Amor Comprado
Amor Comprado
Por: Liliane Mira
Prólogo

A dor da traição, vem de quem você mais se importou, que você amou.

Pensar dessa forma nunca fez tanto sentido. Neste lugar escuro, posso ver o quanto minha vida fugiu ao meu controle. Na verdade, nunca vivi, apenas existo nesse mundo cruel. A vida é boa pra uns, e ruim para outros.

Porque será? Realmente não faço ideia.

Nem sei o porquê de está pensando nisso, nesse exato momento, afinal nem é a hora e muito menos o lugar. O breu toma todo o lugar, não consigo enxergar nada, sinto dores terríveis em meu corpo. Estou sufocando, o ar é tão denso, que dificulta minha respiração. Como ele pôde fazer isso comigo.

__ Socorro, socorro... __ grito, mas ninguém vem ao meu socorro, então começo a gritar pelo meu pai __ Papai, papai. Grito até perder minha voz, mas ele não vem.

Cadê o senhor? Porque fez isso comigo, sua própria filha?

Lembro-me que saímos juntos. Ele disse que faríamos um passeio, achei até estranho, nunca foi legal comigo, mas, mesmo assim fiquei feliz, afinal estava agindo como um pai deveria agir. Precisávamos desta aproximação entre pai e filha.

Entramos no carro, mesmo receosa sorri. Me senti feliz por esta ao lado dele. Não saber o nosso destino, não me deixou em alerta. Mesmo sabendo da convivência difícil com ele, eu ainda confiava.

Paramos em um lugar escuro, ele desceu do carro e me disse pra ficar, nem olhou nos meus olhos, porém obedeci.

Olhei para fora e o vir, conversando com dois homens estranhos, não conseguir vê-los. Eles entregaram algo nas mãos do meu pai, e vieram na direção do carro. Senti um calafrio em meu corpo. Os desconhecidos chegaram perto do veículo e abriram a porta do carona.

__ Tá na hora de ir sua putinha! __ um deles declarou sem paciência. Eu não estava entendendo nada. Como assim ir? Porque eles estavam me xingando? Nem deu tempo externa minhas perguntas. Eles me tiraram do carro, e eu comecei a gritar.

__ Não, me soltem... não quero ir com vocês! Socorro, socorro... __ Soquei o peito do desconhecido com raiva. O outro que estava apenas olhando, gritou-me enraivecido.

__ Você vai sim, sua vagabunda! Acho bom ficar quietinha, ou será pior.

Olho para o lado, e vejo o meu pai. Ele me encara com um meio sorriso. Eu não acreditava que ele seria capaz, de algo tão bárbaro, mas lá no fundo eu sabia a verdade.

__ Por que Carlos? Por que fez isso comigo? __ Ele não merece ser chamado de pai, agora posso ver isso.

__ Por que você merece! __ falou apertando meu queixo __  É uma puta igualzinha à sua mãe. Nunca me beneficiou em nada, mas, agora você vai ter o que merece.

Os homens maus encarado, começaram a rir dá minha cara. Falavam que eu era uma imbecil e burra. A raiva me dominou de tal forma, que comecei a gritar e a soca-los com toda a minha força. Um deles ficou sem paciência e me deu soco no rosto e perdi os sentidos.

Acordei neste lugar, escuro e abafado, lembrando da desgraça que está minha vida. Meus olhos se familiarizaram com a escuridão e com o abafamento. Ouvir passos do lado de fora, e alguém abriu porta. Ainda está escuro e muito frio. Não são os mesmos homens. Esses são ainda mais sinistros. Meu medo triplicou. Eu estou sem forças, não consigo me mexer. Um deles percebe, e me carregam até um carro.

__ Quem são vocês? Por favor me ajudem. __ Tentei em vão. Eles fazem de conta que não estão ouvindo. Me colocam no carro e dão partida, eles começam a conversa em inglês. Sei disso porque também falo. Aprendi em um cursinho online.

Eles dizem que fui comprada por um homem muito rico, e que o desgraçado pagou muito bem por mim. Falavam coisas chulas. Diziam que sou muito gostosa, e que deveriam tirar uma casquinha minha, antes de me entregar para meu dono.

Entrei em pânico na hora. Posso aguentar muitas coisas, todavia, ser estuprada não está entre elas. Prefiro morrer, antes que isso aconteça. Não que eu queira morrer, preciso mesmo, é de um plano rápido, uma oportunidade para fugir.

Eles pararam em um posto de gasolina, e os dois saíram. Eu vi que era a minha chance de fugir. Os idiotas, deixaram as portas destravadas. Murmurei um obrigada a Deus, por ter me dado está oportunidade. Abrir a porta e corri. Corri como se dependesse a minha vida, e na verdade, realmente dependia. Escutei tiros atrás de mim, e meu desespero aumentou. Sentir uma ardência em meu braço, no entanto, continuei correndo. Avistei um carro e gritei por socorro. Estava sentindo muita dor no corpo, e principalmente nos pés. Cair no chão esgotada. A última coisa que escutei antes de perder a consciência foi a voz de uma mulher desesperada tocando minha jugular.

Acordo assustada. Era só um pesadelo. As lembranças daquele dia, não me deixam em paz. Parecia tão real.

Quando isso vai para meu Deus? Quando eu terei paz?

Voltei a fechar os olhos, e chorei. No momento é o que minha alma pede. Hoje as dores do corpo não me incomodam mais, entretanto restou algo pior. A dor da alma. Ela doe mais que um soco na cara. Me sufoca de tal maneira, que não sobra nada, apenas ela querendo me destruir aos poucos.

Continuei a remoer meu passado até conseguir dormir de novo. Não sei se isso vai passar um dia, mas, tenho fé que serei feliz.

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