Capítulo 4

Seja aquele que cura as feridas, não aquele que as provoca!

Não sei por que essa frase está na minha mente. Eu sinto que alguém muito importante as citou para mim. Não faço a mínimo sobre o fato de estar rondando minha cabeça, mas, eu sei o que ela quer dizer para mim. Cheguei à conclusão, que preciso me dar bem, com o meu algoz. Se eu quero permanecer bem, preciso manter um diálogo saudável com ele.

Fazem duas semanas que não o vejo. Confesso, que estou meio apreensiva e muito chateada também. Constatei que a presença dele me assusta, conquanto, ficar sozinha me assusta muito mais. Na casa de Meg eu tinha os três para me consolar quando tinha um pesadelo, só que aqui não tenho ninguém. Aqui, além dos pesadelos tem meus pensamentos, que são muitos sombrios.

Balanço a cabeça, para não pensar em meu passado, pois isso me deixa indefesa. E ficar assim agora, não é aconselhável. Estou tão absorta, que não ouço alguém bater à porta. O susto que tomei deixou claro para Emily que eu não a vir entrando.

__ Quer me matar do coração Emily? __ Sorrir em seguida, para ela saber que não estou zangada.

__ Desculpa Liz, não foi a minha intenção.  __ Falou sincera. Claro que sei que não foi proposital.

__ Sei disso minha preta! Em que posso ajuda-la?

__ Na verdade, vim chama-la para tomar café! __ Olhei intrigada para ela. Emily sabe que não gosto de tomar café sozinha.

__ Eu não quero minha linda, dispenso.

__ Quem lhe chamou para o café foi o senhor Wanny, ele voltou de viagem ontem, e deseja sua companhia! __ Assim que terminou meus olhos, dobraram de tamanho.

Ele chegou!

Não sabia que colocaria meu plano em prática tão cedo. Emily viu a minha briga interna, e resolveu vim ao meu socorro.

__ Se quiser aviso que não está disposta! __ Deu de ombros sem graça.

__ Não. Agradeço Emy! Avise ao senhor Wanny, que descerei em dez minutos. __ Ela sorriu. Sei que gostou da minha decisão. Ela e as demais vive falando, que ele nunca trouxe uma mulher para morar com ele, que eu sou diferente, e blá blá blá. Se soubessem de toda a verdade, não pensariam dessa forma.

Jogando meu negativismo para longe, me dirijo até o closet e escolho um vestido amarelo tubinho. Ele possui alças largas e firmes. Nos pés optei por um tênis Flatform. Ele é todo branco, e possui um salto feito com cordas naturais.

O meu banho foi em tempo recorde, quando menos esperei já estava descendo as escadas. Estou simples, contudo, me sinto bonita. Não usei maquiagem, não achei necessário para tomar um café.

Quando adentrei o ambiente suspirei. Sua sala de jantar é impecável. Paredes claras como o resto da casa. Sua mesa tem doze lugares, toda em madeira maciça na cor branca, com um vidro finíssimo. Encontrei um Dominik despojado em uma calça social e um terno de três peças pretos. Ele lia o jornal compenetrado, então aproveitei para observa-lo melhor. Realmente é um homem lindo, poderia ter a mulher que quisesse. Então, por que me comprar?

__ Gosta do que vê Lizandra? __ Me assustei com a voz grave. Fiquei tão absorta em meus pensamentos, que não vir que fui pega em flagrante. Fiquei sem graça, mas para minha sorte, minha cor não me denunciou. Falei a primeira coisa, que veio à minha mente.

__  Estava aguardando suas ordens! __ Pelo sorriso, não engoliu a minha desculpa.

O problema é dele!

__ Então, se aproxime Lizandra, não tenho o dia todo. __ Usou um tom até que calmo. Foi grosseiro, mas deu pra levar. Assim que me sentei, ataquei sem pensar duas vezes. Coloquei no meu prato tudo que eu achava que era gostoso. Eu sempre tive um bom apetite, não seria diferente agora. Novamente me distrair e não o vir me observando de novo. Quando tomei ciência, fiquei sem jeito de continuar.

