José não devolveu as mercadorias estrangeiras de Otávio.— Quem você está procurando?— De repente, alguém gritou por trás. José se virou e viu que era o responsável por aquela área, um homem que vestia uniforme de segurança e parecia bastante ameaçador. O responsável olhou para José, franzindo a testa e, depois de avaliá-lo de cima a baixo, perguntou:— José?Vitor respondeu friamente:— O nome do Sr. Silva é algo que você pode chamar assim?O homem soltou uma risada: "Então esse homem é mesmo o Sr. Silva?"— Este navio de carga, devolva ele agora mesmo.— José apontou para o navio de Otávio.O responsável ficou atônito por um momento e respondeu:— Sr. Silva, este navio pertence ao Sr. Sampaio.— Eu sei. Devolva este navio.— José respondeu de maneira impassível e decidida.José havia emitido uma ordem: mercadorias de Leandro não poderiam entrar no país, e isso significava que não entrariam de forma alguma!Já que Otávio insistia em desafiar José, ele tinha todo o direito de fazer valer
— José, você sempre age assim. É exatamente por isso que você e Isabel chegaram a esse ponto, sabia? — Otávio deu um passo à frente, conhecendo profundamente o coração de José. Otávio sabia que, naquele momento, só Isabel poderia fazer o coração gelado de José se agitar, mesmo que fosse só um pouco. — Você sabe o que eu sempre quis te dizer?Otávio se aproximou mais, fitando os olhos de José, onde uma faísca de sarcasmo brilhou.José franziu ligeiramente as sobrancelhas, olhando para Otávio com frieza. Ele não respondeu, deixando claro seu desinteresse por Otávio.Mesmo assim, mas Otávio insistiu:— Naquela época, eu vi com meus próprios olhos os sequestradores jogarem Isabel no mar em troca da sua segurança.José imediatamente levantou a cabeça e olhou para Otávio.“O quê? Otávio sabia disso?”Otávio observou José, capturando a expressão de choque em seu rosto, antes de soltar uma risada fria e falar:— Está surpreso por eu saber disso? Mas você não se pergunta por que eu estava lá no
Otávio observou o carro de José se afastar e depois voltou o olhar para as mercadorias que estavam sendo removidas, tomado por uma raiva intensa.“De fato, não importa quanto dinheiro eu dê a essas pessoas, com uma única palavra de seu verdadeiro dono, elas voltam correndo para ele. E nós, aqueles que apenas alimentaram os cães pelo caminho, o que somos afinal?”De repente, o responsável jogou um balde de água na direção de Otávio.Otávio olhou para ele e, incrivelmente, sorriu.“O que somos? Somos apenas um balde de água. Água suja que pode ser jogada fora a qualquer momento.”No caminho de volta, José manteve os olhos fechados, descansando o tempo todo.Vitor olhou para trás e perguntou em voz baixa:— Sr. Silva, devo levá-lo para casa para descansar?José abriu os olhos e contemplou a cidade agitada à sua volta, sentindo um grande desconforto em seu coração....À noite, Isabel fechou os documentos que estava lendo e pegou o celular. Já passava das duas da madrugada.Rafaela havia l
José esfregou as têmporas, sentindo aquela sensação incômoda de entender tudo racionalmente, mas ainda assim, carregar uma enorme inquietação no coração.Ele nem percebeu que, naquele momento, o carro em que estavam seguia de perto o carro preto à frente.Devido ao horário, as ruas não estavam muito movimentadas. Duas luxuosas máquinas percorrendo a cidade chamavam naturalmente a atenção.Isabel planejava descansar um pouco, mas avistou pelo retrovisor o carro atrás deles.No início, Isabel pensou que fosse coincidência, afinal, era noite e ela não conseguia ver a placa com clareza.Mas após alguns desvios, o carro continuava a segui-los.Isabel estreitou os olhos e, em um semáforo vermelho, as luzes traseiras do carro de Inácio iluminaram a placa do carro de trás.Isabel olhou para trás e reconheceu o carro de José.“O que José está fazendo nos seguindo a essa hora da noite?”Inácio já tinha percebido há algum tempo.— Eu vi a entrevista de Zé para a imprensa hoje. — Inácio comentou.
