Enquanto Sarah se ambientava ao novo cargo no hospital, um drama silencioso e devastador tomava forma na ala pediátrica. Adrian Lewantys, o filho de cinco anos de Thomas, lutava pela vida contra uma rara e grave doença que comprometia sua medula óssea.Os médicos foram claros: o tempo estava se esgotando. Após inúmeras rodadas de tratamentos paliativos e exames exaustivos, ficou evidente que apenas um transplante poderia salvar a vida de Adrian. O problema era que nenhum dos familiares testados até então era compatível.Thomas passava cada momento livre ao lado do filho, incapaz de disfarçar o peso esmagador da impotência. Ele via em Adrian uma versão em miniatura de si mesmo: os mesmos olhos cinzentos, os cabelos escuros e a expressão determinada. Mas agora, aquela semelhança era um lembrete cruel da fragilidade da vida.Ao lado de Adrian, sempre estava Aurora, sua irmã adotiva. Seus cabelos ruivos brilhavam sob a luz tênue do quarto, e seus olhos verdes refletiam uma inocência mistu
Do outro lado do hospital, Sarah se dedicava a conhecer os casos pediátricos mais críticos. O ambiente era um turbilhão de emoções e desafios, e ela se sentia em casa entre relatórios e exames. Mas, em meio a essa rotina frenética, um caso específico chamou sua atenção: o de Adrian. Havia algo inexplicável que a atraía para aquela criança, uma conexão que parecia transcender a lógica. — Quem é responsável por esse paciente? — perguntou a uma colega durante o almoço, tentando esconder a ansiedade que escapava em seu tom de voz. — Dr. Thomas Lewantys, — respondeu a médica com um olhar sério. — É o filho dele. Um caso muito delicado. O nome fez o coração de Sarah acelerar como um tambor ensurdecedor. Seu rosto permaneceu impassível, mas por dentro, tudo parecia desmoronar. O peso da revelação a atingiu como uma onda avassaladora. — Filho dele... — murmurou para si mesma, tentando processar a informação que girava em sua mente como um furacão. Enquanto caminhava pelos corredores,
Os cinco anos que se seguiram ao nascimento de Adrian e Aurora foram marcados por transformações profundas na vida de Thomas. Apesar de seu "casamento" com Anna nunca ter sido real, ele permitiu que ela permanecesse na mansão após o nascimento de Adrian. Para Thomas, a justificativa era prática: garantir estabilidade emocional para as crianças, especialmente Adrian, que enfrentava desafios de saúde desde o início.Anna, no entanto, enxergava essa situação de forma diferente. O luxo da mansão Lewantys, os eventos sofisticados e o prestígio do sobrenome eram motivos suficientes para satisfazer sua ambição inicial. Mas seus sonhos iam além; Anna desejava um cargo de destaque no hospital da família, uma posição que lhe daria controle e poder reais.Apesar de ter concluído a faculdade de medicina, seu histórico acadêmico era apenas mediano, e sua prática clínica deixava a desejar. Mesmo assim, Anna não hesitava em pressionar Thomas a cada oportunidade.— Você sabe que eu posso contribuir.
