Capítulo 5

Quando jovem passei por muitas cenas como essas. A vida não é fácil para um jovem, principalmente um jovem negro. Lutei para ter o meu espaço, e conseguir com muito suor. Quando presencio uma cena de racismo, a raiva me domina, principalmente se a pessoa que sofre é a minha mulher. 

Gostei de como minha mulher suou!

__ E, então? Quem lhe deu o direito de desrespeitar minha mulher? __ Eu controlava minha ira, para não explodir na cara dessa mulher. Eu não sou assim, tão inflexível. Porém, depois que Lizandra entrou em minha vida, vivo dessa forma, vinte e quatro horas por dia. 

__ Senhor Wanny, não sabia que ela é era sua mulher! __Tentou justificar, mas foi em vão. Não a ajudou em nada. 

__ Primeiro lugar, ELA É MNHA MULHER, segundo isso não vem o caso. Não saber desse detalhe não lhe dar o direito de humilha-la;  __ olhei para outra atendente que observava com os olhos arregalados __ Onde está sua patroa? Chame-a gora mesmo. 

__ Calma Dom, não preci... __ Interrompi Lizandra impaciente. 

__ Cale-se, não se meta! __ Não necessito olhar para saber que a magoei. 

Ouvir passos e olhei na direção. Uma senhora de meia idade vem praticamente correndo ao meu encontro. 

__ Senhor Wanny! É uma honra recebe-lo em meu estabelecimento. 

__ Para mim, está sendo uma experiencia terrível. Você sabe que sua funcionária é uma racista? __ Claro que ela sabe, mas, com toda certeza negará. 

__ Peço que me perdoe os transtornos...__ Findei seu papo furado, em uma só olhada. 

__ Quero que a demita imediatamente.__ Fui rude, e não me arrependo.

__ Considere-a demitida! __Falou rapidamente. Ela entende que posso destruir seu negócio em três tempos. 

__ E você, peça desculpas a minha mulher, ou será processada. Tirarei até o que não possui. __ Ela engoliu seco, antes de fitar Lizandra. 

__ Me desculpa senhorita! 

__ Está desculpada! __ Liz olhou em minha direção __ Vamos embora, por favor. Não esperei nem mais um minuto, sair puxando-a pelo braço. Ela não quis fazer compras, e também não havia clima. 

No carro, a atmosfera não era das melhores, Lizandra encarava-me com um olhar nada agradável. 

__ Deseja falar algo? __ Interpelei pressuroso. 

__ Agradeço por me defender, apesar disso, o que fez lá dentro foi errado. __ Cruzou os braços demonstrando seu descontentamento.

__ É mesmo? Em que fui errado lá dentro? __ Perguntei sarcástico.

__ Você sabe que é um homem com poder, por isso tratou aquelas mulheres de forma tão rude.

__ Se eu posso, então faço! __ Não estou gostando de ser repreendido. Pareço até uma criança.

__ Errado Dominik! Só por que pode fazer, não significa que deve. Apagar o fogo com gasolina, não é a resposta. __ me fitou compenetrada __ O fato de ter poder, não significa que deve tripudiar em cima das pessoas.

__ Eu faço o que quero menina! __ Já estava na defensiva.

__ Se não me defendesse, eu faria isso por mim mesma. Já passei por situações como essa. Eu vivia no Brasil, um dos países mais racista do mundo. __ olhou para a janela nervosa __ Eles possuem o pior racismo. O racismo velado. Ele está em camadas tão profundas, que a pessoa que é racista não se ver como tal.

__ O que isso tem a ver com o que fiz lá Lizandra? Eu fiz o que devia, e ponto.

__ Não podemos combater o racismo, se comportando da mesma forma, que o racista. Precisamos ser, sempre melhores do que eles... __ Eu levantei minhas mãos, impedindo que ela continuasse.

__ Já chega! Não venha me repreender menina, não lhe dei essa ousadia. __ Asseverei aborrecido. O resto da viagem foi feita em silêncio. Mark não falou nada, nem olhou em minha direção, mas, em determinado momento vir o aborrecimento em sua face. O dia que seria maravilhoso, terminou antes mesmo de começar. Impressionante, até para mim!

