Violet.O sofá macio da suíte parecia me engolir enquanto eu afundava nele, as pernas dobradas sob o corpo, os braços envoltos ao redor de mim mesma. O luxo ao meu redor era quase sufocante, cada detalhe daquela suíte gritava requinte e extravagância. As paredes de vidro ofereciam uma vista deslumbrante de Las Vegas, com suas luzes vibrantes piscando incessantemente contra o céu escuro. Era como se a cidade inteira estivesse viva, chamando por mim, tentando me arrancar desse torpor. Mas, por mais que tentasse me distrair com o brilho lá fora, minha mente continuava presa na conversa com Damon.Eu não conseguia afastar o peso daquela discussão, nem as perguntas que ela havia despertado em mim. Pela primeira vez em muito tempo, me permiti questionar algo que sempre aceitei como certo: quem eu realmente era?Minhas mãos deslizaram pela seda do meu robe, sentindo a suavidade do tecido contra a pele. Foi Damon quem escolheu. Assim como escolheu os restaurantes onde jantamos nos últimos dia
DamonFiquei ali, sentado no sofá da nossa suíte, observando Violet sair pela porta sem olhar para trás. Algo dentro de mim se contraiu ao vê-la atravessar o corredor do hotel, como se, de alguma forma, ela estivesse escapando por entre meus dedos.Ela queria sair sozinha. Experimentar estar por conta própria. E eu tinha concordado.Eu precisava concordar.Apoiei os cotovelos nos joelhos, passando as mãos pelo rosto, sentindo a tensão se acumulando nos meus músculos. Não era sobre um simples passeio. Não era apenas um momento de independência passageira. Era sobre algo muito maior.Violet estava se afastando.Sutilmente, sim. Mas estava.Pela primeira vez, ela estava tomando decisões sem me incluir nelas, e por mais que eu soubesse que isso era algo saudável, algo que ela precisava, não conseguia impedir a insegurança de se infiltrar dentro de mim como uma maldita sombra.E se essa busca por independência a fizesse perceber que não queria mais isso? Que não queria mais nós?Me levante
Violet.O ronco suave do motor do carro se silenciou assim que Damon estacionou na frente de casa. Suspirei, ainda perdida nas lembranças dos últimos dias. A lua de mel em Vegas foi intensa, reveladora, e, de certa forma, libertadora. Não só porque me permiti questionar quem eu era fora das expectativas alheias, mas porque Damon, com toda a sua paciência, me deu o espaço para isso sem jamais soltar minha mão.— De volta à realidade — ele murmurou, virando-se para mim com um sorriso cansado, mas sincero.— É — concordei, deslizando os dedos sobre a aliança reluzente na minha mão esquerda. Por mais que eu estivesse descobrindo partes de mim que antes ignorava, essa era a única certeza que não precisava ser questionada: eu queria estar com ele.Destranquei o cinto e estava prestes a abrir a porta quando avistei três figuras paradas na calçada, duas delas com braços cruzados, expressões carregadas. Edgar e Megan.À terceira estava tirando um cochilo de barriga para cima no gramado. Pulga.
DamonO barulho da porta se fechando atrás de Megan e Edgar ecoou pela casa silenciosa. Violet soltou um suspiro cansado, como se finalmente pudesse relaxar depois de um longo dia. Eu entendi o sentimento. Por mais que gostasse da companhia dos dois, minha cabeça estava em outro lugar — mais especificamente, na mulher ao meu lado.— Enfim sós — brinquei, puxando-a pela cintura enquanto caminhávamos para a sala.Ela sorriu, mas foi aquele tipo de sorriso automático, como quem responde por reflexo, sem realmente sentir.— Enfim sós — repetiu, com a voz baixa.Nos jogamos no sofá como dois soldados voltando da guerra. Pulga, sempre atenta ao menor sinal de sossego, pulou entre nós, rodopiou três vezes e se acomodou no colo de Violet. O silêncio que se instalou foi confortável por alguns instantes, até que comecei a perceber as pequenas coisas.Violet estava ali, fisicamente presente, mas mentalmente em outro lugar. Seus dedos acariciavam o pelo de Pulga de forma distraída, os olhos fixos
O vento batia com força contra as janelas do carro de luxo, fazendo os galhos das árvores do lado de fora balançarem como se fossem sombras fantasmagóricas dançando ao ritmo da noite. Lá dentro, o silêncio era quase sufocante, interrompido apenas pelo som constante do motor. Cruzei os braços, tentando controlar o tremor que percorria meu corpo. Mas, no fundo, eu sabia que não era apenas o frio que me fazia tremer. O casaco pesado que Damon havia me dado pouco antes não conseguia aquecer a confusão e a incerteza que dominavam minha mente. Tudo o que eu conhecia, tudo o que planejei para a minha vida, havia mudado em questão de horas. E agora, aqui estava eu, sentada ao lado de um homem que, até pouco tempo atrás, era um completo estranho.Um bilionário. Um enigma. Agora, meu marido.Olhei para Damon, observando seu perfil. A forma como ele mantinha o olhar fixo na estrada, os dedos relaxados no volante, como se tudo o que havia acontecido até ali não tivesse o menor impacto sobre ele.
