Estêvão apertou os olhos e perguntou:— É mesmo?— Fui eu que me apaixonei por ele primeiro. — Isabel sorriu, já conseguia falar sobre José com tranquilidade. Suspirando, ela lançou um olhar pela janela. — Sr. Estêvão, eu perdi a aposta.— Talvez, naquela época, você tenha realmente perdido. Mas, para a mulher que você é agora, sua vida boa está apenas começando. Quando um homem começa a se arrepender, é quando você vence. — Estêvão arqueou as sobrancelhas, sua expressão era séria.Isabel se virou para olhar Estêvão e perguntou:— Será?Estêvão assentiu:— Ele se ajoelhou diante de você, disse aos repórteres que se arrependeu de ter se divorciado. Você venceu, Isabel.Isabel esboçou um leve sorriso.Mas, em questões de amor, será que ganhar ou perder realmente importava?Amar alguém é, muitas vezes, sentir que está em dívida com o outro...Se tudo se resumisse a quem ganha ou perde, qual seria o sentido de tudo?Isabel permaneceu em silêncio enquanto o carro parava na entrada da Base N
José tinha um olhar complexo para a notificação na tela da conversa, sentindo uma mistura de emoções. "Isabel só me procura quando precisa de algo. Assim que não precisa mais, meu número é imediatamente bloqueado no celular dela."Isso era, de fato, algo típico de Isabel.José colocou o celular de lado e apertou as têmporas com uma mão, sentindo uma irritação inexplicável. Logo se levantou, pegou o casaco e se dirigiu para a porta dizendo:— Vitor, vamos para o porto.Quando se tem tempo de sobra, a inquietação aumenta. Portanto, era melhor se manter ocupado.Enquanto estava encostado no banco do carro, José folheava distraidamente os comentários das notícias em seu celular, curioso para ver o que as pessoas estavam dizendo. De repente, o carro freou bruscamente.— Sr. Silva!O corpo de José se inclinou ligeiramente para a frente, e ele segurou o apoio com a mão, franzindo o cenho, perguntou:— O que houve?— É a Carolina. — Vitor respondeu, sem saber o que fazer.Na entrada do edifíc
José não devolveu as mercadorias estrangeiras de Otávio.— Quem você está procurando?— De repente, alguém gritou por trás. José se virou e viu que era o responsável por aquela área, um homem que vestia uniforme de segurança e parecia bastante ameaçador. O responsável olhou para José, franzindo a testa e, depois de avaliá-lo de cima a baixo, perguntou:— José?Vitor respondeu friamente:— O nome do Sr. Silva é algo que você pode chamar assim?O homem soltou uma risada: "Então esse homem é mesmo o Sr. Silva?"— Este navio de carga, devolva ele agora mesmo.— José apontou para o navio de Otávio.O responsável ficou atônito por um momento e respondeu:— Sr. Silva, este navio pertence ao Sr. Sampaio.— Eu sei. Devolva este navio.— José respondeu de maneira impassível e decidida.José havia emitido uma ordem: mercadorias de Leandro não poderiam entrar no país, e isso significava que não entrariam de forma alguma!Já que Otávio insistia em desafiar José, ele tinha todo o direito de fazer valer
— José, você sempre age assim. É exatamente por isso que você e Isabel chegaram a esse ponto, sabia? — Otávio deu um passo à frente, conhecendo profundamente o coração de José. Otávio sabia que, naquele momento, só Isabel poderia fazer o coração gelado de José se agitar, mesmo que fosse só um pouco. — Você sabe o que eu sempre quis te dizer?Otávio se aproximou mais, fitando os olhos de José, onde uma faísca de sarcasmo brilhou.José franziu ligeiramente as sobrancelhas, olhando para Otávio com frieza. Ele não respondeu, deixando claro seu desinteresse por Otávio.Mesmo assim, mas Otávio insistiu:— Naquela época, eu vi com meus próprios olhos os sequestradores jogarem Isabel no mar em troca da sua segurança.José imediatamente levantou a cabeça e olhou para Otávio.“O quê? Otávio sabia disso?”Otávio observou José, capturando a expressão de choque em seu rosto, antes de soltar uma risada fria e falar:— Está surpreso por eu saber disso? Mas você não se pergunta por que eu estava lá no
