Anna segurava o bebê de Sarah em seus braços com um único objetivo: usá-lo como peça-chave em sua chantagem contra Thomas Lewantys e arrancar o máximo de dinheiro possível. O choro insistente da criança a irritava profundamente.— Bastardinho chorão... — murmurou, embalando-o com impaciência. — Se não fosse tão útil, você teria o mesmo destino da sua mãe.Embora já tivesse recebido uma compensação generosa no passado — fruto da confusão durante a cerimônia no cartório, onde Thomas acreditou estar se casando com Anna, mas, na verdade, era Sarah — Anna nunca se deu por satisfeita. Thomas foi claro naquela época: ele não queria vê-la novamente.Porém, tudo mudou quando Sarah reapareceu grávida. Para Anna, aquilo foi como ganhar na loteria. A irmã não só tinha voltado, como trazia consigo a prova de que o bebê era de Thomas. Agora, com Sarah fora de cena, Anna tinha em mãos a chance perfeita para consolidar seu plano.— Claro que vou "ajudar" minha irmãzinha... — sussurrou com sarcasmo.
Thomas entrou no hospital com passos rápidos e decididos, ainda processando os eventos recentes. Tudo o que ele queria era esclarecer suas dúvidas sobre o bebê entregue por Anna e realizar os exames de DNA o mais rápido possível. O peso das revelações pressionava seus ombros como uma carga quase insuportável.Ele seguiu direto para a sala de Arthur, esperando encurtar o processo com a ajuda do amigo. Ao abrir a porta, um som suave de choro preencheu a sala, o que o fez parar no mesmo instante.No centro da mesa, cuidadosamente envolta em trapos simples e gastos, estava um bebê recém-nascido. O coração de Thomas acelerou. Ele franziu o cenho e aproximou-se com passos cautelosos.— O que...? — murmurou, confuso.Sem saber o que esperar, Thomas pegou a criança nos braços com delicadeza. O choro cessou quase imediatamente, substituído por um pequeno suspiro, como se o bebê reconhecesse o conforto daquele toque.Ele a segurou mais tempo do que pretendia, sentindo algo diferente — uma mistu
A sala de exames estava silenciosa, exceto pelo som suave dos monitores da UTI neonatal. A luz tênue projetada no ambiente servia para acalmar os pequenos pacientes e seus cuidadores, lançando um brilho suave sobre os rostos cansados.Thomas permanecia imóvel ao lado da incubadora, observando a menina adormecida com uma expressão de profunda contemplação. Pequena, frágil e indefesa, mas incrivelmente forte por ter sobrevivido às adversidades até ali.Arthur voltou acompanhado por uma equipe de enfermeiros, carregando o bebê entregue por Anna. O choro do menino ecoou pela sala, um som agudo e cheio de vida. Ele se contorcia, com o rostinho avermelhado pela agitação. Com cuidado, foi colocado na incubadora ao lado da menina. Já tinham colhido o material genético de Thomas e do bebê para o teste de DNA.— Precisamos estabilizá-los. Ambos passaram por um parto estressante e, pelo peso, precisam de cuidados intensivos, — explicou Arthur enquanto a equipe ajustava os monitores e regulava o
Cinco anos se passaram desde a noite que mudou para sempre a vida de Sarah. A fuga desesperada da casa de campo em chamas e os eventos que se seguiram deixaram cicatrizes invisíveis, marcas profundas que ela carregava com resiliência. O passado não foi apagado, mas transformado em força e determinação.Nos Estados Unidos, Sarah encontrou uma nova versão de si mesma. Completou seus estudos em medicina com excelência, destacando-se em especializações que a tornaram única. Acupuntura, fitoterapia, terapias integrativas — cada prática que dominava era como uma peça de um mosaico que combinava precisão científica com intuição quase artística.Reconhecida em congressos internacionais, recebeu convites para atuar em hospitais renomados. Contudo, jamais esqueceu sua missão principal: voltar mais forte, enfrentar seu passado e reencontrar sua filha.Ao desembarcar discretamente em seu país natal, Sarah usava um vestido sóbrio e elegante, seu andar firme e decidido. Carregava um brilho no olhar
