Poucas horas após a decisão fatídica, Anna chegou à casa de campo, descendo do carro com passos firmes e decididos. Sua expressão era um retrato de controle absoluto, mas por dentro, uma tempestade de fúria rugia contra a interferência indesejada de Sarah.Ao abrir a porta, encontrou Olívia à sua espera, nervosa e inquieta.— Obrigada por tudo, querida. Agora vou cuidar disso sozinha, — disse Anna, sua voz suave como uma lâmina afiada. — Você já fez o suficiente.Olívia hesitou, um misto de preocupação e alívio cruzando seu rosto antes de obedecer e sair rapidamente, aliviada por não estar mais envolvida em um drama que a deixava à beira do colapso.Anna subiu as escadas lentamente, os ecos dos seus saltos ressoando pelo corredor vazio como um prenúncio do que estava por vir. Ao abrir a porta do quarto, encontrou Sarah sentada na cama, os olhos fixos nela, como se esperasse um confronto inevitável.— Finalmente decidiu aparecer, — Sarah disse, sua voz carregada de frustração e desespe
Anna estacionou o carro em um local isolado, desligando o motor com um clique suave que ecoou na quietude da noite. Olhou pelo retrovisor para o bebê que dormia, envolto em um cobertor, e ajustou os pensamentos. Uma sombra de hesitação cruzou seu rosto, mas logo foi substituída por uma determinação fria e calculada.— O passado precisa ser apagado... completamente, — sussurrou para si mesma, a voz tremendo levemente enquanto pegava o galão de gasolina do porta-malas. O peso do que estava prestes a fazer pressionava seu peito como uma pedra.Com passos firmes e decididos, Anna retornou à casa de campo, cada passo um lembrete sombrio de que não poderia haver erros. A escuridão parecia se fechar ao seu redor, como se o próprio ambiente estivesse conspirando para intensificar sua ansiedade.— Desculpe, irmãzinha... — murmurou, a voz falhando por um instante, revelando uma fraqueza que ela rapidamente reprimiu. — Mas você não me deixou escolha.O plano estava claro em sua mente. Se Sarah d
O calor abrasador e o cheiro acre da fumaça despertaram Sarah em um pesadelo. Seus olhos se abriram lentamente, lutando contra a confusão que a envolvia como uma neblina opressiva. A cabeça latejava, e cada movimento enviava ondas de dor por todo o corpo, como se mil agulhas a atravessassem.— Fogo... — balbuciou, a realidade se desdobrando em horror à sua volta. — A casa está pegando fogo!A fumaça invadia seus pulmões, tornando a respiração difícil, quase impossível. O som das chamas crescendo ressoava ao seu redor, como uma sentença de morte ecoando em sua mente. O pânico começou a se instalar, e ela sabia que precisava agir rapidamente.— Preciso... sair daqui! — Sarah gritou, tentando se levantar, mas a fraqueza a mantinha presa ao chão, como se o próprio peso do desespero a segurasse.Seu coração disparou ao lembrar-se do bebê. Instintivamente, apertou a barriga com as mãos, sentindo um leve movimento.— Anna... ela levou meu bebê? Ou foi um sonho, uma alucinação?A confusão a
Anna segurava o bebê de Sarah em seus braços com um único objetivo: usá-lo como peça-chave em sua chantagem contra Thomas Lewantys e arrancar o máximo de dinheiro possível. O choro insistente da criança a irritava profundamente.— Bastardinho chorão... — murmurou, embalando-o com impaciência. — Se não fosse tão útil, você teria o mesmo destino da sua mãe.Embora já tivesse recebido uma compensação generosa no passado — fruto da confusão durante a cerimônia no cartório, onde Thomas acreditou estar se casando com Anna, mas, na verdade, era Sarah — Anna nunca se deu por satisfeita. Thomas foi claro naquela época: ele não queria vê-la novamente.Porém, tudo mudou quando Sarah reapareceu grávida. Para Anna, aquilo foi como ganhar na loteria. A irmã não só tinha voltado, como trazia consigo a prova de que o bebê era de Thomas. Agora, com Sarah fora de cena, Anna tinha em mãos a chance perfeita para consolidar seu plano.— Claro que vou "ajudar" minha irmãzinha... — sussurrou com sarcasmo.
