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Um beijo inesperado

Nikole correu para amparar a avó, ao mesmo tempo que Sofia resmungava:

- Velha estúpida!

Até então, Nikole estava se segurando para ignorar Sofia. Sua paciência chegou ao fim.

- Escuta aqui sua menina mimada, pode me atacar que não ligo, mas a minha avó, você respeita!

Alessa emocionada, chorava enquanto Nikole a ajudava a se levantar, abraçou a avó emocionada, ambas com olhos cheios de lágrimas.

- Vá para seu quarto Sofia.

- Mas tio eu..

- Não vou falar de novo, você ultrapassou todos os limites!

Batendo o pé, ela saiu fazendo um barulho alto com seus saltos.

- Venham, vamos deixar as duas conversarem um pouco.

Arturo saiu com o restante da família.

- Vovó, eu sou Nikole. Estou feliz em te encontrar.

Alessa levou a neta para fora da casa e se sentaram no jardim. Ela nunca soube que tinha uma neta e também não sabia que a filha havia falecido. Devido a anemia falsiformica, sempre se supôs que Helena não poderia ter filhos.

- Eu sinto muito vovó, não sabia onde te encontrar. Eu teria te avisado se soubesse, minha mãe não sabia onde te procurar. Achou que você também partiu depois que ela se foi.

- Eu sei filha. Nunca sai daqui porque esperava sua mãe vir me procurar.

Depois de quase uma hora conversando, Dominico veio até elas.

- Nikole, seu avô te aguarda para se despedir antes de se recolher.

- Eu vou lá, conversamos depois vovó.

Seguiu Dominico até um quarto no andar de baixo. Arturo já estava pronto para se recolher.

- Sempre durmo por volta das dez. Esse corpo velho não aguenta muita coisa.

- O Sr não precisa se preocupar comigo. estou bem.

- Eu queria me desculpar pelos modos de Sofia. Ela não é assim, não sei o que está acontecendo com ela.

- Não se preocupe com isso. Não me importo com a imaturidade dela. Amanhã parto pela manhã e tudo voltará ao normal.

A voz de Arturo é fraca, os remédios estão fazendo efeito e ele está sonolento.

- Eu gostaria muito que ficasse com a gente. Você faz parte dessa família.

- Agradeço, mas não será possível! Tenha uma boa noite Sr. Smiths!

- Boa noite! A gente conversa amanhã.

Nikole saiu sem discutir, no dia seguinte pretendia sair cedo e não ter mais contato com essas pessoas. Claro, com exceção de sua avó, que pretendia levar junto com ela.

Uma mão puxou seu braço no minuto em que saiu do quarto.

- Me solta! O que pensa que está fazendo?

- Eu exijo que você respeite o padrinho. Não gostei de sua atitude essa noite.

- Eu não fiz nada para lhe faltar com o respeito.

Dominico tinha os olhos vermelhos de fúria.

- Ahh não? O tratamento que deu à sua avó Alessa, foi totalmente diferente. Ele te acolheu com boa vontade e você o tratamento com tanta frieza.

- Não tenho nenhum laço com o Sr Arturo, não devo nada a ele!

- Sua pirralha mal criada! Estou avisando, não me obrigue a te ensinar boas maneiras.

Nikole já estava no seu limite e não era de ficar calada.

- Eu não queria ficar aqui, você me obrigou a isso! Era preferível passar a noite ao relento do que aguentar você e aquela garota mimada.

Ao tentar se afastar, Dominico a puxou de volta e ela foi de encontro ao corpo musculoso dele. Sem nenhum aviso, o homem a beijou com violência.

Um beijo inesperado que a deixou sem ação.

Nikole tentou empurrar mas sua força era nada diante dele que segurava sua cintura com uma mão, com a outra mantinha sua cabeça presa sem lhe dar chance de escapar. Só se afastou depois que ela estava sem fôlego.

- Nada mal!

Furiosa, ela levantou a mão para lhe dar uma bofetada. Também não deu certo, seus punhos foram presos por uma única mão dele, Nikole não tinha como vencer.

- Seu crápula, desequilibrado, demente...

Novamente os lábios de Dom cobriram os dela, dessa vez com fome e uma paixão que ele não sabia que existia. Não queria deixá-la ir, não sabia explicar só queria mais e mais.

- Nikole...

Gemeu junto a sua orelha, a respiração acelerada e seu pau latejando dentro da cueca.

Nikole entrou no quarto com o fôlego curto depois de subir as escadas correndo.

- O que está acontecendo comigo? Que loucura!

O gosto do beijo de Dom ainda estava em seus lábios. Depois de tentar e não conseguir se libertar, ela acabou correspondendo ao beijo. Ela sentiu o quanto ele estava excitado e se apavorou.

Quando o homem relaxou, ela disparou em direção às escadas para fugir dele. Suas pernas estavam moles e seu corpo muito excitado.

Uma batida na porta fez sei corpo extremecer de susto.

- Nikole? Sou eu!

Aliviada, abriu a porta e deixou a avó entrar.

- Você mal tocou na comida. Fiz um lanche para você.

- Obrigada vovó. Não precisava.

- Coma um pouco. Você está tão magrinha.

O carinho e a preocupação da avó deixou seus olhos cheios de lágrimas. Desde que seus pais morrem, ela não era tratada assim.

Com a morte do pai, sua mãe entrou em depressão e foi definhando até morrer. Sua saúde era frágil e ela se entregou a dor da perda do marido. Demitre era seu mundo, ambos se amavam de forma tão profunda que um não vivia sem o outro.

- Vovó, já resolveu se vem comigo?

- Falta menos de dois anos para eu me aposentar. Vou morar com você depois disso.

- Não tem que se preocupar. Em breve eu me formo. Vou receber meu segundo diploma e tenho condições de arcar com nossos gastos. Não precisa esperar tanto.

- Não, filha. Falta pouco e eu vou poder ajudar você. Não quero ser um peso para você.

- Não será. Me senti tão sozinha depois que mamãe se foi. Agora que te encontrei, não quero me separar da senhora.

- Vai passar rápido. Logo, logo vou estar com você.

- Eu te amo vovó! Não quero te perder também!

- Não vai filha, vou te incomodar por muito tempo. Você é meu tesouro, só um pouco de paciência e não vamos nos separar.

Depois que a avó saiu, Nikole ficou deitada na cama. Rolou por mais de uma hora e não conseguiu dormir. Se sentindo sufocada, saiu do quarto e desceu as escadas.

Entrou na cozinha e pegou um copo para tomar água, levou um susto ao se virar e dar de encontro com o tórax de Dom. Sob a fraca iluminação ela não viu quem era, mas o cheiro não deixava dúvidas.

- Porque está me seguindo?

- Não estou te seguindo, moro aqui. Vim ver se precisa de alguma coisa.

Ela não acreditou.

- Não preciso de nada. Só vou tomar água e me recolher, obrigada!

- Não está conseguindo dormir,

não é?

- Só estou com sede.

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