Sentado sobre o cobertor, Rodrigo tentava se concentrar nas informações na tela do notebook, enviadas mais cedo pelo sócio. Porém, os números e letras pareciam dançar a sua frente e chegavam a perder o foco, tornando-se um emaranhado de informações desconectas. Sinal claro de que, por mais que tentasse, seus pensamentos estavam longe demais. "Ou nem tanto", reconheceu ao olhar para Sara, adormecida ao seu lado.Esticou a mão para afastar uma mecha rebelde de cima da bochecha, aproveitando para acariciar de leve a face serena. Sentiu uma calorosa satisfação quando um sorriso se delineou na boca tentadora.Nunca reparou no quanto ela ficava linda em seu sono. Soltou um engasgo de riso ao se dar conta que nunca se importou em reparar nada a respeito dela, apenas aceitou de bom grado o amor sem limites e em troca deu indiferença. Se tivesse agido de outra forma...Sorriu com sarcasmo — endereçado a si mesmo —, e afastou a mão do rosto dela. Se tivesse feito tudo diferente, seguido pelo ca
Pequenos filetes de sol atravessavam a cortina, pousando no rosto de Sara e a despertando aos poucos. Tentou se esticar, mas seu corpo estava completamente preso e aquecido. Abriu os olhos e sorriu ao perceber o que a impedia de se mover: os braços e pernas de Rodrigo a enlaçando como se temesse que ela fugisse a qualquer instante.Ficou um instante admirando o marido adormecido, pela primeira vez, sentindo que era de fato casada e apreciando a sensação.Nos últimos dois dias ele passou cada hora cuidando dela, velando seu sono e acompanhando-a em tudo que necessitasse. Seja lá o que havia acontecido no passado dele com a senhora Montenegro, isso acabou. Confiava nele, que sempre teria em quem se apoiar em momentos difíceis.Esticou a mão e acariciou o rosto dele, sentindo na palma a aspereza da barba por fazer. Faria o casamento dar certo porque Rodrigo merecia, ela merecia.Devagar, se desvencilhou do abraço, fazendo o possível para não acorda-lo e saiu da cama. Ainda sentia as pern
Aprisionando-a contra as cobertas e com o peso de suas coxas, Rodrigo a beijava sôfrego, as mãos deslizando ansiosas pelo corpo de Sara.Desceu os beijos para o pescoço feminino, o olfato sendo capturado pelo perfume de rosas, elevando a excitação que controlava a dias. Desde que voltou a compartilhar o leito com a esposa essa sensação prazerosa, porém torturante, se tornara frequente.Cada dia a desejava ainda mais e sentia as pontas dos dedos, entre outras partes, formigarem na expectativa de toca-la com maior intimidade. Era como ter sede no meio do deserto, encontrar um oásis e não poder sorver o líquido que colocaria fim a sua agonia.Afundou o rosto na clavícula dela, o corpo tremendo de desejo, se rebelando contra o aviso que sua mente insistia em lhe dar: Tinha que se afastar, com urgência.Embora melhor que no dia anterior, Sara ainda estava debilitada.Em meio a sua guerra interior, Sara envolveu os braços por sua cintura, deslizando devagar a mão pelas costas nuas, enquanto
No fim da tarde do dia seguinte, Laura, Júlio e os gêmeos apareceram para uma visita. O casal alegrou-se com a melhora de Sara, e pelo relacionamento dos amigos estar melhor em relação à última vez que se virão, mesmo após a notícia irresponsável da Famous.Era difícil ignorar como se olhavam apaixonados, cheios de sorrisos, as mãos sempre se procurando.Laura sugeriu ao marido que deixassem o casal a sós, mas Júlio, possuído pela bizarra vontade de atormentar o amigo, recusou.Depois do jantar, quando estavam na sala e as crianças brincavam no tapete, Sara falou de seu desejo de deixar o apartamento mais acolhedor. Ela exigiu que Rodrigo contratasse Laura para redecorar cada canto que, em sua opinião, faltava cor e personalidade. O que isso significava? Rodrigo não fazia ideia e, se tratando de sua geniosa esposa, preferiu não questionar, apenas concordou.Foi uma decisão acertada. Sara lhe deu um abraço empolgado e um beijo estralado na boca. Imaginou ser para, além de agradecer, co
