Dominico se aproximou, a deixando sem ação.
- Está com calor e agitação, o beijo que te dei mexeu com você não foi? - Você se acha demais Dominico Zaffari! - Então não vai ter nenhum problema em te beijar de novo. Só para tirar a prova. - Fica longe de mim seu convencido. Nikole até se esqueceu de beber água, deixou o copo em cima da mesa e se virou para sair. Dominico não facilitou em nada para ela. Puxou-a em seus braços e novamente selou seus lábios com um beijo. A paixão violenta do beijo a deixou assustada, empurrando Dominico com toda a sua força, ela se libertou. No minuto seguinte, Nikole subia as escadas como dá outra vez, correndo como se houvesse visto um fantasma. Os lábios do rapaz se curvaram em um sorriso, algo em Nikole o deixava muito excitado. Depois de uma noite mal dormida, Nikole não conseguia entender a atitude de Dominico. Então ela se levantou cedo e se preparou para partir. Arrumou a cama, tomou um banho rápido, pegou sua mochila e desceu. Ia esperar sua avó para se despedir e depois sairia da Grécia para sempre. Ou pelo menos pretendia. - Bom dia Nikole! Lá estava ele outra vez, como uma sombra que não se afasta. - Bom dia, Sr Zaffari! Olhando para a mochila sobre a mesa da cozinha ele franziu a testa. - Onde pensa que vai? - Não penso, já estou indo!Pretendo Sair assim que despedir da minha avó. Um calafrio percorreu seu corpo, prevendo o que estava por vir. Seria essas pessoas capazes de a obrigar a ficar contra sua vontade? - Eu sinto te informar que não será possível. Só tem transporte na segunda feira. - Está brincando comigo? - Não! Falo sério! Antes que ela pudesse processar, sua avó adentrou a cozinha. - Bom dia! - Bom dia, Alessa! - Você acordou cedo Nikole. - Bom dia! - Ela dá um beijo em seu rosto. - Eu preciso ir vovó! - Explica para ela Alessa, acha que estou brincando quando disse que não tem transporte. Ele saiu da cozinha deixando as duas a sós. - Final de semana não tem barca. Retornam na segunda feira. Alessa explicou enquanto colocava água para fazer café. - E como faço para sair daqui? Tem que haver um jeito. - Alguns tem barco próprio, outra opção é de helicóptero! Nikole extremeceu, não gostava de andar de avião, de helicóptero que não iria mesmo. Teria que ficar o final de semana e sair na segunda. inconformada, Nikole teve que retornar com as suas coisas para o seu quarto. Quando desceu para o café da manhã, todos já estavam à mesa. - Bom dia! Ela cumprimentou a todos e ao tentar ir até a cozinha, foi parada por Arturo. - Sente-se Nikole! Estavamos te esperando, para tomar o café em família. - Não precisa se preocupar comigo. Vou ajudar minha avó na cozinha. - De forma alguma. Você é convidada nessa casa. Alessa tem quem a ajude, não se preocupe com isso. Sentada na mesa, ela se serviu de uma xícara de café enquanto pensava em como passar o dia em Milos. Um passeio pela ilha não seria nada mal e ocuparia seu dia, longe da casa onde se sente totalmente desconfortável. - Depois do café, quero conversar com você Nikole! Ela viu seu plano de escapar ruir no instante seguinte. Não tinha como recusar, afinal mesmo contra sua vontade, estava sobre o teto dele. - Como o senhor quiser. Como havia deixado sua mala em Mykonos, Onde pretendia ficar por uns dias, Nikole usava o mesmo vestido da noite anterior, havia trago uma mochila com uma única muda de roupa.O que não passou despercebido para Sofia. - Depois vou pedir a uma das criadas para arrumar algumas roupas. Se usar a mesma todos os dias, não vamos suportar o cheiro. - Não tem necessidade, eu tenho minhas próprias roupas. Não esperava ficar aqui por tanto tempo, então deixei minha mala em Mykonos. Também era sua intenção comprar algumas roupas durante o passeio. - Não precisa ficar acanhada, sei que nem todo mundo foi privilegiado ao nascer, como eu e meus irmãos. A menina era osso e por mais que tentasse não se importar, Nikole já estava cansada. - O que você faz na vida Srta Sofia? Nikole a encarou fundo dentro dos olhos. - Não preciso fazer nada, nasci rica. - Então se você acordar pobre algum dia, não tem nenhum meio de se prover? - Isso nunca vai acontecer! Ela afirmou com arrogância e recebeu o olhar reprovador de seu tio. - O meu pai nasceu muito rico, tomava leite em mamadeira de ouro. Da noite para o dia, perdeu tudo. Sabe porque? Ele foi deserdado. Satisfeita, Nikole viu a cor sumir do rosto de Sofia. Arturo também estava pálido e Dominico a fuzilou com o olhar. - Cuidado com suas palavras Nikole! - E a mais pura verdade Sr Zaffari. O Sr Smiths não era obrigado a dar nada ao filho, como ele estudou e tinha