos nossos compromissos: – Vamos fazer uns arranjos naquele nosso acordo, certo? – Tudo bem, já sabe como será agora? – Sim, amanhã eu entro em contato com a imobiliária, metade do dinheiro eles vão continuar depositando na sua conta e metade agora passa a ser depositado na minha. – Tudo bem. – Esse ano você inicia seu curso de medicina e vai começar a trabalhar também. – Mudei de ideia em relação ao curso. – Qual é? – Medicina Veterinária. <
Quando ela falou “polícia” minhas pernas amoleceram, meu coração quase saiu pela boca, todo mundo na sala se levantou assustado, a Lurdes saiu chorando pra varanda, amparada pela Jéssica, esposa do Zec, que fez questão de estarem presentes e nos ajudarem na procura pela Bia, quando a Luciana disse “polícia” eu já esperei logo pelo pior, caminhei lentamente até o telefone acompanhado pelos olhares de todos. – Alô? – Alô, senhor Leonardo Martins Brasil? – Isso mesmo. – Gostaríamos que o senhor comparecesse aqui no Décimo Terceiro Distrito policial, encontramos seu automóvel. – Meu automóvel? Meu carro? – Sim senhor. – Eu não quero saber do meu carro, quero saber da minha esposa. – Por gentileza senhor, queira comparecer na delegacia o mais depressa possível. – Eu não quero saber de carro nenhum, quero saber é da minha esposa drog
Puxei outra cadeira e me sentei à frente dela, ela continuou me olhando em silêncio, ficamos assim por uns cinco minutos, olho no olho, sem piscar, sem dizer uma só palavra, eu precisava ver com meus próprios olhos que ela pagaria pelo seu crime. – Por quê? – perguntei quase sussurrando, sendo o primeiro a quebrar o silêncio, mas ela nada me respondeu – Não quer falar comigo? Ela continuou muda, olhando pro chão. – Eu não poderia jamais permitir que você continuasse solta depois de tudo o que fez, e mesmo depois de ter presenciado tudo o que aconteceu entre mim e a Daniela não me entra na cabeça a ideia de que eu possa ser culpado, por favor Klísia, eu amava aquela garota. Mas impressionantemente ela continuava muda então eu falei, falei tudo o que eu quis, desde que a vi pela primeira vez, do nojo que eu sentia pela aspereza dela, por se achar demais, que a própria Daniela quando realmente abriu os olhos também
Eu e a Isa decidimos passar um tempo em Lençóis, não foi preciso nem mesmo pedir permissão a minha mãe, bastou um telefonema pra deixa-la radiante de felicidade, levamos cerca de umas duas semanas, pra arrumarmos todas as nossas coisas e transferi os moveis da casa pro apartamento, aluguei a casa e reservei o apartamento pra quando eu fosse a Valparaíso visitar meu filho, o que eu planejava que fosse todo fim de semana. Nosso sonho chamado Mensageiros, as apresentações, os passeios, os amigos, tudo tinha igualmente se acabado pra dor e tristeza de todos, ninguém mais tinha ânimo pra pensar em qualquer coisa do tipo sem a Bianca. Eu ainda sofria muito a falta dela, e só consegui me conformar mais quando, atendendo aos conselhos da Anabelle, decidi “voltar a viver” A Anabelle tornou-se mais do que minha irmã, era agora minha psicóloga particular, minha conselheira; porém minha confidente, aquela que eu contava meus segredos, acr
Um dos alunos daquela turma desistiu das aulas, precisamente o Júlio, o garoto tímido, simplesmente abandonou as aulas, era normal que isso acontecesse mas agora ficamos só eu, a Fernanda a o Gustavo, o garoto gordinho e falante. Só que esse mesmo garotinho também desistiu das aulas e eu só fiquei sabendo disso num dia em que cheguei na sala e a Fernanda estava sozinha: – Onde está o Gustavo, faltou hoje? – Ele ligou pra minha casa e disse que enjoou de violino, não quer mais saber de música. – Poxa que pena, ele era bem inteligente. Então só sobrou você? – É o que parece, né? – Certo, então veja bem, vamos ter que mudar seu horário. – Mas por que? – Por que nós não podemos ministrar aulas individuais ao preço de aulas coletivas. – É mais caro? – Um pouquinho. – Poxa, mas eu fiquei contente por
Era noite quando encostei o carro na calçada de casa, não consegui descer imediatamente, novamente luzes acesas, depois de um toque na buzina do carro e um rosto claro de cabelos curtos apontando na porta e sumindo logo em seguida, fechei os olhos e me pus a pensar, por que eu me ligava tanto àquela garotinha? Seria simpatia pelo seu sofrimento? Dizem que os opostos se atraem e os iguais se repelem, mas eu e ela éramos absolutamente iguais, ambos tínhamos perdido um ente querido quase nas mesas circunstâncias, a música nos unia, as circunstâncias nos unia e o brilho de seus olhos infantis que me remetia a treze anos atrás, de volta aos tempos em que um único ser vivente me arrebatava a alma, foi duro demais superar essa fase, precisei viver três anos ali mesmo em Lençóis Paulista tentando superar as desgraças de minha vida, quando achei que era hora de viver sai da cidade voltando pra capital quando encontrei em Valparaíso uma garota branca de sorriso infa
Minha próxima aula com a Fernanda foi no dia seguinte à tarde, quando ela entrou na sala eu já estava a sua espera, com algumas músicas novas sobre a mesa, cumprimentei-a com um sorriso alegre por rever a aluna que eu mais gostava, mas pra minha decepção ela foi o mais fria que eu já pude imaginar: – Boa tarde professor – entrou de cabeça baixa, sentou-se em uma cadeira próxima, colocou sua bolsa ao lado, abriu o case do instrumento, tomou o arco e pôs-se a passar breu em silêncio sem falar absolutamente nada. Aquela não era a Fernanda que eu conhecia, a “minha” amiga Fernanda só tinha duas faces, uma alegre e extrovertida, que já entrava na sala cantando e falando pelos cotovelos e a outra triste e melancólica, as vezes irada, as vezes chorosa, mas sempre pelo mesmo motivo, seu avô. Essa outra Fernanda eu não conhecia, calada, séria, sem dizer absolutamente nada, aproximou uma estante, colocou algumas partituras em cima, posicionou a espalera n