- Eu só fiz uma brincadeira, cunhado! – Renan bateu no ombro dele, rindo.
Patrick depois de um tempo começou a rir também, parecendo entender que meu irmão estava brincando, tentando desta forma talvez se aproximar um pouco dele.
- Vou falar com a cozinheira que ficarão para o jantar. – Avisei, indo em direção à cozinha, sem me preocupar com a confirmação deles.
Eu e meu irmão conversamos sobre muitas coisas, mas nada muito pessoal, até porque não tivemos um minuto sequer sozinhos. Ouvimos as histórias dos vários países que eles haviam conhecido e Patrick confessou que tinha vontade de se aventurar naquilo futuramente. Minha sogra, por sua vez, deixou claro seu desejo igual ao do filho, me fazendo rir sozinha, certa de que ela não nos deixaria viajar enquanto casal, já que fazia questão de se intrometer na nossa vida o
- Sim... Estou... – Fingi que não havia sido atingida diretamente no coração e que a notícia sobre meu pai era a que menos me importava.POV PATRICKDuvidei que a conversa deles tivesse se resumido àquilo. E Clara era esperta a suficiente para não falar sobre Pedro na minha frente, já que sabia o quanto aquele assunto mexia comigo, mesmo que eu não falasse sobre.Mostrei-lhes as pranchas que eu estava produzindo e torci para que Renan e a esposa logo fossem embora. Eu não esperava pela visita deles. Imaginei que trocando o número de telefone seria o suficiente para tirá-los da vida de Clara. Mas uma vez que sabiam onde morávamos, poderiam vir a qualquer hora que quisessem.Para minha sorte logo que voltamos para a casa, eles foram embora, mesmo sob protesto de Clara para que ficassem mais tempo.Quando Renan e Talía se foram, percebi os ol
Eu estava no hospital com Patrick quando o médico deu a notícia de que ele havia quebrado a mão e precisava de cuidados, já que tinha também trincado um osso do braço.Aquele foi um mês horrível, já que tive que deixar meu trabalho por conta que Patrick não aceitava que ninguém além de mim o ajudasse. O pior foi ele não poder surfar, o que o deixava ainda mais irritado e mal humorado.No entanto naquela tarde ele foi comigo para a praia. Enquanto eu peguei minha prancha e entrei no mar, meu marido ficou com a sua na areia, junto de meus equipamentos, enquanto me observava.Eu não era uma surfista. Só usava a prancha para passar as ondas e poder sentar-me nela ao fundo, onde elas não mais existiam, a fim de contemplar o sol ou a lua, num lugar onde eu conseguia me conectar comigo mesma. Ao longe eu ouvi o revirar das águas e fechava os olhos quand
- Podemos fazer muitas coisas... – Ele alisou minha cintura.- Não gosto de sexo a ponto de viver disto. – Falei seriamente.- E se fosse com ele? – Patrick perguntou, parando de repente.- Do que você está falando?- Que eu gostaria de entrar nos seus pensamentos.- Eu... Tenho direito de pensar... Sem que você interfira nisto.- Naquela noite... Chorava por ele.- Não. – Menti.- Clara, para o seu próprio bem, recomendo que esqueça Pedro Moratti.Engoli em seco e o questionei, preocupada:- Pedro Moratti? Desde quando sabe o sobrenome dele?- Eu tenho dinheiro, Clara.- Você... Mandou alguém atrás dele? – Fiquei incrédula.- Não.- Mandou sim... Ou não saberia o sobrenome dele, já que nunca mencionei.- E se eu tivesse mandado alguém para saber sob
Deitei a cabeça no vidro, enquanto Patrick falava sem parar. E eu sequer conseguia prestar atenção nas palavras dele... Porque elas pouco me importavam. Tudo passava rápido pelos meus olhos... Eu via tudo e ao mesmo tempo nada. Exatamente como minha vida: tive tudo... E agora não tinha nada.Quando o carro parou, percebi que estávamos em frente a um Pronto Socorro. Patrick pegou-me nos braços e levou-me para dentro do lugar, deixando o carro com a chave na ignição, fazendo com que meus olhos só conseguissem focar no chaveiro que ficou a balançar enquanto segurava a chave, como se aquilo fosse a coisa mais importante do mundo. E mesmo vendo as pessoas de branco na minha direção, nos meus ouvidos ainda ecoava o som do carro ligado do lado de fora.Fui posta numa maca e levada para enfermaria. Recebi uma injeção e fechei os olhos, imaginando que fosse para alivia