uma profissão, não foi difícil sobreviver. Virou-se para Sofia e continuou: - Eu tenho uma profissão, além disso sei fazer tudo dentro de casa. Então, não ficarei em apuros, não vejo o motivo de se sentir orgulhosa em ser uma completa inútil! - Você está indo longe demais, Nikole! Dominico ficou furioso. - Ela tem toda razão! Nikole não precisava passar nenhum aperto, era para ter tido uma boa vida ao nascer. Eu cometi muitos erros no passado! O remorso estava claro na voz de Arturo e só Nikole teve coragem de falar nesse momento. - Não foi minha intenção julgar o Sr. Acho que como o dinheiro é seu, não tem que dar a quem não fez por merecer. O que faz com ele é sua decisão. - Tio, ela está querendo que você corte a minha mesada, assim ela fica com tudo no futuro! Nikole riu da afirmação de Sofia, ela estava apavorada em pensar ficar sem grana. - Como disse, não dependo de ninguém para me manter. Há muito tempo que ganho meu próprio sustento e não me envergonho disso. - Grande coisa ser atendente de supermercado, não paga nem o chinelo que eu uso. Nikole riu por dentro e terminou seu café. Pessoas como Sofia não valiam a pena, então não julgou nescessário lhe informar que além de ser formada em administração, estaria terminando sua segunda faculdade em dois meses.Terminando o café, Nikole acompanhou o avô até o escritório. - Sente-se Nikole! A forma que ele falava era mais branda do que usualmente usava. Seu rosto parecia abatido e cansado. - Estou muito feliz que esteja aqui. Não teve um único dia em que eu não pensasse em seu pai, e o quanto fui duro com ele. Arturo não a encarava e ela permaneceu em silêncio. - Minha esposa morreu de tristeza e saudades do nosso único filho. Não tenho como mudar isso, mas quero que você fique conosco e tenha uma família e a proteção que os Smiths podem te dar. - Não acho uma boa ideia. Eu tenho projetos e um trabalho que gosto muito. - Você é jovem e tem uma vida toda pela frente. Eu sou só um velho arrependido e cheio de remorso, se você ficar vou me redimir com seu pai de alguma forma. Acho que ele gostaria disso! - Realmente não posso ficar aqui, estou terminando meus estudos e pretendo estudar um pouco mais. - Posso pagar a escola que quiser, não importa o valor. Você terá acesso ao que há de
Passaram o dia andando pela ilha de Milos e Zacary era um ótimo guia. Almoçaram à beira mar e Nikole estava encantada com o lugar. Seu grego era impecável apesar de ter nascido na Itália e posteriormente mudado para a Espanha. Falava fluentemente quatro idiomas. O inglês foi necessário para a evolução de sua carreira. Como assistente administrativa de uma rede de varejo, era indispensável falar inglês. - Eu queria me desculpar pelas bobagens de Sofia. Não sei o que está acontecendo com ela. - Você não tem que se desculpar por ela. Sofia já é bem grandinha, sabe perfeitamente o que faz. - Não sei, sinto que ela tem ciúmes de você. - O que há para ter ciúmes? Claramente ela se orgulha de ser superior. Acho que tem prazer em humilhar as pessoas. - Perdemos nossos pais muito cedo, talvez ela se sinta insegura. - Isso não é desculpa para ser tirana e mal educada. - Ela sempre foi muito mimada. Estou tentando fazer com que entenda que o lugar que ela ocupa, originalmente é seu. -
Preocupada, Nikole viu sua avó se contorcendo de dor, com dificuldade a ajudou a se levantar. - Aguenta firme, vou pedir ajuda. Então se lembrou que os rapazes haviam saído e seu avô estava dormindo. - Vou te levar para o hospital. No living, estavam as chaves dos carros e ela pegou qualquer uma. Foi ao quarto da avó e pegou sua bolsa com os documentos, não encontrou Sofia em nenhum momento. Reunindo todas as suas forças, colocou Alessa no carro e desceu em direção ao centro de Milos. Aquela hora não tinha um único carro na rua e seu deslocamento foi rápido e preciso, sua memória fotográfica a ajudou a encontrar o caminho rapidamente. Logo sua avó estava sendo atendida e medicada. - Srta Smiths, sua avó foi sedada e deve acordar entre cinco a seis horas. No entanto, precisa ser enviada para o quarto ou para a enfermaria. Após discutir os custos de ambos, Nikole colocou sua avó em um quarto, sem pensar duas vezes. Faria a família Smiths pagar por todos os gastos. - Então vou b