Otávio observou o carro de José se afastar e depois voltou o olhar para as mercadorias que estavam sendo removidas, tomado por uma raiva intensa.“De fato, não importa quanto dinheiro eu dê a essas pessoas, com uma única palavra de seu verdadeiro dono, elas voltam correndo para ele. E nós, aqueles que apenas alimentaram os cães pelo caminho, o que somos afinal?”De repente, o responsável jogou um balde de água na direção de Otávio.Otávio olhou para ele e, incrivelmente, sorriu.“O que somos? Somos apenas um balde de água. Água suja que pode ser jogada fora a qualquer momento.”No caminho de volta, José manteve os olhos fechados, descansando o tempo todo.Vitor olhou para trás e perguntou em voz baixa:— Sr. Silva, devo levá-lo para casa para descansar?José abriu os olhos e contemplou a cidade agitada à sua volta, sentindo um grande desconforto em seu coração....À noite, Isabel fechou os documentos que estava lendo e pegou o celular. Já passava das duas da madrugada.Rafaela havia l
José esfregou as têmporas, sentindo aquela sensação incômoda de entender tudo racionalmente, mas ainda assim, carregar uma enorme inquietação no coração.Ele nem percebeu que, naquele momento, o carro em que estavam seguia de perto o carro preto à frente.Devido ao horário, as ruas não estavam muito movimentadas. Duas luxuosas máquinas percorrendo a cidade chamavam naturalmente a atenção.Isabel planejava descansar um pouco, mas avistou pelo retrovisor o carro atrás deles.No início, Isabel pensou que fosse coincidência, afinal, era noite e ela não conseguia ver a placa com clareza.Mas após alguns desvios, o carro continuava a segui-los.Isabel estreitou os olhos e, em um semáforo vermelho, as luzes traseiras do carro de Inácio iluminaram a placa do carro de trás.Isabel olhou para trás e reconheceu o carro de José.“O que José está fazendo nos seguindo a essa hora da noite?”Inácio já tinha percebido há algum tempo.— Eu vi a entrevista de Zé para a imprensa hoje. — Inácio comentou.
Isabel olhou para Inácio um pouco surpresa e depois sorriu:— Eu espero que você também seja feliz.— Eu serei, porque agora tenho um novo objetivo. — Inácio respondeu.Isabel ficou bastante intrigada.Inácio observou o perfil de Isabel, e um leve sorriso surgiu em seus lábios.Não era porque Isabel havia salvado Inácio que ele se interessou por ela.O interesse de Inácio por Isabel era genuíno, nascido da admiração por uma desconhecida.Isabel, tão jovem, tinha a coragem de amar alguém intensamente e também de odiar com a mesma intensidade. Isso não era digno de admiração?Ela, que possuía um talento notável na medicina, desistiu de tudo para assumir o projeto de pesquisa da avó. Isso não era algo admirável?Isabel parecia tão frágil, mas em seu coração parecia esconder um universo, difícil de decifrar.Inácio estava interessado em Isabel.O carro parou na entrada de um restaurante.Isabel e Inácio desceram, caminhando um atrás do outro. Isabel perguntou:— A propósito, Inácio. Você j
José subiu as escadas, empurrou a porta do quarto e olhou para o ambiente solitário, sentindo um desconforto profundo.Para ser sincero, desde que Isabel se mudou, José raramente entrava nesse quarto.Ele passou a dormir no quarto ao lado.Ao olhar novamente para aquele cômodo, José sentiu apenas frieza, como se o lugar estivesse completamente desprovido de calor.Quando Isabel ainda estava lá, o quarto não era assim. Havia sempre uma sensação de acolhimento, mesmo que fosse apenas um buquê de flores sobre a mesa, que fazia com que José sentisse que aquele lar estava sendo cuidado.Agora, porém, tudo no quarto parecia ter se transformado em tons de cinza, sem nenhum traço de cor.José se lembrou do primeiro dia em que Isabel chegou à mansão, toda cautelosa, com as bochechas coradas.Naquela época, Isabel nunca teria imaginado que um dia seu casamento se tornaria algo que ela teria medo de mencionar, um fardo pesado demais para carregar.José passou a ponta dos dedos suavemente sobre o