Isabel olhou para Inácio um pouco surpresa e depois sorriu:— Eu espero que você também seja feliz.— Eu serei, porque agora tenho um novo objetivo. — Inácio respondeu.Isabel ficou bastante intrigada.Inácio observou o perfil de Isabel, e um leve sorriso surgiu em seus lábios.Não era porque Isabel havia salvado Inácio que ele se interessou por ela.O interesse de Inácio por Isabel era genuíno, nascido da admiração por uma desconhecida.Isabel, tão jovem, tinha a coragem de amar alguém intensamente e também de odiar com a mesma intensidade. Isso não era digno de admiração?Ela, que possuía um talento notável na medicina, desistiu de tudo para assumir o projeto de pesquisa da avó. Isso não era algo admirável?Isabel parecia tão frágil, mas em seu coração parecia esconder um universo, difícil de decifrar.Inácio estava interessado em Isabel.O carro parou na entrada de um restaurante.Isabel e Inácio desceram, caminhando um atrás do outro. Isabel perguntou:— A propósito, Inácio. Você j
José subiu as escadas, empurrou a porta do quarto e olhou para o ambiente solitário, sentindo um desconforto profundo.Para ser sincero, desde que Isabel se mudou, José raramente entrava nesse quarto.Ele passou a dormir no quarto ao lado.Ao olhar novamente para aquele cômodo, José sentiu apenas frieza, como se o lugar estivesse completamente desprovido de calor.Quando Isabel ainda estava lá, o quarto não era assim. Havia sempre uma sensação de acolhimento, mesmo que fosse apenas um buquê de flores sobre a mesa, que fazia com que José sentisse que aquele lar estava sendo cuidado.Agora, porém, tudo no quarto parecia ter se transformado em tons de cinza, sem nenhum traço de cor.José se lembrou do primeiro dia em que Isabel chegou à mansão, toda cautelosa, com as bochechas coradas.Naquela época, Isabel nunca teria imaginado que um dia seu casamento se tornaria algo que ela teria medo de mencionar, um fardo pesado demais para carregar.José passou a ponta dos dedos suavemente sobre o
O que é o amor, afinal? ... Rafaela segurou Isabel, que estava prestes a sair para o instituto de pesquisa. Comendo um pedaço de pão, Isabel olhou para Rafaela com curiosidade e perguntou: — Você precisa de alguma coisa? — Vamos sentar e conversar um pouco. — Rafaela puxou Isabel até o sofá. Hugo também entrou pela porta do jardim, enxugando as mãos antes de se sentar em frente a Isabel. — Sua avó costumava se trancar naquele laboratório, e você não deve seguir o exemplo dela. Chamamos você aqui para dizer que o trabalho não é algo que se faz em um ou dois dias, você precisa equilibrar trabalho e descanso! Precisa definir um horário para começar e terminar o expediente! Eles haviam ouvido que Isabel tinha voltado para casa às quatro da manhã. E agora, pouco depois das nove da manhã, Isabel já estava pronta para voltar ao trabalho. Como seu corpo suportaria essa carga de trabalho? Isabel percebeu que seus pais estavam preocupados com sua saúde. Ela acenou obedien
A atmosfera no carro estava um pouco estranha. Isabel olhava pela janela, sem dizer uma palavra, enquanto José dirigia, mantendo uma velocidade que não era nem rápida nem lenta, quase hesitante. Isabel lançou um olhar sutil para José, se sentindo um pouco desamparada, e disse:— Desse jeito, vou acabar me atrasando.José levantou os olhos e acenou com a cabeça, aumentando ligeiramente a velocidade do carro, mas só um pouco. Com os braços cruzados, Isabel olhou para José, insatisfeita, e perguntou:— O que foi?José assentiu e disse:— Tenho algo para te dizer.Isabel franziu a testa, esperando que José falasse.“Se tem algo para me dizer, simplesmente diga logo.”— Eu... — José começou, mas depois de um longo tempo, não conseguiu dizer nada.Era a primeira vez que Isabel via José tão desconcertado. Um sentimento indefinível tomou conta do coração de Isabel. Ver um deus altivo caindo de seu pedestal deveria causar algo assim.No fundo, Isabel não desejava a queda de José. Ela sempre