- Tenha um pouco de compaixão, o padrinho está no final da vida. Não vê que tamanho desgosto vai fazer com que seu coração não resista? - Balela, Sr Smiths está muito bem e ninguém teve consideração com minha avó. Passou a vida servindo a família, o que ganhou em troca? Dominico não tinha como desculpar pelo que Sofia fez. Mas era injusto dizer que Alessa era maltratada pela família.. Frustrado, chegou ao hospital com Nikole irredutível. Não havia argumentos para que a fizesse mudar de ideia. Sentado de frente para o quarto, pelo vidro viu ela arrumar as coisas da avó. Depois se sentou em um canto e abriu o notebook sobre a mesa, ficando a mexer até que o resto da família chegou. - Como ela está Dom? - Ainda não acordou. A médica disse que ela terá que ficar hospitalizada por alguns dias. Abatido, Arturo olhou para a mulher frágil na cama. Pela primeira vez se sentiu incapaz de tomar uma atitude firme, Nikole estava furiosa com razão. Sofia estava ficando fora de controle
Apesar de ser descendente de gregos, Nikole tinha muito da cultura italiana onde nasceu e foi criada. Sua aparência natural e exuberante, eram naturalmente gregas, com um metro e setenta de altura. Tinha cintura fina e os quadris alargados, bumbum avantajado e seios tamanho G. Seu temperamento era o oposto, talvez por nascer na Itália. Nikole era dócil com as pessoas próximas e fria com outras. Sentimental e romântica, acreditava no amor verdadeiro e fiel. Seus pais eram a prova viva de amor profundo. - Nikole, você voltou! Ela se aproximou da avó e depositou um beijo em sua face. - Eu disse que voltaria! Está tudo bem? - Está sim! Você comeu alguma coisa? - Acabei de tomar café. Vou tomar um banho e descansar um pouco. Deliberadamente ela ignorou as pessoas a volta. - Venha, vou te levar para casa. - Obrigada Zacary! Vou ficar aqui com minha avó. Vocês podem ir agora, eu assumo aqui. - Nikole, a gente precisa conversar. - Não é um bom momento Sr Smiths. Estou realmente ca
De volta ao quarto da avó, Nikole estava inquieta. Era tudo muito novo para ela e não sabia como lidar com a situação. Seu instinto lhe dizia que isso não iria terminar bem. - Hora da sua medicação vovó! Ajudou a avó a se acomodar e lhe serviu água para tomar os remédios. Na sequência, aplicou hidratante nos braços e pernas dela, penteou seus cabelos e fez massagem em algumas partes do corpo. Dominico observava admirado ela cuidar de Alessa. Quando o almoço veio não foi diferente, com paciência Nikole alimentou a avó que tinha o braço direito imobilizado. Terminando a tarefa, era hora dela almoçar e ele bateu na porta antes de entrar. - Nikole, podemos almoçar no restaurante do hospital? - Vou pedir para enviar aqui mesmo. Obrigada! - Vá lá filha, é bom que você se distrai um pouco. Nikole só mudou de ideia para não deixar a avó preocupada. Mas, ainda não tinha concluído sua reflexão sobre ela e Dominico. - Está bem, não me demoro. - Pode almoçar com calma, não tenha pressa
Na mansão, Arturo estava dando um duro sermão em seus sobrinhos. - Nikole é minha única neta. Eu falhei com ela por acreditar em você Sofia, não vou tolerar mais nenhuma provocação contra ela. - Desculpa tio! - Não é comigo que você deve se desculpar. E bom se entender com Nikole ou as coisas vão ser diferentes. O remorso e arrependimento estavam acabando com Arturo. E para piorar, Nikole sequer queria falar com ele. Nikole havia tirado dez dias de férias, quatro já se passaram e ela precisava voltar para casa. No entanto, a saúde da avó a fez ficar em Milos. - Vovó, vou ficar mais quatro dias com você e depois tenho que ir. Era segunda-feira, dia em que ela iria embora. Alessa ficou exultante com a notícia. - Eu fico feliz. Se dependesse de mim, você não sairia mais daqui. - Vem comigo, não tem porque continuar aqui. - Assim que me aposentar, eu vou morar com você. Nikole passou a data de sua formatura para ela se programar para ir, mas não lhe deu o endereço. - Vou te en
Nikole não sentia pena, a garota era arrogante e merecia uma boa lição. Ela não iria amaciar. - Para começar, tire a mesada dela. Ela terá que se ocupar de coisas úteis, assim aprende a valorizar o trabalho das outras pessoas. - Tio, eu não sei fazer nada. - Não sabe porque se acha melhor que todo mundo. É hora de aprender e sem fazer corpo mole. - Eu vou arrumar uma ocupação para ela. Arturo falou sem sequer olhar para ela. - Ela pode fazer o trabalho da minha avó. - Impossível! - Nada é impossível! Minha avó está incapacitada por sua causa. Ou então, fico satisfeita se for olho por olho. Nem Zacary ou Zander se manifestaram até então. Zacary estralou a língua enquanto Zander deixou escapar: - Isso é loucura! Nikole olhou feio para ele, não se deixou intimidar. - Ela agredir e machucar minha avó é normal, se o mesmo acontecer com ela é loucura? Onde está a igualdade e o respeito? - Foi um acidente que ela se envolveu em um momento de raiva. - Nossa! Então se eu estive