Violet- Violet, querida - Minha cerimonialista me para assim que desço do carro em frente a igreja.- Algum problema? - Perguntei.Megan, minha melhora amiga, estava vermelha como um pimentão, e me olhava com os olhos pegando fogo enquanto apertava o celular contra o ouvido.- O noivo… - Minha cerimonialista gaguejou, e meu coração palpitou.Megan se aproximou batendo os pés e estendeu o celular para mim. Peguei o aparelho de suas mãos.- Alô?- Vi, meu amor…- Onde você está? - O cortei, já sentindo um enorme bolo na garganta.- Precisamos remarcar, é a Rosalind, ela passou mal e…- Remarcar?- Sei que irá entender amor, Rosalind não tem ninguém. Peça para a cerimonialista falar com o padre, aproveite a festa com nossos convidados e amanhã nos casamos no cartório.- O que você está dizendo, Eathan? - Praticamente gritei.Eu estava ali, parada em frente à igreja, com as mãos trêmulas segurando o buquê, o coração acelerado, o vestido que demorou meses para ficar pronto. Tudo parecia u
Damon- Essa foi a ideia mais ridícula que eu já ouvi em toda a minha vida - Edgar falou virado completamente no banco do carona para me olhar.- Me dá um tempo, Ed - Bufei apertando o volante. Belo dia para o infeliz do meu motorista pedir folga. Não estava com cabeça para dirigir, as memórias recentes ainda queimavam minha pele."Com a morte do seu pai, Damon, você herdará o controle da empresa imediatamente. Isso significa que, a partir de hoje, você assume todas as responsabilidades e poderes que antes pertenciam a ele. Você terá total autoridade para tomar decisões, supervisionar projetos, e gerir as operações da forma que achar mais adequada. Além disso, será remunerado com um salário condizente com suas novas responsabilidades, o suficiente para manter seu estilo de vida e garantir o sucesso da empresa.No entanto, a herança completa — os 100% de todos os bens, investimentos e ações da empresa — será sua apenas sob uma condição específica. O testamento de seu pai estipula que v
Violet- Você não pode mesmo estar considerando encontrar esse cara - Megan me olhou com uma careta.- Só estou curiosa - Mexi o drink em minha mão e tomei o resto em um gole.Estávamos em um resort em Alki Beach, aproveitando minha lua de mel. Fazia quatro dias desde que Eathan me abandonou no altar, e a humilhação ainda queimava em meu peito. Se não fosse por Megan, que me arrastou para este resort que já estava pago não sei o que seria de mim nesta semana de férias que tirei para a minha lua de mel.Quatro dias desde que um estranho se debruçou na janela do meu táxi, e me prometeu ser a resposta para o que eu precisava.- Ta certo que o cara era bonitão, mas estava na cara que ele é doido da cabeça, amiga.- Sabe o mais estranho? Ele me era familiar, mas não consigo lembrar da onde.Olhei o cartão mais uma vez, completamente preto, apenas com um número escrito em uma fonte comum branca. Simples e elegante pra caralho. Sem nem um maldito nome.- Você deve ter visto ele em algum dess