__  Há algo de errado comigo? __ Detestei meu tom entristecido, só que era tarde. Não seria o primeiro homem achar, que não sou o suficiente. Que não valho nada. Ele continuou me encarando, mas, agora com um sorriso sexy nos lábios.

__  Pelo contrário, gosto do seu apetite. __ fiquei toda envergonhada com o elogio __ Já acabou? Fiz positivo com a cabeça.

__ Sim! __ Limpei os lábios com o guardanapo e afastei a cadeira para me levantar.

__ Então vamos, hoje temos muito o que fazer!

__ O que vamos fazer hoje? __ Perguntei receosa.

__ Vamos comprar roupas e acessórios para você!

__ Mais roupas? Eu já tenho muitas! __ Não escondi a careta que fiz de desgosto.

__ Você não gosta de fazer compras? __ Havia surpresa em sua voz. Nós já estamos em seu carro. Mark dirigia fingindo não ouvir nossa conversa.

__ Não se pode dizer, que não gosta de algo, se você nunca fez. __ Acho que deixei ambos surpresos.

__ Como isso é possível? __ Dominik questionou intrigado.

__ Minha mãe morreu cedo, Fiquei com meu pai. Ele nunca ligou para mim.

Na verdade todas as roupas que tinha, foram dadas por vizinhos. __ sorri amarga __ Quem você acha, que me vendeu? Eu percebi que lhe deixei surpreso, fiz que não liguei.

__ O seu pai? __ Perguntou mais uma vez.

__ Sim! Ele me disse, que me vendeu, por que nunca o beneficiei em nada, que sou como minha falecida mãe, uma puta, que eu mereço tudo que me aconteceu. __ fiquei séria ao lembrar da minha vida com ele __ O senhor falou do meu apetite, bem, ele não ligava para colocar comida em casa, então quando havia oportunidade, para comer eu comia bastante. Quando fiz idade suficiente para trabalhar, eu conseguia o que comer por conta própria.

Não foi uma boa ideia lembrar, dessas coisas. Estava tão alheia, remoendo minha dor, que não vir a intenção dele ao meu colocar em seu colo. Gritei assustada, e recebi um sorriso lindo em troca. Abaixei minha cabeça me sentindo sem graça.

__ Olhe para mim Lizandra! __ disse, em um tom sério, mas, com tanto carinho. Quando mirei meus olhos nele, vir algo diferente, não sei bem o que é.

__ Nunca mais passará fome, você tem a mim! __ Não deu tempo responde-lo, o mesmo tomou meus lábios em um beijo sedento. Eu quis corresponder, então eu fiz. Me parece tão certo. Eu nem me importava com a presença de Mark, só queria continuar assim. Quem encerrou o contato foi ele. Está tão ofegante quanto eu.

__ Já chega  déesse, se continuarmos sabe onde ia parar, não sabe? __ Suas íris estão dilatadas, parecem duas jabuticabas. Dominik está excitado, pude sentir, e fiquei um pouco assustada.

Como pude corresponder tão avidamente a ele?

O carro parou em um dos shoppings mais caros, sei disso, por que Meg já me confidenciou. Ela nunca entrou, pois eles têm fama de distratar alguns clientes, pela cor ou gênero. Dominik mandou que eu fosse na frente, e foi atender um telefonema. Entrei na loja que ele apontou, e fiquei admirando as belas peças. Umas mais bonitas que as outras.

__ Você tem dinheiro para pagar? __ Olhei para a pessoa que me abordou grosseiramente.

__ Eu... __ A mulher estava tão disposta, a me expulsar, que não quis ouvir a minha resposta, para sua pergunta.

__ Olhando para você, posso ver que não tem. Peço que se retire, ou chamarei os seguranças. __ fiquei envergonhada pelo tom que ela usou comigo. Algumas pessoas fingiam que não presenciavam uma cena feia como essa, outras simplesmente paravam para assistir e riam da minha desgraça. Me sentir humilhada, mas a olhei firme.

__ A senhora não devia ser tão preconceituosa!

__ também concordo! __ Dominik falou me puxando para ele. Pela cara que a vendedora fez, ela sabe quem é ele, e sua influência. No fundo me sentir bem, por ser defendida. Só quero ver, como ela vai se sair dessa. Para variar, graças a Deus, não sou eu na mira de sua cólera.

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