Quatro anos depois ele dizia “eu te amo” pela primeira vez. E aquilo não me pareceu verdadeiro. Sim, cheguei a imaginar que um dia meu marido me surpreenderia com aquela frase. Mas jamais que seria junto de uma quase ameaça de morte.- Você está me assustando, Patrick. Diminua a porra da velocidade! – Gritei.Patrick me olhou de soslaio e riu, pouco se importando com meu nervosismo.Por sorte àquela hora a autoestrada estava praticamente vazia e o trânsito fluía sem problemas. Ainda assim eu sentia medo de Patrick bater em algum carro ou perder o controle do automóvel.- Você é a minha razão de viver, Clara. – Insistiu.- Se sou sua razão de viver... Me deixe viva, Patrick. – Implorei ao perceber que ele brincava com o volante, para me assustar, já que sabia de meus medos com relação à carro e direç&atild
Era a noite da virada do ano de 2004. Me vesti com dificuldade e não consegui me maquiar, só colocando um batom. Me recusava a pedir qualquer auxílio para Sophie. Nenhuma roupa combinava com aquele braço engessado.Assim que cheguei na sala, Sophie me olhou dos pés à cabeça:- Se arrumou demais para ficar em casa, Clara!Olhei para Patrick, sentado no sofá vestindo terno e gravata enquanto mexia no próprio celular. Não tive certeza se não ouviu o que mãe disse ou se fez de desentendido.- Mas... Achei que iríamos à festa do condomínio. – Fiquei confusa, certa de que minha sogra havia falado algo sobre o jantar de confraternização entre os moradores.- “Iríamos”? – ela gargalhou debochadamente – Clara, meu amor, você não tem condições de sair com este braço enges
Nem sei como cheguei à varanda, onde ele estava, como se tivesse sido teletransportada de tão rápido que me aconcheguei aos seus braços. Senti as lágrimas de felicidade escorrendo pelas minhas bochechas, depois de tanto tempo derramando-as por tristeza e decepções.- O que... Você está fazendo aqui? – Minha voz quase não saiu enquanto o apertava a ponto de machucá-lo.- Vim vê-la, Clara! Estava louco de saudades.Fechei meus olhos e deixei as lágrimas molharem sua camisa enquanto a cabeça descansava em seu peito.- O que houve com seu braço? – Renan perguntou, curioso.- Eu... Caí. – Me ouvi dizendo, com vergonha de contar a verdade.Renan alisou meus cabelos gentilmente e virei-me na direção de Talía... Percebendo que não era Talía.- Oi... – A jovem garota de cabelos
POV PedroO jantar havia sido somente em família. Brindamos à meia-noite e depois nos sentamos na sala para conversar. Inevitavelmente me vi falando sobre negócios com o senhor Moratti, o que acabava sempre acontecendo.Eu gostava dos pais de Flora. Eram tão agradáveis quanto ela. E me tratavam realmente como se eu fosse da família.Eu estava um pouco nervoso e assim que a conversa encerrou, antes que os anfitriões se retirassem cedo, como costumavam fazer, retirei a caixa das alianças do bolso e abri, surpreendendo a todos.- Eu... Gostaria de aproveitar esta noite... E este momento... Para pedir que seja minha esposa, Flora.Flora me encarou, sorrindo. Os olhos lacrimejaram e fiquei incerto se ela estava realmente feliz ou pensou que poderia ser outra pessoa com aquele par de alianças na sua direção, como Renan, por exemplo.- Eu aceito! – Ela disse de forma tranquila, limpando a lágrima que caiu por sua bochecha, vindo na minha direção e me dando um beijo.Os pais dela ficaram imen