A luz amarelada do túnel refletia na lataria do carro, enquanto as paredes sombrias projetavam as sombras das silhuetas dos veículos que passavam em alta velocidade. A perseguição frenética entre os carros e o rugido ensurdecedor dos motores ecoavam pelo teto do túnel, perturbando o coração de qualquer um que ouvisse. As luzes intermitentes do túnel iluminavam o rosto estranhamente calmo de Lorena em flashes irregulares. Naquele momento, para quem a observava, ela parecia estar encurralada: lobos à frente e tigres atrás, enfrentando o vento contrário à beira de um precipício. Mas ninguém sabia que Lorena era uma especialista em romper impasses nas situações mais difíceis. Dentro dela residia uma força inabalável, destemida, firme como o gelo no inverno. Essa força estava gravada em seus ossos, e ela nunca temeu os desafios que surgiam no caminho. Os carros no túnel não mostravam sinais de parar. O alvo deles era claro: o veículo preto no centro. Lorena lançou um olhar pel
— Srta. Lorena, não imaginei que você tivesse esse trunfo na manga. Muito bem. — Giovane falou entre dentes, soltando algumas risadas frias. — Mas não se esqueça: sua avó ainda está em minhas mãos. — Chega de conversa fiada! — Respondeu Lorena, fria como gelo. — Que tal fazermos um acordo? Solte minha avó, e eu vou com vocês. Afinal, sou eu quem vocês querem. "Se tiverem capacidade para me levar." É claro que ela não diria isso em voz alta. Com a firmeza de quem estava no controle, Lorena soltou o cinto de segurança, abriu a porta do carro e desceu. Giovane ficou atônito por um momento. Ela realmente cederia assim, tão facilmente? — O que foi? Não tem coragem? — Sua provocação foi direta e certeira. — Vocês, um bando de homens, estão com medo de uma única mulher? Giovane era exatamente o tipo de homem que não suportava ser provocado. Nunca, em toda a sua vida, alguém o desafiara daquela forma. Ele ergueu os olhos, fitando a mulher que já estava fora do carro, parada ao
Giovane disse: — Você acha que a família Amorim se colocaria contra o pessoal do mercado negro por sua causa? Seu marido não passa de um ramo insignificante da família Santos. Você acha que ele ousaria enfrentar a gente do mercado negro? Que ridículo... Lorena franziu levemente as sobrancelhas. "Eles são do mercado negro? Então Félix não usou os próprios homens dele." Depois que Giovane terminou de falar, Lorena soltou algumas risadas frias. Era óbvio que eles realmente não sabiam que Guilherme era seu marido. No começo, quando ele a chamou de Sra. Santos, ela achou que o homem sabia e, mesmo assim, tinha coragem de ameaçá-la. Isso seria um ato ousado. Mas quem diria que ele acabaria dizendo que Guilherme era um ramo menor da família Santos. Parece que Félix também não contou a verdade para os homens que contratou. — Então, além de serem um bando de covardes, vocês ainda são covardes sem cérebro. — O canto dos lábios de Lorena se curvou em um sorriso zombeteiro enquanto el
Giovane exclamou surpreso: — O quê? Ele ficou atordoado. Ela teve a ousadia de chamar o Sr. Caetano pelo nome. Lorena abaixou levemente o olhar, estalou a língua e, num tom sarcástico e pausado, respondeu: — Não esperava que alguém criado pelo Caetano fosse do tipo "músculos fortes e cérebro fraco". As palavras dela o desconcertaram por um momento. Quando Giovane abriu a boca para mandá-la se calar, sentiu de repente algo pressionando sua cintura. Estava prestes a se mover quando ouviu a voz fria da mulher ao seu lado: — Eu aconselho você a não se mexer. Se minha mão escorregar e a arma disparar, sua cintura estará arruinada. Giovane olhou imediatamente para baixo, na direção de sua cintura. Uma pequena pistola dourada estava pressionada contra ele. Ele conhecia aquela arma. Era uma Desert Eagle dourada. "Impossível! Como uma mulher poderia usar uma arma, ainda mais uma Desert Eagle dourada?" A dúvida nos olhos dele não escapou ao olhar atento de Lorena. — Você pod