Na manhã seguinte, Sarah entrou no hospital como uma tempestade silenciosa, sua presença imediatamente sentida por todos ao redor. O ambiente, normalmente agitado e repleto de murmúrios, parecia parar por um momento, como se o próprio ar estivesse preso em antecipação.Ela vestia um tailleur elegante que acentuava suas curvas de maneira sutil, mas poderosa. Seus cabelos ruivos volumosos caíam em ondas suaves sobre os ombros, refletindo a luz fluorescente do hospital e atraindo olhares curiosos. Os olhos verdes de Sarah, intensos como um âmbar iluminado, capturavam a atenção de todos, revelando uma profundidade que falava de experiências passadas e uma determinação inabalável.Ao caminhar pelos corredores, seus passos eram firmes e decididos, ecoando como um mantra de força. Cada movimento era carregado de propósito; ela não estava ali apenas para trabalhar, mas para reivindicar seu lugar em um mundo que havia tentado lhe tirar tudo.Quando entrou na sala de reuniões, o burburinho cess
Enquanto Sarah se ambientava ao novo cargo no hospital, um drama silencioso e devastador tomava forma na ala pediátrica. Adrian Lewantys, o filho de cinco anos de Thomas, lutava pela vida contra uma rara e grave doença que comprometia sua medula óssea.Os médicos foram claros: o tempo estava se esgotando. Após inúmeras rodadas de tratamentos paliativos e exames exaustivos, ficou evidente que apenas um transplante poderia salvar a vida de Adrian. O problema era que nenhum dos familiares testados até então era compatível.Thomas passava cada momento livre ao lado do filho, incapaz de disfarçar o peso esmagador da impotência. Ele via em Adrian uma versão em miniatura de si mesmo: os mesmos olhos cinzentos, os cabelos escuros e a expressão determinada. Mas agora, aquela semelhança era um lembrete cruel da fragilidade da vida.Ao lado de Adrian, sempre estava Aurora, sua irmã adotiva. Seus cabelos ruivos brilhavam sob a luz tênue do quarto, e seus olhos verdes refletiam uma inocência mistu
Do outro lado do hospital, Sarah se dedicava a conhecer os casos pediátricos mais críticos. O ambiente era um turbilhão de emoções e desafios, e ela se sentia em casa entre relatórios e exames. Mas, em meio a essa rotina frenética, um caso específico chamou sua atenção: o de Adrian. Havia algo inexplicável que a atraía para aquela criança, uma conexão que parecia transcender a lógica. — Quem é responsável por esse paciente? — perguntou a uma colega durante o almoço, tentando esconder a ansiedade que escapava em seu tom de voz. — Dr. Thomas Lewantys, — respondeu a médica com um olhar sério. — É o filho dele. Um caso muito delicado. O nome fez o coração de Sarah acelerar como um tambor ensurdecedor. Seu rosto permaneceu impassível, mas por dentro, tudo parecia desmoronar. O peso da revelação a atingiu como uma onda avassaladora. — Filho dele... — murmurou para si mesma, tentando processar a informação que girava em sua mente como um furacão. Enquanto caminhava pelos corredores,
Os cinco anos que se seguiram ao nascimento de Adrian e Aurora foram marcados por transformações profundas na vida de Thomas. Apesar de seu "casamento" com Anna nunca ter sido real, ele permitiu que ela permanecesse na mansão após o nascimento de Adrian. Para Thomas, a justificativa era prática: garantir estabilidade emocional para as crianças, especialmente Adrian, que enfrentava desafios de saúde desde o início.Anna, no entanto, enxergava essa situação de forma diferente. O luxo da mansão Lewantys, os eventos sofisticados e o prestígio do sobrenome eram motivos suficientes para satisfazer sua ambição inicial. Mas seus sonhos iam além; Anna desejava um cargo de destaque no hospital da família, uma posição que lhe daria controle e poder reais.Apesar de ter concluído a faculdade de medicina, seu histórico acadêmico era apenas mediano, e sua prática clínica deixava a desejar. Mesmo assim, Anna não hesitava em pressionar Thomas a cada oportunidade.— Você sabe que eu posso contribuir.