  

                                                                &&&

Passou-se dias, desde o episódio do shopping, que aliás em breve farei uma visita. O racismo se combate sendo forte, não usando a força. Às vezes em minha cabeça, escuto vozes dizendo que não sou capaz, contudo, eu sei que sou. E como sou! Lizandra Almeida, é mais forte do que pensam.

Wanny foi rude comigo, naquele bendito dia, porém, eu sei que as minhas palavras fizeram efeito. Se ele vai segui-las, é um particular dele. Minha parte eu fiz. O idiota é um grosso, no entanto, consigo não levar tanto para o coração. Não é fácil, mas estou tentando. Ele me comprou um celular, para ficar em constante comunicação. Quando digo constante, realmente é dessa forma. Claro que uso para conversa com minha amiga Meg e meus anjinhos.

Hoje marquei de encontrá-la em um restaurante no shopping. Meu coração está inflado de felicidade. Passou um mês sem vê-la, só que para mim, é a eternidade.

Antes de sair mando uma mensagem para o estressado:

Dom:

Oi! Boa tarde!

Marquei de me encontrar com Meg, no shopping. Souza me acompanhará.

Cheguei ao meu destino com um sorriso ampliado. Megan me esperava da mesma forma. O abraço que trocamos foi tão bom, que quase não nos separamos.

__ Como você está Liz? __ Questionou, agora séria. Lhe contei tudo, até o episódio de duas semanas atrás. Ela concordou comigo, mas achou a atitude dele fofa. Se ela soubesse quem é a peça, não diria isso.

__ E meus pimpolhos?

__ Na casa de um amiguinho. Aniversário. __ sorriu __ Aproveitei que teriam várias mães, e me dei esse luxo. Estávamos entretidas na conversa. Que saudade sentir desse momento.

__ Meg! Menina, a quanto tempo. __ Um rapaz falou se aproximando da nossa mesa. Megan sorriu, se levantou e deu um abraço apertado no homem. Ele é muito bonito. Cabelos negros, pele alva como a neve. Suas feições são bem delicadas. apertado minha amiga.

__ Nando, que surpresa! __ soltou do abraço ainda sorrindo __ O que está fazendo da vida? Eu fiquei com uma cara de paisagem até eles perceberem minha pessoa.

__ Sou fotografo. E quem é essa mulher linda?

__ Oh! Desculpe amiga. Nando, está é minha amiga Lizandra.

O cumprimentei educada, e pedir que se sentasse conosco. Com o pouco tempo de conversa, descobrir que ele e Meg estudaram juntos. Que o mesmo esta noivo de uma mulher maravilhosa, e que em breve vão se casar. Até convite para o casamento recebi. Ele disse que está fazendo um trabalho, e que eu seria ideal. Que me encaixo perfeitamente. Neguei, afinal, é uma das regras de meu algoz. Nada de trabalho.

Meu telefone tocou, o nome Dominik em negrito apareceu na tela. Respirando fundo, peço licença para atender.

 

__ Oi! __ Indaguei pisando em ovos.

__ Quem é ele? __ Me questionou com uma dureza na voz.

__ Ele quem?

__ Não se faça de burra, o rapaz que está em sua mesa! __ Ouvir um estrondo do outro lado da linha. Fiquei tão chateada, que não medir minhas palavras.

__ Não é da sua conta, grosso! 

__ Vamos ver se tem essa coragem, pessoalmente!

Desligou o telefone na minha cara.

Aí meu Deus, o que eu fiz?

No fundo já sabia. Eu sou uma mulher sobrevivente, e assim como tal estou dando mais valor a minha vida. Antes não tinha vez, mas, hoje eu posso fazer alguma coisa com a minha vida. Não posso deixar outro homem dizer o que posso ou não fazer. Isso não é justo.

Respirei fundo e chamei Meg a um canto e contei o que fiz.