Dentro do helicóptero. Guilherme recebeu uma ligação de Nicolas. — Alô, pai... Quando isso aconteceu? — O rosto de Guilherme ficou instantaneamente sombrio, sua expressão impecável revelando uma frieza gélida. Pietro e João imediatamente perceberam que algo estava errado. Guilherme disse: — Pai, deixe isso comigo. Uma hora antes, Michele havia desaparecido. De manhã, Michele combinara de sair com uma amiga. Estava previsto que voltaria às 15h30, mas já eram quase 16h, e ela ainda não havia retornado. Além disso, não tinha dado sequer um telefonema. Nicolas achou estranho, então ligou para ela. No entanto, tanto o celular de Michele quanto o do motorista estavam desligados. Nicolas, então, entrou em contato com a amiga de Michele, que informou que elas haviam se separado às 14h30. Foi nesse momento que Nicolas percebeu que algo estava errado. Ele conhecia bem a personalidade de Michele. Mesmo que ela tivesse outros compromissos, elateria avisado que não voltaria a te
De repente, outro som ecoou. Um disparo de arma de fogo reverberou pelo túnel. Após terminar de falar, Lorena desviou a arma em sua mão ligeiramente para o lado e atirou rapidamente no chão. Todos se assustaram, inclusive Giovane, que estava mais próximo. As suspeitas que alguns tinham sobre Lorena desapareceram instantaneamente. Ela realmente estava disposta a atirar. — Na saída do túnel! — Gritou um dos subordinados de Giovane. Ao ouvir isso, Lorena franziu as sobrancelhas e disse a Tadeu: — Vá para a saída do túnel e traga ele. Tadeu respondeu: — Sim. Com Giovane em poder deles, seus homens só puderam assistir impotentes enquanto Lorena o levava embora. Lorena dirigia enquanto Tadeu estava no banco de trás com Giovane. — Zéfero, nós vamos simplesmente deixar Giovane com eles? — Perguntou um homem, olhando para outro, de cabelo curto. A pessoa chamada Zéfero era a mesma que havia respondido às perguntas de Lorena antes. — Na saída do túnel estão Ezequiel e
Após Lorena desligar o telefone, Giovane se virou para Tadeu, que estava ao seu lado, e perguntou: — Esse Guilherme que ela mencionou agora há pouco... é qual Guilherme? Tadeu, que obviamente sabia que Lorena era casada, lançou um olhar de desdém para Giovane: — O que você acha? Quantas pessoas no mundo têm coragem de carregar esse nome? — Ele deu uma risadinha, provocador. — Seja confiante, é exatamente quem você está pensando: o Sr. Guilherme da família Santos. Em seguida, ele olhou para Lorena, que estava no banco do motorista, e fez um gesto com o queixo, indicando ela: — Ela é a esposa legítima do Sr. Guilherme da família Santos. Boom! As palavras de Tadeu explodiram na mente de Giovane como uma granada. Ele sentiu como se seus ouvidos tivessem sido atingidos, causando um zumbido incessante. Ele murmurou, tremendo: — Mas... aquela pessoa disse que ela era apenas um membro distante da família Santos... Ergueu a cabeça e, sob a fraca iluminação, era possível ver
Félix fugira antes do previsto. Assim que soube disso, Jerônimo ligou imediatamente para Guilherme. — Félix fugiu antes do esperado. A voz fria de Guilherme respondeu sem hesitação: — O encontre. Vivo ou morto. — Entendido. — Respondeu Jerônimo, direto e sem rodeios. Enquanto isso, em um quarto escuro de um porão, estava o próprio Félix, sentado calmamente em frente a vários monitores. Ele assistia às imagens exibidas nas telas com grande interesse, quase como se estivesse se divertindo. Em uma das telas, se via Jerônimo entrando na mansão de Félix acompanhado de alguns homens. Não demorou muito para que eles saíssem de lá, aparentemente sem encontrar o que procuravam. Outra câmera mostrava o interior de um carro, onde Michele estava. Michele tinha os pés e as mãos amarrados, e sua boca estava coberta com fita adesiva preta. Apesar da situação, seu semblante permanecia sereno, quase impassível, com apenas um toque de desconforto evidente. Ao observar aquilo, Félix