Rodrigo tentava dormir, porém, sua mente tinha outros planos. Assim como nas noites anteriores, pensou no que aconteceria quando Sara se recuperasse por completo, tanto da gripe quanto da perda de memória.Da gripe, Sara parecia estar melhor desde a manhã seguinte, não teve febre, fez tudo sozinha e ainda reclamou por ele querer que aguardasse mais um dia antes de começar a trabalhar.Estava feliz com a melhora, mas, ao mesmo tempo, se preocupava. A pergunta que ocupava cada canto de seus pensamentos era: Ela procuraria Robson, o “eterno namorado”? E, dessa vez, lhe contaria se o fizesse?Não era tolo de acreditar nas boas intenções de Robson Gomes. Era óbvio que o outro queria mais que amizade, que desejava Sara de volta, estava explícito no bilhetinho abusado que deixou junto às rosas vermelhas.Mesmo sendo casado com Sara, Rodrigo não sentia ter vantagem contra o ex-namorado dela. Estavam juntos somente porque ela não teve escolha quando despertou do coma.Ela o desejava, mas isso
Depois de receber um tapa na cara, diversos chutes e quase cair da cama, assustado Rodrigo sentou na cama, piscando para afastar os últimos vestígios do sono.Ao seu lado, Sara se debatia e murmurava algo incompreensível. com cuidado, conteve os movimentos da esposa, chamando-a até desperta-la.Devagar, Sara abriu os olhos e, para espanto dele, começou a chorar.— Sara, o que foi? — perguntou, abraçando-a forte e acariciando seu cabelo.— Pesadelo... Preciso de água.Sem dizer uma palavra, Rodrigo colocou a calça e saiu apressado do quarto.Sentando na cama, Sara abraçou as pernas e escondeu o rosto chorando. O que tinha feito? O que era tão ruim que sua mente não lhe permitia lembrar?— Tome. — Ouviu a voz de Rodrigo comandar bem próxima.Ele sentou sobre a cama e a observou beber todo o líquido em um só gole.— Quer falar sobre o pesadelo? — perguntou após colocar o copo na mesinha de cabeceira e envolvê-la em um abraço.Aninhada contra o tórax dele, Sara contou os fragmentos de seu
Aplicando batom rosa, Sara terminava de se arrumar no banheiro para seu primeiro dia de trabalho. Já tinha prendido o cabelo em um rabo de cavalo baixo e optado por calça confortável, camiseta, jaqueta e nos pés sapatilhas, tudo na cor branca.Quando terminou de se vestir, pensou nas muitas vezes que admirou sua mãe aprontar-se, sempre sonhando com o momento em que se vestiria da mesma forma e exerceria o mesmo cargo.Infelizmente, o acidente apagou as lembranças do que estudou, mas, graças a Tatiana, teria a oportunidade de participar da rotina de um hospital. Seria excitante e, com sorte, ajudaria no retorno de sua memória, de forma que pudesse exercer seu cargo novamente. De qualquer forma, planejava voltar a estudar para garantir seu posto no futuro.Rodrigo entrou no banheiro e observou o encantador e atraente reflexo dela lhe sorrir.Aproximou-se, os braços fortes envolvendo a cintura da esposa, juntando seus corpos, o rosto recém-barbeado se aconchegando entre o pescoço e o omb
Ao passarem pela sala, imediatamente os olhos de Rodrigo caíram sobre a mesinha de centro, em que o vaso de rosas vermelhas reinava majestoso. Era impressionante que as rosas ficaram mais bonitas com o passar dos dias, ao invés de murcharem e morrerem, como Rodrigo desejou desde o primeiro dia.Deveria ter seguido seu primeiro impulso, pisoteado aquelas flores e saído para arrebentar a cara do “eterno namorado”. Mas seu lado racional, e normalmente mais ativo, aconselhou a não fazer nada e agora tinha de aturar aquele vaso bem no meio de sua sala de estar. A vontade sempre voltava, como naquele momento, mas se controlava pelo bem do seu relacionamento. Sara não gostaria que fizesse nenhuma das duas coisas.Saíram do apartamento e Rodrigo pegou a chave para trancá-lo, mas parou ao ver Marta sair do elevador.A empregada se aproximou com um sorriso gentil.— Bom dia, senhor e senhora Montenegro! Vão sair?Somente Sara respondeu ao cumprimento, informando que iriam para o trabalho, porém