Thomas entrou no hospital com passos rápidos e decididos, ainda processando os eventos recentes. Tudo o que ele queria era esclarecer suas dúvidas sobre o bebê entregue por Anna e realizar os exames de DNA o mais rápido possível. O peso das revelações pressionava seus ombros como uma carga quase insuportável.Ele seguiu direto para a sala de Arthur, esperando encurtar o processo com a ajuda do amigo. Ao abrir a porta, um som suave de choro preencheu a sala, o que o fez parar no mesmo instante.No centro da mesa, cuidadosamente envolta em trapos simples e gastos, estava um bebê recém-nascido. O coração de Thomas acelerou. Ele franziu o cenho e aproximou-se com passos cautelosos.— O que...? — murmurou, confuso.Sem saber o que esperar, Thomas pegou a criança nos braços com delicadeza. O choro cessou quase imediatamente, substituído por um pequeno suspiro, como se o bebê reconhecesse o conforto daquele toque.Ele a segurou mais tempo do que pretendia, sentindo algo diferente — uma mistu
A sala de exames estava silenciosa, exceto pelo som suave dos monitores da UTI neonatal. A luz tênue projetada no ambiente servia para acalmar os pequenos pacientes e seus cuidadores, lançando um brilho suave sobre os rostos cansados.Thomas permanecia imóvel ao lado da incubadora, observando a menina adormecida com uma expressão de profunda contemplação. Pequena, frágil e indefesa, mas incrivelmente forte por ter sobrevivido às adversidades até ali.Arthur voltou acompanhado por uma equipe de enfermeiros, carregando o bebê entregue por Anna. O choro do menino ecoou pela sala, um som agudo e cheio de vida. Ele se contorcia, com o rostinho avermelhado pela agitação. Com cuidado, foi colocado na incubadora ao lado da menina. Já tinham colhido o material genético de Thomas e do bebê para o teste de DNA.— Precisamos estabilizá-los. Ambos passaram por um parto estressante e, pelo peso, precisam de cuidados intensivos, — explicou Arthur enquanto a equipe ajustava os monitores e regulava o
Cinco anos se passaram desde a noite que mudou para sempre a vida de Sarah. A fuga desesperada da casa de campo em chamas e os eventos que se seguiram deixaram cicatrizes invisíveis, marcas profundas que ela carregava com resiliência. O passado não foi apagado, mas transformado em força e determinação.Nos Estados Unidos, Sarah encontrou uma nova versão de si mesma. Completou seus estudos em medicina com excelência, destacando-se em especializações que a tornaram única. Acupuntura, fitoterapia, terapias integrativas — cada prática que dominava era como uma peça de um mosaico que combinava precisão científica com intuição quase artística.Reconhecida em congressos internacionais, recebeu convites para atuar em hospitais renomados. Contudo, jamais esqueceu sua missão principal: voltar mais forte, enfrentar seu passado e reencontrar sua filha.Ao desembarcar discretamente em seu país natal, Sarah usava um vestido sóbrio e elegante, seu andar firme e decidido. Carregava um brilho no olhar
Sarah entrou correndo na sala, atraída pelo tom intenso das vozes de seus pais. Ambos estavam sentados, imersos em uma discussão acalorada. Algo nas expressões frias e calculadas de seus rostos a fez parar no meio do caminho.— Filha, venha aqui — disse seu pai. A voz fria, como de costume, agora carregava uma gravidade incomum.Sarah se aproximou, hesitante. Antes que pudesse perguntar, ele disparou:— Hoje é um dia decisivo para nossa família. Você vai comparecer no lugar de sua irmã na cerimônia de casamento dela.Os olhos de Sarah se arregalaram, incrédulos.— O quê? — exclamou. — Isso não é possível! É o casamento da Anna! Ela precisa estar lá, não eu.Seu pai cruzou os braços e franziu o cenho.— Anna desapareceu. Resolveu nos abandonar no pior momento. Este casamento é um acordo comercial firmado há anos, e não podemos arcar com os custos da quebra do contrato.Sarah balançou a cabeça, tentando processar a situação.— Papai, isso não faz sentido! Vocês podem conversar com o noi