Quando Adrian completou quatro anos, os primeiros sintomas de sua doença rara começaram a se manifestar de forma alarmante: cansaço extremo, febres recorrentes e hematomas inexplicáveis surgiam em seu corpo frágil. A bateria de exames médicos confirmou o que todos temiam: Adrian precisava de um transplante de medula óssea para sobreviver.Thomas, tomado pela urgência da situação, reuniu familiares e seguiu todos os protocolos médicos necessários, mas a busca por um doador compatível revelou-se frustrante. Nenhum parente próximo era adequado, e Aurora, por ser adotiva, foi descartada desde o início. A pressão sobre ele aumentava a cada dia que passava; a vida do filho estava em jogo.Em um momento de desespero, os médicos sugeriram uma medida extrema:— A concepção de um filho geneticamente compatível pode ser a solução, Dr. Lewantys.As palavras pairaram no ar como uma sombra ameaçadora. Thomas sabia exatamente o que isso significava. Respirou fundo, sentindo o peso da responsabilidad
Sarah estava organizando os materiais em seu consultório quando a porta se abriu com um som firme. Surpresa, ela ergueu os olhos e encontrou Thomas Lewantys parado na entrada. Sua presença imponente estava diferente — os ombros antes eretos estavam curvados sob o peso de uma dor invisível, e seus olhos, sempre tão frios e calculistas, agora mostravam um desespero que a fez hesitar por um instante.— Dra. Campbell — ele começou, com uma formalidade que não escondia a vulnerabilidade em sua voz — Eu preciso da sua ajuda.Sarah endireitou-se, recuperando sua postura profissional.— Claro, Dr. Lewantys. Em que posso ajudar?Thomas hesitou, como se as palavras fossem difíceis de pronunciar.— Adrian... meu filho — ele disse, e sua voz falhou por um breve momento. Ele respirou fundo, lutando para manter a compostura. — A doença está avançando. Os médicos disseram que... o transplante de medula óssea é a única solução.Sarah franziu a testa, sentindo o peso daquela revelação.— Já testaram t
Adrian estava sentado em uma cadeira confortável na sala de terapias, brincando com os dedos enquanto Sarah ajustava cuidadosamente as agulhas de acupuntura. O menino demonstrava uma coragem admirável para alguém tão jovem. Desde que começaram as sessões, seu semblante havia mudado. O brilho em seus olhos e o sorriso tímido que surgia com mais frequência eram sinais de que ele estava respondendo bem ao tratamento.— Você é um bom menino e também é muito corajoso, sabia disso? — disse Sarah com um sorriso suave.Adrian segurou seu brinquedo favorito com carinho e respondeu:— Quando eu ficar melhor, eu vou brincar muito. Vou poder correr pelo jardim e brincar com Aurora.A inocência em sua voz fez o coração de Sarah apertar.Ela o observou por um instante, sentindo um afeto profundo crescer. Era impossível não se apegar ao garoto. Ele tinha o rosto sério e os olhos cinzas de Thomas, mas sua vulnerabilidade e doçura o tornavam único.— “Será que Anna é mesmo sua mãe?” — Sarah pensou, en
Quando Thomas sugeriu que Sarah continuasse o tratamento de Adrian em casa, ela aceitou sem hesitar. Não apenas porque seria mais confortável para o menino, mas também porque lhe daria a oportunidade de estar mais próxima de Aurora e formar um vínculo com a menina. No entanto, ao chegar ao endereço fornecido, Sarah sentiu o chão desaparecer sob seus pés.Era a mesma casa... A mansão para onde Thomas a levara após o casamento, o lugar onde seu mundo desmoronou...O carro parou lentamente na entrada da propriedade. A fachada majestosa era exatamente como Sarah se lembrava. O jardim impecavelmente cuidado, as árvores perfeitamente alinhadas ao longo do caminho, a porta imponente. Tudo estava intocado, como se os últimos cinco anos não tivessem passado.— Está tudo bem? — perguntou Thomas, enquanto abria a porta do carro para ela. Sua voz carregava um tom de preocupação genuína.Sarah forçou um sorriso e assentiu.— Sim... É só que... Sua casa é impressionante.Thomas a observou por um in
Nos dias que se seguiram, a rotina na mansão tornou-se um delicado equilíbrio entre tratamentos, momentos em família e emoções não ditas. Thomas, percebendo a relutância de Sarah em se envolver emocionalmente, começou a encontrar maneiras sutis de aproximá-la não apenas de Adrian, mas também de Aurora.Numa manhã ensolarada, enquanto Adrian terminava seu café da manhã, Thomas sugeriu algo inesperado:— Que tal levarmos as crianças à escola juntos hoje? — perguntou ele a Sarah, com um sorriso quase tímido.Sarah hesitou por um instante. Ela sabia que isso significava mais tempo ao lado de Aurora ― uma oportunidade preciosa.— Claro, — respondeu, tentando soar indiferente.Aurora apareceu na sala de estar com a mochila pendurada em um dos ombros.— Você vai com a gente hoje, doutora Sarah? — perguntou ela, com os olhos verdes brilhando de expectativa.— Sim, — respondeu Sarah com um sorriso caloroso. — Mas pode me chamar só de Sarah.Aurora sorriu com timidez, e Thomas observou a intera