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O que farei no seu quarto?

Ele saía de uma sala de reuniões acompanhado com alguns executivos. Na época ele estava com muletas, ainda posso ouvir o seu gemido de dor. 

Meus pensamentos me levam àquele dia:

O choque foi violento, ouço o baque de algo caindo no chão. Então vejo as muletas. Quando ergo meu rosto dou com um homem lindíssimo pálido se segurando na parede gemendo de dor. Seu pé está enfaixado. Fico totalmente sem reação olhando para ele. Reparo no seu relógio de ouro e nas roupas finas dele.

Que droga! Penso na hora que vejo o quanto esse gringo parece ser importante. 

—kahretsin! (Mas que merda!) Você quase me derruba no chão! —Ele diz abafado ainda se segurando na parede.

Ele é árabe? Penso o encarando sem saber o que fazer e confesso que mais baqueada pela beleza desse homem do que por qualquer outra coisa.

—Perdoe-me senhor, foi sem querer. Está doendo muito?

Ele ergue o rosto e eu prendo o ar quando dou com seus lindos e expressivos olhos negros que combinam muito com ele...

Um dos homens que o acompanha lhe entrega as muletas, ele as pega sem olhar para ele, seus olhos fixos nos meus. Se amparando nelas diz para todos se retirarem e nem por um minuto desvia seus olhos dos meus.

—Nos reunimos amanhã no mesmo horário—diz para eles ainda olhando para mim.

Os homens se afastam.

—Precisa de ajuda? —Um dos homens bem vestidos que o acompanha pergunta.

—Não. —Ele diz os olhos fixos em mim.

Eu engulo em seco. Por que ele me olha desse jeito?

 Não sei! Só sei que me sinto uma presa diante de uma fera. 

Eles se afastam imediatamente me deixando em frente ao cara mais atraente que eu já vi na vida. Ele me avalia com seu olhar negro, intenso. Há nele uma firmeza perturbadora, uma segurança que me deixa pouco à vontade com ele. Meus nervos estão à flor da pele.

—Pelas suas roupas você trabalha aqui?

Eu aliso meu uniforme.

—Sim, na recepção.

—Não te vi na recepção.

—Eu faltei alguns dias.

Ele avalia meu rosto.

—Entendo.

—Bem, então perdoe-me e bom dia para o senhor. 

Eu me afasto um pouco dele e dou com Henry, o carregador de malas, vindo em minha direção. Ele pega o meu braço e me leva para um canto.

 — Laura está como louca perguntando por você. Onde diabos você se meteu? Se já não bastasse que você faltou três dias seguido. Fora sua falta quando seu irmão morreu. O que está querendo? Perder o emprego?

—Diga a Laura que ela estava me auxiliando. —O homem diz surgindo ao meu lado.

Henry me larga imediatamente e se afastando de mim o encara sem graça, então ele apruma mais seus ombros e se inclina.

—Ah, perdoe-me senhor. Eu não sabia. Sendo assim, depois você leva as coisas para ela.

Eu aceno com a cabeça e quando Henry se afasta, eu o encaro o lindo desconhecido:

—Obrigada. —Digo e sentindo uma certa fraqueza e me seguro às cegas na parede. 

—Você não me parece bem. Acompanhe-me, acho que precisa de uma bebida.

Eu engulo em seco.

— Como?

—Vem comigo! —Ele diz autoritário.

—Aonde?

—No meu quarto.

—No seu quarto? —Eu ofego.

—Sim, é o mínimo que pode fazer depois de ter me atropelado.

—O que farei no seu quarto?

Seus olhos ardem nos meus. Percebo sua testa com uma leve camada de suor.

— Ajuda. Você entenderá quando chegarmos lá.

Eu pisco aturdida. Minha mente de repente entorpece com apreensão. Enfeitiçada por seus olhos negros, sinto como se estivesse à beira de um precipício, desligada da realidade. Por um momento esqueço as mágoas, a tristeza que carrego pela morte do meu irmão. Até me pessimismo quanto aos homens que agora estão atrás de mim me cobrando o que ele deve.

Extraordinário essa reação que esse homem me provoca...

—E então? —Ele questiona ante minha mudez.

—Tudo bem.

—Ótimo. Então vamos.

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