__ Você está maluca? Droga Liz, não conhece esse homem, não conhece sua índole. __ segurou nos meus ombros nervosa __Aliás, se ele foi capaz de compra-la, pode fazer qualquer coisa. Você não pode agir impulsivamente, dessa forma.

__ O que eu não posso, é deixar que ele me intimide. Eu sou uma mulher livre, e vou exercer essa minha liberdade, ele querendo ou não. __ Disse firme, escondendo o meu medo. Sei que minha amiga está certa, só não quero dar meu braço a torcer.

__ Você é uma mulher grandinha, sabe o que faz, apenas tenha cuidado! __ Beijou minha face e saiu puxando Nando, que me passou o seu contato, caso eu mude de ideia. Paguei a conta e me sentei afastada, esperando ele chegar. Não sei o que vai acontecer, porém, que Deus me ajude...

                                                                &&&

__ Droga! Se ela teve coragem de me trair, acabo com o miserável. __ Derrubei as coisas que estavam em minha mesa. Me levantei com uma fúria, que nunca sentir na vida, mandei uma mensagem para Mark me esperar e sair da minha bendita sala.

__ Senhor Wanny, faltam meia hora para a reunião com o senhor Magnus! __ Sandra, minha assistente e secretária falou se levantando quando sair.

__ Cancele senhorita Souza, preciso sair.

__ Senhor, ele está furioso. Nós já adiamos essa reunião três vezes.

__ O problema é dele, invente uma desculpa.  Cancele todos os meus compromissos para o resto da tarde. Mandei, entrando no elevador. Ao adentrar o carro recebi um olhar de advertência de Solomon. Fiz questão de ignorar, e mandei ele seguir para o meu destino.

A viagem foi rápida, afinal o shopping é bem perto do prédio da minha empresa. A encontrei longe das pessoas. Está séria e com um ar pensativo. Analisei suas vestes e suspirei. Ela está com um vestido preto com várias listas coloridas. Ele vai até seu tornozelo, mas, possui uma fenda sensual. Não á decote, é todo fechado, de gola alta, cobrindo o pescoço fino. Seus cabelos estão soltos como sempre, lhe dando um ar selvagem e sensual. Como sempre usa pouca maquiagem, no entanto, abusou no batom vermelho nos lábios grossos, que me instigam. Quando me viu sua postura mudou, para defensiva. Mandei o segurança se afastar e me sentei ao seu lado.

__ Boa tarde, Lizandra! __ Saudei seco.

__ Boa tarde, Dominik!

__ Vai me dizer quem era aquele cara, ou vai dizer novamente que não é da minha conta? __ Claro que ela sentiu o sarcasmo em minha voz. Antes de me responder respirou fundo.

__ O conheci hoje. É amigo da Meg!

__ Eu lhe disse que não quero outros homens ao seu lado! __ Falei furioso, segurando seu queixo para que olhasse em meus olhos.

__ Você não manda em mim, não pode dizer com quem devo falar ou não. __ Tentou sair do meu aperto, no entanto, sou mais forte que ela.

__ Ponha em sua cabeça menina, você é minha, e o quanto antes se conformar será melhor para você! __ Puxei sua cabeça e unir nossos lábios em um beijo punitivo. Forcei a entrada, até que ela me desse passagem. No início não quis corresponder, mas a pressão que fiz foi tão grande que ela cedeu. Quando encerrei o nosso contato, seus olhos estavam turvos por causa das lágrimas que desciam sem parar. Meu coração perdeu uma batida.

O que eu fiz?

Tentei me aproximar, mas, ela se afastou. Isso me doeu mais do que gostaria.

__ Entendi o recado, senhor Wanny! __ Levantou limpando as lágrimas e saiu em disparada. Pensei em segui-la, só que desistir. Ela está chateada comigo, e com toda razão. Olhei na direção de Mark, e seu olhar é de decepção. Grunhir querendo gritar. Me levantei e voltei para meu carro. Preciso pensar em algo, para que Lizandra me perdoe. Não quero que ela me odeie. Eu não suportaria...

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